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No Viva com Saúde de hoje vamos falar sobre a prevenção a apneia obstrutiva do sono.

Dosar os níveis sanguíneos de um aminoácido chamado homocisteína pode ajudar a prever o risco de uma pessoa desenvolver apneia obstrutiva do sono —condição caracterizada por interrupções recorrentes da respiração causadas pelo relaxamento da musculatura da garganta quando se dorme. Esse simples exame de sangue pode ainda ajudar o médico a predizer o risco de agravamento do distúrbio em pacientes já acometidos pela forma leve ou moderada.

A conclusão é de um estudo conduzido por pesquisadores do Instituto do Sono e da Universidade Federal de São Paulo. A apneia do sono acelera o envelhecimento celular e aumenta o risco de diversas outras doenças, como hipertensão, diabetes e insuficiência cardíaca. Segundo especialistas, seria interessante que mais médicos, de todas as especialidades, pedissem esse exame no checkup de pacientes acima de 40 anos.

A homocisteína já tem sido uma preocupação para os cardiologistas há um bom tempo, já que há fortes evidências de que níveis elevados da substância podem causar alterações na parede dos vasos sanguíneos e favorecer o surgimento de doença coronariana, trombose, enfarte e até acidente vascular encefálico (AVE), conhecido também como acidente vascular cerebral (AVC).

“A deficiência de vitaminas do complexo B —particularmente B6, B9 e B12— predispõe a um quadro de hiper-homocisteinemia. Comer alimentos que contêm esses nutrientes ou mesmo a suplementação pode ser uma estratégia para modular os níveis desse aminoácido no sangue”, informa Vanessa Cavalcante-Silva, pós-doutoranda na Unifesp e primeira autora do artigo.

Sob a coordenação do professor Sergio Tufik, vem sendo conduzido há mais de 15 anos o Estudo Epidemiológico do Sono (Episono), cujo objetivo é avaliar a qualidade do sono e a influência dos distúrbios de sono na saúde de uma amostra representativa da população da cidade de São Paulo. Dados do Episono 2007, divulgados pelo grupo em outro estudo, apontam que 42% dos paulistanos roncam três vezes por semana ou mais e quase 33% têm apneia do sono.

Para investigar a correlação entre esse distúrbio e os níveis sanguíneos de homocisteína, a equipe coordenada por Andersen selecionou uma amostra de voluntários do Episono submetidos à avaliação do chamado índice de apneia e hipopneia (IAH). Medido por meio do exame de polissonografia, esse indicador representa o número de eventos respiratórios (obstrução parcial ou total da respiração) registrados por hora e é um dos parâmetros usados para estratificar a gravidade da doença. Segundo os profissionais, seria agora interessante fazer um estudo com outro formato, no qual os participantes sejam avaliados anualmente, para obtermos dados mais abrangentes.