Imagem: Avaliação das amostras na Embrapa/Crédito Maiára Martini

Primeira região do país reconhecida com Denominação de Origem (DO) para vinhos e espumantes, o Vale dos Vinhedos terá, neste ano, o maior número de vinícolas em busca do recebimento da certificação desde que o local obteve tal distinção, em 2012.

A Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale), gestora da Indicação Geográfica Vale dos Vinhedos e responsável pelo processo de reconhecimento dos vinhos, realiza a avaliação de 41 amostras de 14 estabelecimentos nos dias 11, 12 e 13 de dezembro, na Embrapa. A maior parcela delas, 21, será de vinhos tintos. Outras 11 são de vinhos brancos, enquanto os espumantes somarão nove, sendo cinco para brancos e quatro para rosés. O total de garrafas demandadas para DO somam 885 mil unidades. As análises, realizadas no ano da safra, serão conduzidas por sete enólogos.

Esse é um processo anual dividido em três etapas, das quais duas já foram realizadas. Para chegar até aqui, as vinícolas requerentes precisam enviar o Formulário de Declaração de Safra. Por meio dele, elas comprovam a procedência da uva utilizada, que deve ser unicamente da região demarcada para a DO Vale dos Vinhedos, além de terem seus produtos processados no Vale.

As especificações são rígidas. As videiras precisam ser plantadas em espaldeiras, com produção controlada – até 10 toneladas por hectare para vinhos e 12 toneladas por hectare para espumantes – numa área delimitada (72,45km²), seguindo regras mais específicas em relação ao cultivo da uva e da elaboração do vinho. Ao terem a documentação aprovada, as vinícolas têm amostras dos vinhos coletadas pelo consultor técnico da Aprovale. Apenas ele sabe de quais vinícolas são os rótulos, uma vez que eles são etiquetados unicamente com códigos. É dessa maneira que as garrafas chegam aos avaliadores, identificadas por números e com a variedade da uva com a qual o vinho foi elaborado. Na Embrapa, eles degustarão os produtos às cegas, analisando aspectos visuais, olfativos, gustativos e tipicidade varietal.

Passar pelo crivo do qualificado time de jurados não significa que os rótulos já possam ir ao mercado ostentando o selo de DO. A segunda prova é feita imediatamente antes da comercialização, tendo por finalidade confirmar a manutenção das tipicidades do Vale dos Vinhedos. Somente em caso afirmativo é que as bebidas podem ir às gôndolas exibindo a distinção.

As vinícolas que conquistam o selo de DO integram um seleto grupo de empresas com conceituação internacional, já que a DO Vale dos Vinhedos tem reconhecimento na União Europeia, destaca o consultor técnico da Aprovale, Jaime Milan. “Obter a DO significa ascender dentro do conceito das empresas vinícolas, se propondo a fazer vinhos de excelência. Toda a Indicação Geográfica no conceito internacional identifica um produto que ganhou notoriedade, ganhou destaque pela avaliação dos consumidores, da população, então você já tem notoriedade e tem algo mais que a Denominação de Origem confere e que é principalmente a vinculação das características das qualidades desse produto com o ambiente onde é produzido e pelas pessoas que é produzido. No caso, pelo terroir do Vale dos Vinhedos”, destaca Milan.

Para o diretor do Conselho Regulador da IG Vale dos Vinhedos, Moisés Brandelli, a DO representa o ápice da excelência para as vinícolas produtoras do Vale dos Vinhedos, conferindo um selo distintivo de qualidade e autenticidade. “Esse processo, essencial para a Aprovale, não apenas resguarda a tradição e a identidade da região, mas também fortalece a reputação internacional dos vinhos e espumantes locais. Ao assegurar padrões rigorosos, promovemos a singularidade dos terroirs do Vale, destacando a maestria dos produtores e consolidando nossa posição entre os grandes expoentes mundiais de vinhos e espumantes”, avalia Brandelli.

Atualmente, há 12 vinícolas no Vale dos Vinhedos com rótulos reconhecidos por DO, elaborados com sete variedades de uva. Além da DO, a Aprovale reconhece vinhos com Indicação de Procedência (IP), cujo regramento é mais flexível. Neste caso, o título se relaciona ao nome geográfico do lugar conhecido por elaborar ou produzir determinado bem ou serviço. Neste ano, duas amostras de vinhos tintos concorrem para receber a IP Vale dos Vinhedos. As degustações também envolvem 16 amostras do projeto Seleção Clonal da Embrapa Uva e Vinho e duas amostras que solicitaram renovação da certificação de DO.