Porto Alegre é a única cidade latino-americana escolhida pela UICC (União Internacional de Controle do Câncer) para participar de um projeto que visa tornar algumas cidades líderes no planejamento e implementação de medidas para melhorar o serviço de tratamento do câncer.
A nomeação da capital gaúcha para ser uma das Cidades-Desafio da City Cancer Challenge 2025 foi anunciada na tarde desta segunda-feira (21), na Assembleia Mundial da Saúde da ONU (Organização das Nações Unidas) em Genebra, na Suíça.
“Esperamos poder reunir todas as instituições interessadas no processo e criar um movimento real para que Porto Alegre realmente lute contra o câncer”, disse Erno Harzheim, secretário municipal de Saúde, ao E+.
Ele acredita que, entre os problemas a serem enfrentados pelo executivo municipal, estão o estímulo à prevenção do câncer, a detecção precoce dos tipos de câncer que são diagnosticáveis e o encurtamento do tempo entre o diagnóstico e o início do tratamento.
“Além disso, há a necessidade do aprimoramento dos cuidados paliativos, que é um problema do País inteiro: qualidade de vida, conforto, redução da dor, etc.”, disse Harzheim.
O desafio foi concebido como uma forma de transformar os compromissos políticos assumidos no âmbito global em soluções funcionais que envolvam todos os setores da sociedade em torno do objetivo comum de aumentar o acesso da população ao tratamento do câncer de qualidade.
“O compromisso do governo municipal, juntamente com o terceiro setor e um parceiro privado, o Hospital Moinhos de Vento, compôs um grupo de pessoas interessadas em fazer com que Porto Alegre encarasse esse desafio”, explicou Maira Caleffi, presidente voluntária da FEMAMA (Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama), ONG que trabalhou em conjunto com a prefeitura de Porto Alegre para que a candidatura da cidade fosse bem-sucedida. O Imama (Instituto da Mama do Rio Grande do Sul) foi outro parceiro.
A meta da iniciativa é diminuir o número de casos de mortes por câncer em 2,5 milhões em todo o mundo até 2025. O grupo parte do pressuposto de que muitas mortes de câncer são preveníveis e que todos os casos precisam ter um tratamento correto no momento adequado.
“Nós próximos dois ou três anos, as neoplasias [anomalias no desenvolvimento das células] vão ser a principal causa de morte na cidade, superando as doenças cardiovasculares e cerebrovasculares. Já tínhamos esse dado e ele nos incentivou a entrar no desafio da UICC”, disse Erno.
Dados do INCA (Instituto Nacional do Câncer), estimam que 54,8 mil novos casos de câncer sejam registrados no Rio Grande do Sul. Destes, 7,67 mil serão em Porto Alegre. A cidade apresentará 127,96 casos de câncer de próstata para cada 100 mil habitantes (quase o dobro dos 66,12 esperados para o País todo, na mesma base de comparação) e 114,25 casos de câncer de mama para cada 100 mil habitantes (mais que o dobro dos 56,33 estimados para o Brasil).
Porto Alegre e as demais cidades escolhidas receberão apoio durante dois anos para identificar e envolver todos os agentes interessados na iniciativa. A partir disso, será possível fazer uma avaliação para detectar as necessidades e prioridades do serviço ofertado na cidade, desenvolvimento de um plano de atividades orçamentado, e a identificação de colaborações e parcerias que garantam a sustentabilidade do projeto.
“Esperamos que Porto Alegre tenha um salto de qualidade no tratamento do paciente com o câncer e que essa experiência sirva como um laboratório para gerar um grande avanço”, acredita Maira. E afirma: “É uma vitória para o Brasil, desde que haja vontade política e que todos os setores da sociedade se unam pelo combate ao câncer”.
Fonte: Osul / Foto: Divulgação