Imagem: Antigo Mirante da Cascata do Caracol/ Grupo Memória

O Parque do Caracol, em Canela, cartão-postal que ajudou a impulsionar o turismo no estado, completa meio século em agosto. Para comemorar a data, o atrativo prepara uma série de ações a partir desta terça-feira, 01 de agosto.

Chegando à marca de 350 mil visitantes por ano, em média, o Parque é uma área de preservação ambiental e reúne cachoeiras, trilhas, mirantes e a vista mais privilegiada para a famosa e imponente Cascata do Caracol, uma queda d’água de 131 metros equivalente a um prédio de 40 andares. São 25 hectares de Área de Preservação Permanente (APP) e um bioma diversificado.

Além de seus atributos naturais, o atrativo também oferece opções de gastronomia, compras, um observatório com visão 360º, um centro histórico, quadras esportivas, churrasqueiras e um passeio de trenzinho na Estação Sonho Vivo, que funciona há 30 anos.

Para os canelenses, o Parque do Caracol é um ícone de sua autoestima, ocupando lugar cativo entre os moradores. É lá que, entre os mais de 800 visitantes diários, famílias que residem na cidade fazem seu tradicional churrasco do final de semana (moradores e nascidos em Canela têm entrada gratuita).

História 

A história do Parque do Caracol tem início em 1867, com a chegada da família alemã Wasem na região da Cascata, inicialmente denominada como “fundos do faxinal”, onde a cascata é inicialmente intitulada como “Cascata Wasem”. Porém, a família iniciou sua jornada no Brasil anos antes, nos arredores de Novo Hamburgo em 1847, incentivada pelo movimento de imigração existente na época.

Imagem: Guilherme Wasem e sua esposa Guiomar Schmitt Wasem.
Livro “Onde Tudo Começou – A História do Turismo de Canela”.

A partir de 1900 já era possível observar o desenvolvimento do Caracol, pois começaram a surgir os primeiros hotéis, casas de veraneio e pequenos comércios. Outro ponto importante foi a implantação da Companhia Florestal em 1913, para extração da madeira no Caracol, onde foram implantadas cinco serrarias que iam abrindo estradas que ligavam a região do Caracol a outras localidades. E com o crescimento populacional no entorno, em 1917, foi fundada a primeira escola, chamada Escola Isolada do Caracol para alfabetização de crianças e adultos.

No período em que as terras eram administradas pelo herdeiro da família, Pedro Nunes percebeu que as terras naturais do Caracol seriam um atrativo turístico buscado como destino de viagens no Sul, e construiu, em 1938, uma represa e um moinho para geração de energia elétrica e fornecimento de farinha para a alimentação local no Arroio do Caracol. Outra construção feita no período da administração de Pedro Nunes é a casa onde funciona o Centro Histórico e Ambiental do Parque do Caracol.

Em 1954, o governo gaúcho declarou que as terras cobertas pelo Parque do Caracol eram de utilidade pública. Em 1968, as terras são transferidas para o Posto de Turismo do Estado de Canela e, em 1º de agosto de 1973, o Parque é inaugurado como Parque Estadual do Caracol.

A partir daí, visitantes atraídos pelas belezas naturais do local, principalmente a mata nativa, água limpa, cascatas, temperatura amena, mirantes e cânions, começaram a criar roteiros turísticos pelo local, que hoje consagram o Parque do Caracol e a cidade de Canela como parada obrigatória para quem visita a Serra Gaúcha.

Um presente da natureza 

Com uma área de 25 hectares em meio a uma floresta de araucárias, o Parque do Caracol exerce papel fundamental na preservação e conservação de espécies da fauna e da flora da região.

Animais como bugio, cutia e quati podem ser observados vivendo livremente e são atração entre os turistas. Esses mamíferos e outros animais que habitam a região possuem importante contribuição no ecossistema em que o parque está inserido.

“É uma área extremamente relevante pela preservação e pela conexão do parque com outras áreas, o que chamamos de ‘corredores ecológicos’. Do ponto de vista ambiental e biológico, o Parque do Caracol faz essa manutenção da biodiversidade sem empecilhos geográficos, colaborando na manutenção da fauna e da nossa vegetação nativa”,  explica o biólogo João Pedro Travi.

Além da importância ambiental para as espécies, o parque também acaba exercendo um papel social importante na conscientização dos visitantes. “Nem sempre uma área preservada educa pessoas, mas no Parque do Caracol as pessoas podem usufruir disso de uma maneira sustentável, vendo na prática, o que agrega grande valor à sociedade”, complementa.

Imagem: A Cascata do Caracol é o principal atrativo do parque.
Lucas Dias | Rádio Clube de Canela

Concessão pública para nova administração

Depois de passar 49 anos nas mãos do poder público através do governo do estado e da prefeitura municipal, o Parque do Caracol ganhou nova administração em dezembro de 2022. O Consórcio Novo Caracol e Tainhas, formado pelo Grupo Iter e pela Pianura Participações, venceu a concorrência pública e assumiu a gestão do atrativo. Para além dos atrativos naturais da atração, a atual administração aposta na ampliação de experiências do visitante dentro do parque. Novidades como música ao vivo diariamente e cesta de piquenique vêm sendo implementadas neste sentido.

“Ao completar 50 anos, o Parque do Caracol, com toda a sua história, ressurge com um formato totalmente inovador para o Rio Grande do Sul, como um parque turístico concedido que se consolida como um refúgio para os turistas que buscam a serra gaúcha. Um local onde é possível encontrar paz, contato com a natureza, preservação do meio ambiente e educação ambiental. É isso que o governo do Estado busca com as concessões dos parques. Aproximar o público das nossas belezas naturais, adicionando ao que já temos de especial um serviço qualificado, seguro e atrativo”, reforça a secretária Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura, Marjorie Kauffmann.

O Parque do Caracol funciona todos os dias das 9h às 17h30 e o ingresso tem valor de R$ 75. Canelenses e moradores de Canela não pagam ingresso. As churrasqueiras são de uso livre dos visitantes, assim como as quadras esportivas. Ao todo são três trilhas para caminhada, três vias, opções de gastronomia entre restaurante, cafeteria, vinícola e cervejaria e ainda 10 lojas com artigos que vão de vestuário a souvenirs.

PARQUE DO CARACOL EM NÚMEROS
– 50 anos
– 350 mil visitantes por ano, em média (dados desde 2010)
– 25 hectares
– 10 lojas
– 3 operações gastronômica
– 2 cascatas (Cascata do Caracol e Cascata do Moinho)
– 3 trilhas (Trilha do Silêncio, Trilha do Sonho e Trilha do Moinho)
– 3 vias (Via das Águas, Via da Araucária e Via dos Graxains)
– 4 mirantes (Mirante da Cascata do Caracol, Mirante do Moinho, Mirante do Aqueduto e Mirante das Corredeiras)
– 186 espécies de flora
– 294 espécies de fauna
– 150 empregos diretos e indiretos