Experimento para colonização de Marte

Oito pessoas são colocadas dentro de uma redoma de vidro e aço onde vários ecossistemas do planeta haviam sido recriados.

O objetivo seria ficar dois anos ali, sem acesso à humanidade, simulando a experiência do que seria uma colônia autossustentável fora da Terra. Um assunto que vale muito para os dias de hoje, quando se discute a colonização de Marte.

O espaço era de 1,27 hectare (mais ou menos um e meio campo de futebol), criado no meio do deserto, na pequena cidade de Oracle, a 50 minutos de Tucson, no Arizona (EUA).

Imagine um lugar com uma mini savana, uma mini floresta tropical e um mini oceano com centenas de recifes de corais. Isso sem contar as plantações de arroz, feijão, trigo, banana e até café! Ao todo, foram colocadas lá dentro 3.800 espécies de plantas e animais junto aos 4 homens e 4 mulheres.

O investimento foi muito pesado: algo em torno de US$ 200 milhões de dólares e o resultado foi… o pior possível.

O que deu errado?

Quase tudo.

Para começar, a ideia de ficarem presos por 2 anos caiu em duas semanas, quando uma das ocupantes, Jane Poynter, perdeu a ponta de um dos dedos durante a colheita de arroz. O médico do grupo até tentou fazer a cirurgia, mas disse que ela precisava de um procedimento mais complexo.

Saiu da redoma e voltou horas depois, com suprimentos que não faziam parte do estoque inicial, quebrando um dos objetivos do experimento…

Em poucos meses, plantações começaram a morrer e outras não eram tão produtivas. Todos os participantes perderam peso. Às vezes, para você ter uma ideia, o cardápio era apenas salada de beterraba, sopa de beterraba e beterraba pura.

Das 25 espécies de animais levadas, 19 foram extintas, entre elas os chamados polinizadores (beija-flores e abelhas), aumentando ainda mais os problemas agrícolas.

Entre os sobreviventes estavam pragas apenas. As baratas e as formigas tomaram conta da redoma. Elas invadiam as plantações, os quartos, enfim, quase todos os espaços!

Para piorar, em janeiro de 1993, faltando nove meses para o fim do experimento, os níveis de oxigênio caíram para cerca de 15 por cento (o equivalente a viver a 3.660 metros de altitude) e ninguém conseguia explicar o porquê. Só depois descobriram que a culpa foi de uma bactéria no solo que consumia o gás.

Com todas essas condições adversas, os participantes começaram a brigar entre si e acabaram aceitando mais ajuda externa, o que prejudicou ainda mais o projeto científico.

Que fim levou?

  • No final, a experiência durou os 2 anos, mas teve um resultado muito abaixo do esperado.
  • Em 1994, uma segunda expedição voltou ao interior da Biosfera 2, mas foi cancelada antes do fim da missão.
  • Uma curiosidade é que quem assumiu o comando dessa segunda missão foi o investidor Steve Bannon, naquela época um entusiasta da ciência.
  • Hoje, ele virou estrategista do ex-presidente americano Donald Trump, é um negacionista radical, além de ter sido condenado pela Justiça americana.
  • Apesar do fracasso inicial, a Biosfera 2 teve um final um pouco mais feliz que Bannon.
  • Em 2007, passou a fazer parte da Universidade do Arizona, após um período de crise quando quase foi demolida.
  • O espaço se tornou, atualmente, um laboratório de pesquisa, mas onde as pessoas somente trabalham e não moram.
  • Ao todo, 12 instituições mantém estudos na Biosfera 2.
  • A Johns Hopkins University, por exemplo, participa de um experimento de três anos para testar uma nova teoria sobre quanto tempo a água reside nas encostas.
  • Ah, sim! E o local se chamava Biosfera 2 porque a 1 seria o próprio planeta Terra…

Então tá bom…

 

Fonte IFL Science