Desde o Renascimento, época em que os europeus inventaram o champanhe, ele sempre veio acompanhado do “pop!”, aquele estampido característico que ocorre quando retiramos a rolha da garrafa.

Para muita gente, parte da alegria de abrir uma garrafa dessa bebida está exatamente nesse processo, isto é, na tensão de retirar o arame, no estouro da rolha e no tão aguardado chafariz efervescente que se segue.

Mas para além de toda a alegria gerada pela situação acima, algo muito mais surpreendente acontece nos milissegundos que levamos para estourar uma garrafa de champanhe: a garrafa em nossas mãos se torna uma miniarma supersônica.

O que faz o champanhe estourar?

Algumas razões científicas estão por trás do processo que faz a rolha voar longe quando abrimos um champanhe.

Quando essa bebida está engarrafada ela contém muito dióxido de carbono dissolvido. Esse gás, nessa situação, gera diversas pressões internas que oscilam conforme a temperatura do lugar onde a bebida está guardada.

Quando o champanhe está em repouso, a pressão do dióxido de carbono dentro da garrafa não é maior que a força de atrito entre a rolha e a garrafa, bem como qualquer rede de arame que prenda a cortiça. Logo, ele não estoura por conta própria. Mas a situação é bem diferente quando agitamos a garrafa…

Champanhe, explosões e foguetes

Em um estudo publicado recentemente na revista Physics of Fluid Dynamics, um grupo de engenheiros da Índia e da França, conseguiu entender como o gás flui e como se comportam as ondas de choque geradas assim que o champanhe é aberto.

Eles acabaram descobrindo que o borbulhante tem um poder de balística que pode até ser perigoso dependendo de para onde a rolha é apontada. Assim que o pedaço de cortiça é retirado da boca da garrafa, o fluxo de gás explode em altas velocidades no topo do gargalo.

Na sequência, ocorre a dissipação da pressão e do gás, algo que acontece em ondas de choque no formato de coroa, ou diamantes de choque, parecidos com os desenhos que se formam quando misseis, foguetes ou jatos estão sendo lançados.

E isso é útil para o quê?

Pode parecer inútil estudar o comportamento do dióxido de carbono e formato de sua dispersão, bem como da pressão durante o estouro de um champanhe. Mas, como bem apontou o coautor do estudo, Robert Georges, do Institut de Physique de Rennes, uma garrafa de champanhe pode ser um minilaboratório.

Embora seja algo simples, ela permite o estudo de ondas supersônicas, pressão e alterações de gases, basicamente, na palma da mão. Essas descobertas recentes, por exemplo, podem ajudar a desenvolver eletrônicos, equipamentos e veículos submersíveis supersônicos e até armas militares.

Ah! E já que a velocidade da rolha pode chegar a uma velocidade 11 metros por segundo na hora do estouro, veja bem para onde está virando a boca da garrafa!

Fonte: Mega Curioso.