Liber Pater, o vinho mais caro do mundo. A Men’s Health revela, em exclusivo, a história por detrás do preço exorbitante deste vinho.
Fixe este nome: Liber Pater
O grande mentor e protagonista do Liber Pa ter é Loïc Pasquet, para alguns um verdadeiro ‘vigneron’, ou seja, um enólogo e agricultor com fortes convicções de vinho. O vinho que produz em Bordéus é chamado Liber Pater (nome de um antigo Deus, símbolo da fertilidade), que questiona as regras estabelecidas na região desde 1855. Poder ter o privilégio de saborear este vinho é ter a certeza de que se está perante um vinho recente, que não respeita nem as denominações, nem as variedades de uva e muito menos a forma como são plantadas as vinhas. Talvez, por tudo isto, não seja de estranhar que tenha (rapidamente) ultrapassado os preços dignos do mítico e histórico vinho Petrus (cada garrafa de Petrus custa cerca de 4.000€). Mas uma garrafa do Liber Pater custa mais. Muito mais.
Quem é Loïc Pasquet?
Nascido em Poitou (França), estudou engenharia de materiais em Dijon e ‘descobriu’ os vinhos da Borgonha (uma das regiões mais famosas no mundo). Daí a criar uma empresa de comércio de vinhos foi um pequeno passo. Se na Borgonha existe a cultura do lugar e de vinhos que têm o sabor do vinho, em Bordéus essa mesma ideia tem desaparecido. E cresce a obsessão para encontrar um local fora das ‘grandes’ sub-regiões de Bordéus, onde o solo é atípico e promissor, para plantar variedades de uvas atípicas.
O segredo: priorizar as castas esquecidas
Em 2005, Loïc Pasquet desiste do trabalho de engenharia e parte para Bordéus à procura ‘desse lugar’. O ‘vigneron’ lê livros, consulta arquivos, visita vinhas em Pomerol, Saint-Emilion (famosas sub regiões em Bordéus) e termina em Graves, onde encontra a sua propriedade na cidade de Landiras (Gironde). Aqui existem solos arenosos perfeitos para o projeto. Começa a plantar em 2006 e exclui as três variedades de uvas dominantes: Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Merlot. A jogada é arriscada, mas dá frutos. Prefere apostar em variedades esquecidas que existiam antes da grande praga de filoxera, que devastou as vinhas no século XIX por todo mundo, tais como Saint-Macaire, Tarnay, Marselan e Castets.
Início complicado
Não foi fácil arrancar com o ‘projeto’. No início a produção era muito reduzida, cerca de duas mil garrafas. E não era todos os anos. A título de curiosidade, atualmente, estão apenas disponíveis garrafas de 2007, 2009, 2010, e 2011. É verdade que a Liber Pater tem cerca de 300 clientes em todo o mundo, mas o maior mercado continua a ser França, onde vendem cerca de 40% da sua produção. As práticas não convencionais de Loïc Pasquet provocaram a ira do Instituto Nacional de Denominações de Origem (INAO), que chegou a levantar uma ação judicial. E as coisas foram levadas a sério, pois há dois anos, por volta das seis horas da manhã, oito policiais apareceram à porta do casal Pasquet para pedir o registo de todos os cadernos e encomendas. Mas há males que vêm por bem. Graças ao alarido criado por esta ação da INAO – que acabaram por perder em 2017 -, Loïc poupou cerca de 150 mil euros em publicidade. E o preço do vinho continuou a crescer. Mais uma jogada de mestre.
A qualidade paga-se. Caro!
O ano de 2015 foi um ano fantástico em Bordéus e já foi considerado por muitos críticos como um dos melhores dos últimos 100 anos. Precisamente por isto, a primeira vintage do Liber Pater que realmente terá a expressão de antigas castas plantadas em pé franco (plantadas há 12 anos) já definiu o preço inicial: 30.000€ a garrafa. Apesar do preço assustador (para o comum mortal), este vinho mostra toda a expressão da região de Bordéus. O poder da fruta, a subtileza dos sabores e os aromas são verdadeiramente estonteantes. Sem dúvida, um vinho para ser apreciado com uma boa companhia. Os tintos são uns bons parceiros para carne de caça, ou ensopados de carne. Já os brancos (apenas existem 24 garrafas de cada ano – no máximo) são vinhos feitos da casta Semillion, típica de Bordéus. É um vinho com estrutura que aguenta um bom assado de peixe ou de carne.
A produção deste vinho permitiu fazer apenas 240 garrafas. E a razão é muito simples: não houve fruta (uva) suficiente em 2015. A qualidade era imensa, mas a produção foi muito reduzida.
Fonte: Menshealth / Foto: Reprodução Internet