Na próxima quarta-feira, dia 25 de junho, o projeto Palcos Amefricanos RS – Circulação Sopaporiki e Girafa da Cerquinha chega a Caxias do Sul para duas apresentações gratuitas: à 14h tem o espetáculo Girafa da Cerquinha e, às 19h, Sopaporiki, ambos na Sala de Teatro Valentim Lazzarotto. As duas montagens têm à frente o poeta, músico e performer Richard Serraria. Além das apresentações, o público também é convidado a participar das Rodas de Tamboralitura.
O Sopapo, tambor tradicional negro-gaúcho, está na centralidade das obras em circulação, contribuindo para a valorização do patrimônio cultural e a contribuição do povo negro para a construção da identidade cultural do Rio Grande do Sul. Palcos Amefricanos RS – Circulação Sopaporiki e Girafa da Cerquinha está sendo realizado com recursos da Política Nacional Aldir Blanc, através do Edital SEDAC nº 26/2024 – ARTES CÊNICAS, o que reforça a importância das políticas públicas para artistas, realizadores e para as comunidades onde os projetos circulam.
Girafa da Cerquinha é um reconto de uma história entoada originalmente pela mestra griô Sirley Amaro. Conta a fábula da girafa, animal que teria vindo da África num navio e que escolhe ir para Pelotas no bairro da Cerquinha, cidade em que havia um carnaval burlesco com nomes de bichos. Uma recontação de história infantil com o tambor sopapo sendo tocado de maneira continuada envolvendo a criançada numa vivência lúdica com as batidas característic as do grande tambor negro gaúcho (Ijexá, Adarun, Aré do Bará, Congadas RS, Samba Cabobu, Candombe uruguaio gaúcho e Milongón). Cada batida negra sonoriza um nome de bicho, personagens da narrativa. O projeto contempla ainda a apresentação de um Caderno de Situações Didáticas disponibilizado na internet através do Link.tree para livre acesso docente, visando a implementação da Lei 11.645/2008, que trata da abordagem de conteúdos afro-brasileiros e originários.
Sopaporiki é um espetáculo musical tambor centrado, criado e performado por Richard Serraria com direção cênica de Leandro Silva, em que a presença do Sopapo, instrumento musical e também artefato político ligado ao povo negro do Rio Grande do Sul, costura a narrativa, exigindo adequação do performer e poeta às diferentes linguagens artísticas mobilizadas para a materialização do espetáculo.
Com seu conteúdo amefri cano, afirma a potência das epistemologias negras no Brasil atual, num acúmulo de pesquisas e atuações em torno do tambor de sopapo e a contribuição negra na literatura e na música, ou ainda junto ao encontro com a poesia dos orikis da matriz iorubá da África. Em 2020 nasceu o livro Sopaporiki, em que o eu lírico é o tambor sopapo que conta e canta a trajetória dos 12 orixás do Batuque de Nação Oyó Idjexá e o surgimento da cosmogonia iorubá no Rio Grande do Sul e Bacia do Prata, base do espetáculo musical homônimo criado e estreado em 2022. A obra integrou, desde então, importantes eventos, como a FILIGRAM 2022 (Gramado, RS), o Sarau do Solar 2022 (Porto Alegre, RS) e o 29º Festival Porto Alegre em Cena, em 2023 (Porto Alegre).
Rodas de Tamboralitura são atividades formativas (oficinas) no formato de vivências lúdicas relacionadas a cada um dos espetáculos (SOPAPORIKI e Girafa da Cerquinha) e seus respectivos públicos, e promovem um espaço de contato com o tambor no qual os participantes são convidados a passar a textualidade poética dos espetáculos para o plano da oralidade e do corpo.
Muitas cidades do RS, organizadas em circuitos que contemplam locais atingidos pela tragédia climática de maio de 2024, estão recebendo as apresentações e também oficinas de tamboralituras para crianças e adultos. Um videodocumentário e um blog de processo também complementam a experiência do projeto, com o registro sistemático do conjunto da experiência em suas passagens por cada lugar. As atividades e estratégias de divulgação contam com medidas de acessibilidade.
A circulação começou no início do mês de junho, tendo passado por Cachoeira do Sul, Rio Pardo, Pelotas, Rio Grande e São José do Norte. Depois de Caxias, segue para Canela (dia 26) e Gramado (dia 27), São Leopoldo (01/07) Canoas (02/07), Guaíba (03/07) e Porto Alegre (04/07).
Saiba mais sobre o Tambor Sopapo:
https://richardserraria.blogspot.com/2013/02/bate-forte-o-tambor-por-uma-pedagogia.html
Ficha técnica:
Performer, contador de histórias e coordenador geral: Richard Serraria
Direção cênica e assistente administrativo: Leandro Silva
Operação de som e apoio logístico: Tuti Rodrigues
Assessoria de comunicação: Náthaly Weber/ Saia Rodada Comunicação
Identidade visual: Tielle Bossoni/ Studio Visto