Pinga, branquinha, cana e aguardente. Ela é chamada de diferentes formas por todo o país e se tornou oficialmente a bebida que carrega em seu DNA o Brasil. Sim, estamos falando da cachaça, o primeiro destilado da América Latina. Muito mais do que apenas uma simples bebida alcoólica, a cachaça se tornou um símbolo de resistência e um patrimônio nacional que se mantém popular até hoje, mesmo tendo anos de estrada. E por ser um destilado tão importante e rico em história, acabou ganhando um dia no calendário para lembrar que essa bebida teve que enfrentar diversos desafios para conseguir se manter até hoje.

O Dia Nacional da Cachaça foi criado em 2009 pelo Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC). A data escolhida para celebrar essa bebida foi o dia 13 de setembro, dia em que ocorreu a Revolta da Cachaça, no ano de 1661. A revolta surgiu por conta de diversos acontecimento que ocorreram durante esse período. Em 1630, a cachaça estava ganhando destaque no mercado e tomando o lugar da bagaceira, bebida produzida pelos portugueses feita com o bagaço de uva. Com isso, o rei de Portugal decidiu proibir o consumo e a produção da cachaça para incentivar o consumo da bagaceira.

Como não existia uma fiscalização efetiva, a cachaça continuou sendo produzida, até que em 1659 veio um novo decreto proibindo o comércio da bebida, só que dessa vez com ameaças de deportação e até destruição dos alambiques. Foi então que os produtores fluminenses fizeram uma rebelião e tomaram o governo da cidade com o objetivo de legalizar o destilado. E no dia 13 de setembro de 1661 ela foi oficialmente liberada para fabricação e venda no país. Desde então, a cachaça se consolidou de vez no Brasil, mas apesar de ser uma bebida tão versátil e saborosa, ainda sofre um certo preconceito.

“Algumas pessoas imaginam a cachaça como uma bebida muito forte, industrializada e difícil de ser consumida, então elas acabam tendo um preconceito mesmo antes de provarem um drink feito com ela”, explica Evandro Weber, diretor da marca Weber Haus. A empresa que começou quando os avós do diretor decidiram plantar cana-de-açúcar em 1848 na região da Serra Gaúcha, hoje chamada Ivoti, para produzirem cachaça para consumo próprio, teve seu início comercial apenas um século depois, em 1948. O pioneirismo no setor fez com que a destilaria H. Weber fosse ano após ano se aprimorando e conquistando cada vez mais espaço.

A experiência fez com que os Weber entendessem exatamente o que era necessário ser feito para mostrarem não apenas para os brasileiros, mas sim para o mundo que a cachaça pode ser tão boa como qualquer outra bebida do mercado. “Na virada do milênio, no ano 2000, a terceira geração da família assumiu o controle da empresa, e de cara nosso objetivo foi fazer uma reforma geral, modernizar o modo como as cachaças eram produzidas e criar a marca Weber Haus, assumindo uma nova identidade no mercado”, afirma Weber.

Essa nova identidade vinha também com uma nova responsabilidade: mostrar que as cachaças tinham potencial de se tornarem bebidas premium através de receitas elaboradas, embalagens sofisticadas e produtos exclusivos. Sendo assim, a primeira cachaça que atraiu os olhares de curiosos e apreciadores da bebida foi a Lote 48, lançada em 2012. O diferencial dela já começa na produção: ela foi envelhecida por 12 anos em barris de bálsamo e carvalho francês e foram produzidas apenas 2 mil garrafas.

Para conseguir entregar um produto que fosse diferente de tudo que até então já existia no mercado, além da bebida ter em seu buque especiarias como cravo e canela, além de caramelo e baunilha, a bebida é vendida em uma luxuosa caixa customizada com o logo da empresa. O preço na loja oficial da marca é R$ 2.699,00.

“Até então as pessoas achavam que apenas um whisky importado ou um champagne pudessem ter esse valor, mas nosso objetivo foi unir uma experiência sensorial única com um toque de sofisticação, e o resultado foi um produto que se tornou objeto de colecionadores”, diz Weber. O impacto no mercado de bebidas com a Lote 48 foi tão grande, que a marca decidiu ousar ainda mais anos depois.