Dinheiro traz felicidade?
O estudo levou 85 anos e analisou 2.024 participantes ao todo
Ter dinheiro suficiente para proporcionar a si e a quem ama uma vida segura, com acesso à saúde, educação, abundância material e boas experiências, certamente traz um conforto emocional que nos torna mais felizes
Dinheiro não garante felicidade, mas dissociar os dois não é inteligente; não ter dinheiro trará experiências de privação que são fonte de estresse e infelicidade
Uma das maiores e mais prestigiadas universidades do mundo, Havard, realizou uma pesquisa que desvenda a pergunta de US$ 1 milhão: qual é a fórmula da felicidade?
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Segundo a pesquisa, não, não é o dinheiro. A resposta seria a boa relação com as pessoas ao redor, incluindo chefes. Inclusive, um dos participantes selecionados foi John F. Kennedy, que viria a se tornar presidente dos Estados Unidos alguns anos após ser escolhido.
Responder esta questão não foi uma tarefa tão simples, quanto se imagina. Para descobrir o que é que faz a sociedade feliz, a universidade precisou de 85 anos de estudos. Em 1938, quando os Estados Unidos viviam a Grande Depressão, véspera da Segunda Guerra Mundial, estudiosos iniciaram o “Estudo de Havard sobre o Desenvolvimento Humano“, com o acompanhamento de 724 participantes inicialmente.
A ideia da pesquisa era acompanhar estas pessoas periodicamente para avaliar como suas vidas, hábitos e gostos variavam durante o tempo para, ai, sim, avaliar quais eram os pontos que as faziam feliz. Com o desenrolar do estudo, foram incorporados mais 1.300 pessoas, além de filhos e netos dos escolhidos para acompanhar as gerações posteriores.
Dinheiro traz mesmo felicidade? A pergunta foi objeto de estudo de Matthew Killingsworth, que é psicólogo e membro da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos. O acadêmico resolveu estudar a felicidade humana e a relação com o dinheiro. O estudo ganhou notoriedade e publicação na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), o que chancela sua credibilidade.
Killingsworth coletou 1,7 milhão de dados de mais de 33 mil participantes que forneceram informações dos seus sentimentos ao longo do dia em um aplicativo conforme as perguntas surgiam em determinado período.
Segundo a resposta dos participantes do estudo, que eram em sua maioria americanos, o psicólogo analisou o nível médio da felicidade de cada um em relação a renda. Ele queria confirmar as descobertas feitas antes, em 2010, em outro estudo que apontava que a medida que as pessoas ganham mais dinheiro, o bem estar aumentava. Porém, neste levantamento, a felicidade era alcançada quando a renda familiar anual chegava aos 75 mil dólares. O que é muito para a realidade da população brasileira.
No estudo de Killingsworth não teve nenhum ponto de inflexão onde o dinheiro parou de ter importância. A pesquisa apontou que quem ganhava mais era sim mais feliz, e quanto mais ganhava, mais feliz se sentia. Só que em maior parte isso não era por ganância – mas pela sensação de controle sobre a vida, de não ter inseguranças econômicas.
Como foi feita a pesquisa?
Haviam dois grupos de pesquisadores que analisaram dois grupos diferentes de pessoas em questões de características e diversidade.
Em um deles, 268 estudantes de Havard, homens, brancos, de famílias americanas ou não, ricos ou não, foram acompanhados durantes os anos para descobrir quais hábitos os ajudavam a manter boas condições de saúde.
Já o segundo grupo, eram 456 meninos de áreas pobres da cidade de Boston de famílias com dificuldades e conflitos, sendo 60% deles com pais imigrantes. O objetivo neste grupo era descobrir o que os mantinha longe da ilegalidade.
Após diversos encontros e respostas dadas aos pesquisadores, o estudo concluiu que as pessoas que possuem uma boa convivência com as pessoas, sejam elas parentes, amigos, colegas ou até chefes, são as que tendem a ser mais felizes e, em sua maioria, possuem uma saúde mais “forte”.
As diversas conclusões tiradas deste estudo podem ser encontrados no livro “Uma Boa Vida – Como viver com mais significado e realização“. Os autores do livro são Robert Waldinger e Marc Schulz, diretores do grupo de Havard, que é responsável pelo estudo.
Fonte: Estadão
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