Telhados verdes economizam energia e diminuem temperaturas das cidades

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Segundo simulações, telhados verdes não somente diminuem consumo de energia, mas também a temperatura ao redor dos edifícios

Com o passar dos anos, a temperatura média de todo o mundo tem sofrido altas terríveis. O aquecimento global é um dos principais culpados pela alta. Todos os anos, vemos notícias, e esse ano estamos sentindo ainda mais as ondas de calor. Nesse sentido, essas altas temperaturas têm afetado a vida de todos e, em casos graves, levado inclusive à morte.

Por ser uma das grandes preocupações atuais, várias formas de amenizar o aumento de temperatura são estudados. Por exemplo, esse novo estudo feito por pesquisadores coreanos que descobriu que telhados verdes não só ajudam na economia de energia dos prédios, mas também diminuem a temperatura de uma cidade.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores fizeram um experimento que mostrou que ter essa cobertura vegetal em cima dos prédios conseguiu diminuir o consumo de energia com resfriamento e reduzir a temperatura da superfície e do ar em mais de 2°C.

Esse é o primeiro estudo a fazer a análise do efeito que os telhados verdes tem sobre o consumo de energia e nas condições climáticas dos cenários urbanos. De acordo com a professora Santamouris, uma das responsáveis pelo estudo, os estudos anteriores tinham foco no impacto que os telhados faziam nos prédios e não em seu entorno como um todo.

Com o foco maior, foi visto que os telhados verdes ajudaram não só economizar energia do prédio, mas também a reduzir a temperatura da cidade ao redor.

Estudo

O estudo foi feito em Seul, capital da Coreia do Sul, em agosto, que é o mês mais quente por lá. Conforme a professora Santamouris, a capital é uma das cidades que mais sofre mudanças climáticas por conta da urbanização rápida que traz consequências como superaquecimento e aumento do consumo de energia.

De acordo com o site Techxplore, os pesquisadores fizeram simulações climáticas de resfriamento e de energia em grande escala nos prédios em três cenários com cobertura vegetal. Todos eles eram telhados verdes não irrigados, que é um tipo que tem potencial para ser implementado em larga escala e com custos mais baixos de manutenção.

Com essas simulações, eles viram que quanto maior fosse a cobertura do telhado verde, maior iria ser a diminuição da demanda de energia e na temperatura à sua volta.

Em uma simulação onde 90% dos prédios tinham telhados verdes, a temperatura do ar e da superfície teve uma redução entre 0,54 °C e 2,17 °C, enquanto o consumo de energia caiu em 7,7%.

Isso foi visto porque, de acordo com os pesquisadores, os telhados verdes resfriam a temperatura local e isso ajuda na evaporação via transpiração das plantações. Consequentemente, isso reduz a necessidade de sistemas de resfriamento, como por exemplo, ar-condicionado.

Mesmo com esses resultados animadores, o próprio estudo pontua que os telhados verdes são caros e por isso podem não ser as melhores soluções entre todas as possibilidades.

Temperatura

Diminuir a temperatura é um ponto extremamente importante. Até porque, existe um limite de aquecimento e umidade que o corpo humano suporta antes de ter problemas de saúde, como por exemplo, insolação e ataque cardíaco. Claro que isso é uma questão muito importante de ser compreendida. Justamente por isso que pesquisadores simularam aumentos da temperatura global de 1,5ºC a 4ºC, no pior cenário, com a intenção de compreender quais regiões da Terra o calor e a umidade poderiam ultrapassar esses limites.

O estudo foi feito de forma colaborativa entre a Faculdade de Saúde e Desenvolvimento Humano da Universidade da Pensilvânia (Penn State), Universidade de Purdue e o Instituto para um Futuro Sustentável, da Purdue, nos Estados Unidos.

As temperaturas que ultrapassaram a tolerância humana já foram vistas limitadamente e por poucas horas no Oriente Médio e no sudeste asiático. Essas mesmas regiões têm o potencial para sofrer ondas de calor com alta umidade, o que é ainda mais perigoso.

Isso porque, como o ar não absorve esse excesso de umidade, a evaporação do suor do corpo e a umidade de objetos como climatizadores têm sua eficiência diminuída. Além disso, a velocidade do vento e radiação solar também são alguns fatores importantes nesse ponto, sem contar o acesso e as maneiras de atenuar os efeitos do calor nos países de baixa renda.

O pior de tudo é que mesmo que os países menos ricos gerem menos emissões de gases de efeito estufa do que as nações mais ricas, será neles onde irá acontecer o pior estresse climático.

“Como resultado, bilhões de pessoas pobres sofrerão e muitas poderão morrer. Mas as nações ricas também sofrerão com esse calor e, neste mundo interconectado, todos podem esperar ser afetados negativamente de alguma forma”, disse Matthew Huber, professor de Ciências da Terra, atmosféricas e planetárias na Universidade de Purdue.

Desde a Revolução Industrial, quando o ser humano começou a queimar combustíveis fósseis em máquinas e fábricas, a temperatura global aumentou em aproximadamente 1° Celsius.

De acordo com esse estudo, se acontecer um aumento de 2° C na temperatura global acima dos níveis pré-industriais, isso poderá afetar 2,2 bilhões de pessoas no Paquistão, e no Vale do Rio Indo, na Índia, o bilhão de pessoas que vive no leste da China e os 800 milhões de habitantes da África Subsaariana, por ano. Isso porque o calor irá ultrapassar a tolerância humana.

Se o aumento for de 3° Celsius, a costa leste e o centro dos Estados Unidos, indo da Flórida a Nova York, e de Houston a Chicago, seriam afetados. Além deles, a América do Sul e a Austrália também seriam afetadas pelo calor e pela umidade acima do tolerado pelos humanos.

Já nos 4° Celsius de aumento, a cidade portuária de Al Hudaydah, no Iêmen, poderia ter mais de 300 dias com temperaturas perigosas no ano. Isso faria com que a cidade, que hoje tem mais de 700 mil habitantes, se tornasse inabitável.

Fonte: Olhar digital,  Um só planeta