Em 2025, a Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos (NASA) enviará uma missão tripulada para a superfície da Lua; alguns anos depois, a agência espacial planeja realizar o lançamento de uma nave com astronautas para Marte.

Contudo, antes dessas tarefas tão complicadas, os especialistas a bordo da nave serão treinados exaustivamente para evitar a ocorrência de qualquer problema em um ambiente espacial.

De acordo com diversos especialistas da área, um dos maiores desafios da humanidade para viagens espaciais é a saúde dos astronautas a longo prazo. Após realizarem estudos em diversos astronautas que participaram de missões na Estação Espacial Internacional (ISS), cientistas descobriram que a saúde desses indivíduos foi afetada consideravelmente.

Por exemplo, alguns apresentaram perda de massa óssea por conta do ambiente de microgravidade no espaço e retornaram com osteoporose; há também problemas envolvendo atrofia muscular, visão alterada, entre outros. Ou seja, missões espaciais a longo prazo, como a viagem para Marte, podem ser muito mais complexas do que os filmes de ficção científica apresentam.

Não é à toa que a NASA e outras agências espaciais já criaram protocolos para caso ocorra alguma morte no espaço. Isso inclui mortes na ISS ou durante viagens mais longas, como para Marte ou à superfície da Lua.

Para explicar um pouco mais sobre o que acontece se uma pessoa morre no espaço, o TecMundo reuniu informações de cientistas, especialistas da área e agências espaciais.

Morte no espaço
Como citado, o ambiente espacial é hostil e pode causar diferentes danos ao corpo humano, por isso, cientistas estão estudando maneiras de driblar esses problemas e projetar um futuro mais seguro aos astronautas e turistas. De qualquer forma, não seria possível escapar de adversidades de saúde inerentes a uma pessoa, ou até mesmo de acidentes espaciais não programados.

“A equipe recebeu a tarefa de facilitar conversas difíceis para identificar ações necessárias para a agência considerar no que diz respeito à proteção da tripulação, aspectos médico-legais, proteção planetária, forense e o manejo dos restos da tripulação. O grupo teve discussões robustas sobre os itens ou processos que ajudariam a facilitar ou orientar agências e países no caso de um tripulante falecer durante uma visita ao espaço ou durante uma missão”, a NASA explica em um comunicado de 2023 sobre os padrões de voo espacial.

Apesar de todas as dificuldades no espaço, é incrível que apenas 20 pessoas morreram desde que a exploração espacial começou. Contudo, além de astronautas e viagens mais recorrentes, agora também há o setor de turismo espacial. Ou seja, a possibilidade de alguém morrer no espaço vem aumentando consideravelmente nos últimos anos.

No espaço, não há nenhum equipamento adequado para a cremação do corpo, e enterrá-lo também não seria uma boa ideia, pois poderia afetar a superfície da região. Por exemplo, se um corpo fosse enterrado em Marte, isso poderia contaminar o solo e facilitar o surgimento de bactérias e outros organismos liberados pelo corpo humano após a morte.

O que aconteceria?
Em um artigo do site The Conversation, o professor de medicina espacial e medicina de emergência da Baylor College of Medicine, Emmanuel Urquieta, disse que as agências possuem planos para as diferentes mortes que podem acontecer no espaço.

Por exemplo, na circunstância de um tripulante morrer na Estação Espacial Internacional ou em alguma outra missão na órbita baixa da Terra, o objetivo dos astronautas restantes é retornar para a Terra com o corpo apenas poucas horas após o falecimento.

Se a morte ocorrer na superfície da Lua, por exemplo, durante a missão programada para 2025, os tripulantes retornariam com o corpo à Terra em alguns dias. Além de assegurar que o corpo seja enviado ao planeta ainda preservado, a NASA planeja garantir que a decomposição do corpo não afetará a saúde dos astronautas que restaram.

No cenário de uma morte ocorrer em Marte, os astronautas precisariam retornar à Terra no final da missão, alguns anos depois do lançamento do foguete. Neste caso, os tripulantes deverão acomodar o corpo em um recipiente que o preservará até o retorno, como em um saco especial ou em uma câmara — talvez seja necessário colocar o corpo do lado de fora da nave, onde a temperatura pode preservá-lo.

Em relação ao tipo de morte, os tripulantes espaciais podem sofrer com causas naturais ou problemas relacionados ao espaço em si. Se um traje especial rasgar, o astronauta morreria devido à perda de pressão, à baixa temperatura e à falta de oxigênio. Um ambiente extremo como o espaço causaria asfixia, e a pressão criaria um tipo de efeito que ferveria o sangue da vítima. Os falecimentos também podem ser causados por exposição à radiação e elementos tóxicos.

É importante destacar que uma morte no espaço não representa apenas um problema para a tripulação restante, mas a agência espacial também deve lidar com o emocional dos astronautas a bordo, com questões legais e com as famílias que perderam seus entes queridos. Mas o fato é que com o aumento de viagens espaciais, a possibilidade de mortes no espaço também aumenta.

Fonte: TecMundo