Qual o motivo de voltar à lua, coisa feita há mais de meio século, ainda ser tão complicado hoje em dia?
As pessoas são fascinadas com o espaço e as coisas que existem nele. A lua é um dos corpos celestes mais pesquisados. Esse nosso vizinho cósmico é o único corpo do sistema solar que os humanos já pisaram, e é bem conhecido.
Mas parece que o que já se conhece a respeito dele é pouco, tanto é que os esforços para colocar o homem de volta no satélite natural nunca pararam.
Ano passado, a missão Apollo 11 completou 54 anos. Além dela, outras cinco missões tripuladas pisaram na lua. Ao todo, 12 pessoas já pisaram na sua superfície e outras 12 estiveram na órbita dela.
Contudo, desde dezembro de 1972 ninguém mais foi até a lua ou caminhou nela. As últimas pessoas foram os tripulantes da missão Apollo 17.
Na última quinta-feira, o módulo lunar Odysseus fez da Intuitive Machines ser a primeira empresa privada a pousar na superfície da lua. Esse feito foi um marco para o começo de uma nova exploração do espaço.
Por mais que isso tenha sido um feito histórico, os 15 minutos de espera pelo sinal de que o módulo tinha pousado em segurança e a notícia de que ele tinha tombado durante o pouso mostraram e trouxeram a reflexão de como é desafiador voltar para o solo lunar.
Mas uma pergunta que sempre fica no ar é: por que algo que aconteceu há mais de meio século ainda é tão complexo e difícil de ser repetido?
Volta à lua
Essa é uma pergunta intrigante, principalmente levando em consideração todo o progresso tecnológico que se teve nos últimos 50 anos. Na época em que Neil Armstrong deu o pequeno passo para um homem, mas um grande salto para a humanidade, a internet não existia, o computador mais potente não seria páreo para um simples relógio de hoje em dia, e nem mesmo o Nokia tijolão era uma realidade.
Mesmo com essa falta de tecnologia, o homem chegou na lua. Enquanto que hoje, com toda tecnologia disponível, ainda existem dificuldades para pousar uma nave não-tripulada no nosso satélite natural. Mas por quê?
A realidade é que nunca foi fácil chegar na lua. Nos anos 1960, conseguir enfrentar os desafios de uma viagem inédita rumo ao desconhecido era uma tarefa monumental.
Na época, eram dados os primeiros passos rumo ao espaço e não se tinha nenhum foguete com capacidade de enviar uma nave à lua, nem o projeto de um módulo lunar. Contudo, o presidente John F. Kennedy deu aos engenheiros da NASA tudo o que eles precisavam para fazer com que o sonho distante se tornasse uma realidade. E tudo com uma grande motivação: um orçamento quase ilimitado.
É estimado que o programa Apollo tenha custado mais de 25 bilhões de dólares. Esse investimento não era somente uma façanha financeira gigantesca, mas também acelerava o desenvolvimento científico e tecnológico. Foram eles que permitiram que as barreiras fossem retiradas, uma a uma, para que a maior aventura da humanidade se tornasse verdade.
A motivação principal do governo norte-americano não era somente científica, mas bélica. Isso porque, na época, os EUA e a União Soviética estavam em uma guerra sem tiros, fazendo uma corrida armamentista com o objetivo de ter a superioridade militar. E a corrida espacial aconteceu porque as nações acreditavam que dominar o espaço seria uma vantagem estratégica no caso de uma guerra entre elas.
Dificuldade
Entretanto, o cenário global de hoje é bem diferente e os motivos que levam o ser humano para a lua também são outros. Por exemplo, atualmente existe uma variedade de atores envolvidos, como empresas privadas e agências governamentais de diversas nações, todas em competição pelo mercado espacial.
Contudo, existe uma cooperação entre esses atores para conseguir alcançar objetivos comuns. O que teoricamente deveria deixar as coisas mais fáceis, mas o que foi um dos grandes impulsionadores da corrida espacial, o orçamento, atualmente é bem mais limitado.
A realidade precisa ser essa porque os custos altos das missões espaciais foram alvo de vários protestos nos EUA e um dos motivos principais para o programa Apollo acabar.
Por isso que, atualmente, fazer com que as viagens espaciais sejam mais baratas é o desafio principal da nova corrida espacial. Além de ser um caminho sem volta para fazer com que a exploração do espaço seja algo sustentável e permanente. E a forma de diminuir os custos das missões como uma viagem para a lua é com muita tecnologia.
Nesse ponto é importante ressaltar que qualquer desenvolvimento tecnológico precisa de vários testes e, muitas vezes, várias falhas. Até porque, as falhas são úteis para o amadurecimento das tecnologias.
Com tudo isso, é possível ver que voltar para a lua não é uma tarefa fácil, mas a dificuldade principal no momento é fazer isso com adequações às realidades do novo mercado espacial, envolvendo uma cooperação global, empresas privadas, novas tecnologias, baixos custos, altos níveis de segurança e objetivos muito mais ousados.
Quando tudo isso for uma realidade, e quando os humanos estiverem bem estabelecidos no solo lunar, aí sim o sonho de a lua ser um entreposto pode se tornar realidade.
Fonte: Olhar digital