No Viva com Saúde de hoje vamos falar sobre o uso de psicodélicos.
No início deste ano, pesquisadores ficaram surpresos quando a agência reguladora de medicamentos da Austrália, tradicionalmente conservadora, aprovou o uso de psicodélicos para auxiliar em sessões de terapia. A decisão permite que a psilocibina, encontrada em cogumelos mágicos, seja usada para o tratamento de depressão resistente à medicação.
Também possibilita o uso do MDMA, conhecido como ecstasy quando em forma de comprimido, para tratamento de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). A Austrália é o primeiro país a classificar os psicodélicos como remédios em nível nacional.
Embora o acesso inicial aos medicamentos seja limitado e caro, muitos especialistas e pacientes consideram momento atual como histórico. Mas as principais organizações de saúde também pedem cautela. Como nenhum outro país reclassificou essas substâncias para uso clínico em nível nacional antes da Austrália, o grupo de pessoas que experimentou a terapia psicodélica é pequeno.
O professor David Nutt, chefe de neuro psicofarmacologia do Imperial College do Reino Unido, parabenizou a Austrália por “liderar o mundo nessa inovação vital de tratamento”. O pesquisador psicodélico e psiquiatra Ben Sessa descreveu a aprovação como pioneira.
Outros países exploraram psicodélicos para uso compassivo (como são chamados programas especiais criados para disponibilizar substâncias experimentais a pacientes), incluindo Suíça, Canadá e Israel. Nesses países, agências reguladoras tomaram decisões semelhantes à da Austrália, embora não em âmbito nacional. Clínicas psicodélicas também operam legalmente em lugares como Jamaica e Costa Rica.
Para se tornar um prescritor autorizado, psiquiatras devem se inscrever em um comitê de ética e no órgão regulador de medicamentos da Austrália. Uma vez contabilizadas todas as despesas – incluindo as próprias drogas, supervisão de equipes multidisciplinares, sessões de psiquiatra e contratação de uma clínica particular — os custos podem chegar 30 mil dólares australianos (cerca de R$ 96 mil) por tratamento, de acordo com um especialista em psicodélicos.