No Viva com Saúde de hoje vamos falar sobre o Maio Furta-cor.

Maio Furta-cor é uma campanha que visa sensibilizar a população para a causa da saúde mental materna. Questionar os papéis, as crenças e os mitos que estruturam nossa visão sobre a maternidade possibilitam a construção de paradigmas e uma nova e potente cultura de saúde mental, não apenas para as mães, mas para a sociedade como um todo. Campanhas de grande alcance são capazes de gerar conscientização em larga escala, fomentar debates, e assim, mudar culturas.

Precisamos de um mês dedicado à esta causa, pois há um forte estigma social em torno de temas ligados à saúde mental e quando ele se estende ao campo materno esse estigma é ainda mais reforçado. No entanto assistimos a um alarmante crescimento dos casos de depressão, ansiedade e, infelizmente, suicídio entre as mães. Pouca ou nenhuma atenção tem sido dada aos fatores que vêm contribuindo ao sofrimento mental das mulheres face às crescentes demandas da maternidade, o que as leva a vivenciar esse papel imersas num elevado nível de exigência, sentimentos de autoreprovação, insuficiência e culpa. O modo como se legitima visões distorcidas sobre esse papel reforça a crença em um modo único e soberano de exercer a maternidade e isso impacta na saúde mental materna, gerando dor e sofrimento.

O Brasil apresenta taxas que variam em até 30% de depressão no período pós-parto. Estudos mundiais estimam que 3,7 mulheres se suicidam no pós-parto a cada 100.000 nascidos vivos. O período perinatal pode agravar condições prévias de saúde mental, como ansiedade, transtorno bipolar e entre outros, sendo uma importante janela para discussões sobre prevenção e promoção à saúde mental.

Furta-cor é a cor da maternidade, cuja tonalidade se altera conforme a luz que recebe. Maternidade tem cores: preta, branca, amarela e indígena. As cores da maternidade não se anulam, não são iguais nem formam uma cor só. Suas cores são suas diferenças, na igualdade do direito de ser mãe. Maternidade precisa de luz, apoio e cuidado. Olhar engajado de todos para existir. Sem manuais, sem regulamentos. Levantar a bandeira de uma maternidade furta-cor, livre de tabus e silenciamentos é promover saúde mental.