Um objeto cilíndrico e feito de dois aros de 1,20m de diâmetro sustentados a 2,40m de distância entre si com face tricotada manualmente em rejeitos da indústria têxtil é a peça concebida pela artista visual e bailarina Cristina Lisot de onde parte uma nova fase de experimentar a ideia.
A proposta contemplada no Edital Sedac – RS de 2023 para Criação Artística, realizada com recursos da Lei Complementar 195/2022- Lei Paulo Gustavo, através da Lei 13490/10 Pró-Cultura-RS se desdobra em diversas frentes de trabalho e experimentações artísticas a partir do encontro com colaboradores, incluindo dança, artes visuais e têxteis, vídeo e performance por estruturas arquitetônicas da cidade de Caxias do Sul.
Os trabalhos estão sendo desenvolvidos de forma coletiva e horizontal pelo O Grupo, formado por artistas e pesquisadores destas áreas. Antes do compartilhamento com o público, que acontecerá no início de 2025, a iniciativa contempla a realização de oficinas e bate-papos abertos ao público e também veiculação de informações por mídias digitais. Depois de Caxias do Sul, o trabalho também deverá ser compartilhado em Porto Alegre, no início do próximo ano. A circulação também prevê uma apresentação em Lisboa, no final de marco de 2025.
Na união das diversas frentes de criação artística, o projeto inicia suas atividades com a realização de duas oficinas de contrapartida, todas a serem realizadas dia 12 de novembro, na Sala de Ginástica da FSG: das 13h30min às 16h, Oficina de Figurino par a Palco e para Rua com Cristina Lisot; das 16h às 18h30min, Oficina Pesquisa de Imagens com o Corpo, com Cristina e Akácio Camargo. Já das 19h às 20h tem a Roda de Conversa Pensamentos em Dramaturgia, que reúne Carlinhos Santos, Cristina Lisot, Sigrid Nora, além das convidadas Gislaine Sacchet e Veronica Gomezjurado.
Todas as atividades têm reserva de 50% de vagas que contemplam acessibilidade. As inscrições para as oficinas podem ser feitas através das redes sociais do projeto ou por formulário disponível no Centro Municipal de Cultura Henrique Ordovás Filho.
As primeiras ações do Projeto Ô começaram em sala de ensaio, unindo Cristina Lisot e o bailarino Akácio Camargo, além da pesquisadora e coreógrafa Sigrid Nora. Eles trabalharam tendo o objeto ○, que é penetrável, como recurso cênico, coreográfico e dramatúrgico para a pesquisa de movimentos. Em seguida juntou-se ao trio o fotógrafo e produtor audiovisual Daniel Herrera, que vem desenvolvendo pesquisa de imagens encontradas pelos corpos dos dois bailarinos.
O processo artístico também inclui a gravação de performance de múltiplos corpos, no palco do Teatro Pedro Parenti e em escadas de formato circular encontradas em diversos prédios de Caxias, dentre elas a icônica escada das Lojas Magnabosco, criada pelo arquiteto Heitor Curra Filho nos anos 1950 e apresentada à cidade em 1958.
Estes espaços acolhem memórias, labirintos, circunferências e espirais do tempo. Assim, Projeto Ô dilata possibilidades de apropriação desses lugares situando-se nas transitoriedades entre estes universos conceituais. O corpo que abriga memórias, o percurso que descreve o devir, as sobreposições de possibilidades de linguagens que se dispõem em camadas de interpretações, ideias e conceitos, construídos nas composições do corpo-espaço-cidade. A partir destas questões estéticas e dos diferentes recursos audiovisuais, também será criado um livro-objeto com fotografias de Daniel Herrera, textos de Carlinhos Santos, e concepção gráfica do designer Marco Verdi, que assina ainda a identidade visual do projeto.
Assim, na composição de saberes da ordem das artes e também da ciência, o Projeto Ô também busca a sobreposição de experimentações na perspectiva de novas linguagens do corpo, do audiovisual, das tramas têxteis e das artes visuais. Recortes de imagens e corporeidades que se colocam na perspectiva de renovar a busca por novos vetores dos corpos, das artes e do conhecimento.
Além de Cristina Lisot, Akácio Camargo, Sigrid Nora, Daniel Herrera e Carlinhos Santos, o projeto conta também com a participação de Milena Eich na assessoria de acessibilidade, da arquiteta Carolina Lisot, responsável pela expografia e adaptações de espaços, do bailarino e músico caxiense Carlos Garbin, atualmente radicado na Bélgica, onde atua na Companhia Rosas. A equipe tem ainda a participação de Carolina Potrich, nas mídias digitais e Cibele Biazus Stédile na produção executiva.
O Projeto Ô é desenvolvido com Recursos da Lei Complementar Número 195/2022 – Lei Paulo Gustavo e Programa Retomada Cultural RS – Bolsa Funarte de Apoio a Ações Artísticas Continuadas 2024.