
O Rio Grande do Sul está entre os estados com maior incidência de câncer de próstata no Brasil, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA). A cada ano, o país registra cerca de 71,7 mil novos casos, com um risco estimado de 67,86 diagnósticos a cada 100 mil homens. Diante desse cenário, especialistas reforçam o alerta durante o Novembro Azul, mês dedicado à conscientização e à prevenção da doença, que é o tipo de câncer mais comum entre os homens gaúchos, atrás apenas dos tumores de pele não melanoma.
De acordo com o urologista do Grupo São Pietro, Daniel Melecchi, a combinação de fatores genéticos e demográficos ajuda a explicar os números elevados no estado. A população gaúcha é formada, em grande parte, por homens de origem europeia, grupo que, segundo estudos, apresenta maior predisposição genética à doença. Além disso, o Rio Grande do Sul possui uma das maiores expectativas de vida do país, o que naturalmente aumenta o risco, já que o câncer de próstata é mais frequente em idades avançadas.
Diagnóstico precoce é o maior aliado
O especialista reforça que a detecção precoce continua sendo o principal fator para o sucesso terapêutico. A maioria dos casos iniciais da doença não apresenta sintomas, o que reforça a necessidade de acompanhamento médico regular. “A recomendação é que homens a partir dos 50 anos, ou dos 45 em casos com histórico familiar da doença, procurem o urologista anualmente para avaliação clínica, exame de PSA e, quando indicado, o toque retal”, ressalta o urologista. “Quando os sintomas aparecem, a doença já pode estar em estágio avançado, reduzindo as chances de cura e exigindo tratamentos mais complexos”.
Nos últimos anos, o avanço tecnológico tem transformado o diagnóstico e o tratamento do câncer de próstata. A ressonância magnética multiparamétrica da próstata permite identificar alterações com muito mais precisão, e a biópsia guiada por fusão de imagem, que combina a ressonância com o ultrassom, aumenta significativamente a taxa de detecção de tumores clinicamente relevantes.
Além disso, segundo o especialista, testes genômicos vêm sendo incorporados para avaliar o risco individual e definir estratégias mais personalizadas de acompanhamento. No tratamento, o advento da cirurgia robótica representa um salto importante, tornando o procedimento mais seguro e com menor índice de complicações, além de proporcionar uma recuperação mais rápida aos pacientes. “O bom acesso aos serviços de saúde e à rede de diagnóstico faz com que mais casos sejam identificados precocemente, o que, embora eleve as estatísticas, reflete um rastreamento mais eficaz e melhora as chances de tratamento bem-sucedido”, reforça.
O medo e o preconceito devem ser combatidos
Mesmo com todos os avanços, o preconceito e o medo ainda são barreiras significativas ao diagnóstico precoce. O especialista destaca que falar abertamente sobre o tema é essencial para desmistificar o exame de toque, que é rápido, indolor e pode salvar vidas. As campanhas do Novembro Azul têm papel fundamental ao trazerem o assunto para o cotidiano e estimularem o diálogo, especialmente com o envolvimento da família, já que muitas vezes são as parceiras, filhas ou irmãs que incentivam os homens a procurar o médico. “Criar um ambiente acolhedor e sem julgamentos também é fundamental para quebrar barreiras culturais que ainda afastam os homens dos consultórios”, enfatiza.
Novembro Azul
O Novembro Azul é um movimento mundial para conscientizar os homens sobre a importância do cuidado com a saúde, com foco especial na prevenção e no diagnóstico precoce do câncer de próstata. A campanha busca quebrar preconceitos e tabus para incentivar a realização de exames regulares, pois a detecção precoce aumenta significativamente as chances de cura da doença.
- Objetivo principal: Alertar sobre o câncer de próstata, que é o segundo tipo mais comum entre os homens no Brasil, e sobre outras questões de saúde do homem.
- Atividades: Incluem a realização de exames preventivos, como o de toque retal, e a promoção de debates e informações sobre o tema.
- Conscientização: Visa desmistificar o assunto e encorajar homens a procurar ajuda médica, combatendo o preconceito e o desconhecimento.
- Sintomas: Na fase inicial, o câncer de próstata pode ser silencioso. Em estágios mais avançados, pode apresentar sintomas como dor óssea, dificuldade ou dor ao urinar e sangue na urina ou no sêmen.
- Origem: O movimento começou na Austrália em 2003 e chegou ao Brasil em 2008. O mês foi escolhido por incluir o Dia Mundial do Combate ao Câncer de Próstata, em 17 de novembro.
- Prevenção: A prevenção é fundamental e a campanha reforça a necessidade de hábitos saudáveis e check-ups médicos regulares.