No Viva com Saúde de hoje vamos falar sobre a escarlatina, doença com aumento de casos em SP.

De janeiro a outubro de 2023, em todo o Estado de São Paulo, foram notificados 31 surtos de escarlatina, sem nenhum óbito – sendo um em fevereiro, um em junho, um em julho, nove em agosto, seis em setembro, dez em outubro e três em novembro -, conforme dados da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo. Segundo a pasta, o número é muito maior que o registrado em anos anteriores.

Para a infectologista Rosana Richtmann, trata-se de uma situação observada no mundo inteiro. A Organização Mundial da Saúde já fez um alerta sobre a doença. A infectologista aponta três possíveis motivos para esse cenário – que podem atuar juntos ou não. O primeiro tem a ver com a pandemia de Covid-19. Afinal, como passamos muito tempo de máscara e respeitando o isolamento social, não fomos expostos à bactéria causadora da escarlatina – dessa maneira, deixamos de ter anticorpos contra ela.

O segundo ponto é que, depois da pandemia, vimos um aumento indiscutível de viroses respiratórias. E, hoje, os estudos estão mostrando cada vez mais que existe uma espécie de conspiração entre vírus e bactérias. Ou seja, os vírus facilitam a ação das bactérias. É uma relação de parceria. Em terceiro lugar, há a possibilidade de estarmos diante de uma cepa da bactéria mais virulenta, capaz de provocar um quadro mais grave.

A escarlatina é uma doença infecciosa aguda, causada por uma bactéria chamada estreptococo beta hemolítico do grupo A. Os estreptococos são também agentes causadores de infecções da garganta e da pele.

Segundo o Ministério da Saúde, a maioria das pessoas que tem uma infecção de garganta provocada pela bactéria não desenvolve escarlatina. No entanto, cerca de 10% são sensíveis às toxinas liberadas por ela e podem desenvolver a doença, que provoca pequenas manchas vermelhas na pele.

A escarlatina é uma doença respiratória cíclica, podendo ter períodos com mais casos e outros com menos casos, de acordo com a secretaria. Quem tem a doença deve permanecer em casa para evitar passá-la adiante e também para se recuperar, já que o quadro costuma causar febre, dor de garganta e prostração.

Os sintomas mais comuns de escarlatina são:

• Início repentino com calafrios e febre alta nos primeiros dias, que vai baixando aos poucos nos dias seguintes até desaparecer;

• Dor de garganta intensa;

• Pequenas manchas na pele de cor vermelho-escarlate, ásperas, que aparecem inicialmente no tronco.

• Na língua surgem caroços avermelhados recobertos com uma película parecida com um plástico branco amarelado.

• Mal-estar;

• Falta de apetite;

• Aumento dos gânglios do pescoço;

• Dor no corpo, de barriga e de cabeça;

• Náuseas e vômitos.

A escarlatina é uma doença contagiosa. A transmissão da escarlatina ocorre de pessoa para pessoa, por meio de gotículas de saliva ou secreções infectadas, provenientes tanto de doentes como de pessoas saudáveis que transportam a bactéria na garganta ou no nariz sem apresentarem sintomas.

O tratamento é feito com o antibiótico penicilina, que elimina os estreptococos, evita as complicações da fase aguda, previne a febre reumática e diminui a possibilidade de aparecimento de glomerulonefrite (lesão renal). Nos doentes alérgicos à penicilina, o medicamento habitualmente utilizado é a eritromicina.