
De 12 de dezembro de 2025 a 25 de janeiro de 2026, a Sala de Exposições do Centro de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho, em Caxias do Sul, exibirá as obras selecionadas e premiadas do XVIII Salão de Artes e 11º Prêmio Koralle.
Promovido pelo PLA – Projeto Mostra UCS e realizado pelos Cursos de Artes Visuais (Bacharelado e Licenciatura), da Área do Conhecimento de Artes e Arquitetura da Universidade de Caxias do Sul, o Salão tem como objetivo divulgar, valorizar e discutir as produções dos alunos do Bacharelado, Licenciatura e Tecnologia matriculados nos Cursos de Graduação em Criação da UCS, assim como integrá-los.
Desse modo, o edital contempla os Cursos de Graduação em Artes Visuais, Arquitetura e Urbanismo, Criação Digital, Dança, Design, Design de Interiores, Fotografia, Jogos Digitais, Moda, Música, Produção Audiovisual, Publicidade e Propaganda e Tecnologias Digitais. Nesta edição foram selecionados trabalhos de 20 acadêmicos dos Cursos de Artes Visuais (Bacharelado e Licenciatura), Arquitetura e Urbanismo e Moda. Entre as produções selecionadas, além do 1º, 2º e 3º lugares, três estudantes de graduação da UCS receberam menção honrosa.
Com a mudança do Campus 8 para a UCS-Sede, este ano o Salão de Artes trouxe uma novidade, pois, juntamente com os trabalhos dos estudantes dos Cursos de Graduação contemplados no regulamento, a exposição também apresenta quatro trabalhos na categoria Ensino Médio, do CETEC UCS. De acordo com o regulamento interno estabelecido pela Escola de Ensino Médio e Técnico da instituição, a Comissão Julgadora, formada pelos professores de Artes da Escola, classificou produções em 1º, 2º e 3º lugares e uma menção honrosa.
Confira os trabalhos premiados dos estudantes de cursos de graduação:
1° LUGAR
ARIEL Ramos Vieira – Artes Visuais (Bacharelado). O ponto de partida de Crisálida foi a autoconsciência da vulnerabilidade e desconforto com o próprio corpo. Como pessoa transgênero, o artista encontrou nesse enfrentamento um caminho de aceitação, refletindo-se cada vez mais nas escolhas visuais de seus trabalhos. A disforia, embora reduzida, permanece como presença simbólica – agora não mais como um conflito central, mas como vestígio de uma restauração que sinaliza reconciliação.
2° LUGAR
CRISTIANE ALVARENGA de Oliveira Ribeiro – Artes Visuais (Licenciatura). Esgotada e Exaurida foram realizadas em um momento de grande cansaço físico e mental, em meio a dramas pessoais, como a morte repentina e dolorosa de meu pai, os desafios de conviver com um filho adolescente e situações de assédio moral no trabalho. As pinturas fazem parte da pesquisa que venho desenvolvendo sobre o cansaço feminino – sobre como as mulheres, desde sempre, se sentem sobrecarregadas pelo acúmulo de funções impostas.

3° LUGAR
João Paulo do Prado Neres da Silva (ANTROPOFAJUBS) – Arquitetura e Urbanismo. A palavra Égide faz referência ao escudo de Palas Atena, deusa feminina. Também significa “quem protege, ampara”. A mulher, quase monstruosa de braços amputados arrega a própria prole, seu filho. Ao perceber o apuro, se mostra vigilante e de seu corpo surge um braço para se defender. Seu rosto é de um tigre, com referência na máscara presente na obra “Menina com Máscara Mortuária” (1938), de Frida Kahlo. Se na obra de Frida, a menina está acompanhada de duas máscaras sinistras, em contraste com sua inocência podendo ser um presságio de um futuro cruel, talvez, na minha obra, a figura sinistra possa ser uma versão dessa criança no futuro, ou apenas uma mulher em apuros que invoca uma “égide” de proteção (como uma carranca que afasta espíritos ruins).
Menções Honrosas:
CARLOS EDUARDO da Rosa – Artes Visuais (Licenciatura). Confiança faz referência à ambiguidade acerca de questões raciais. A atenção aos destalhes, desde a textura da pele até o brilho dos olhos, resulta em uma melancolia sombria, nos contrastes entre a alegria ao ver a imagem e a desconfiança que o olhar carrega de forma sutil.

Emily Mezzomo (EMYZMO) – Artes Visuais (Licenciatura). A Série Manipulação do Real nasce como uma reflexão. Em um mundo onde a positividade tóxica e a busca desenfreada por performance se tornam regras silenciosas, as consequências são claras: depressão, ansiedade, burnout. Ao tentarmos nos encaixar em um modelo de vida que negligencia o essencial, estamos adoecendo.
MARINA CORSO WITT – Artes Visuais (Licenciatura). A xilogravura Infância perdida foi produzida a partir da pesquisa na obra da artista Magliani e da seguinte provocação: qual elemento ou símbolo pode representar sua indignação acerca do mundo? A partir desta questão, a obra surgiu a partir da indignação acerca da tentativa de criação da PL 1904/2024, que equiparia o aborto legal ao crime de homicídio, mesmo em casos de estupro, atingindo crianças vítimas de violência.

Confira os trabalhos selecionados dos estudantes de cursos de graduação:
Analice Bonett (LILITI PADILHA) – Artes Visuais (Bacharelado). O Livro Tapume utiliza a linguagem da gravura e a estética da rua para “tapar” e, simultaneamente, “revelar” as fissuras e conflitos existentes nas políticas de gênero, desafiando o apreciador da obra a confrontar o que está “por detrás do muro” da arquitetura social.
CHARLES MAGNABOSCO – Artes Visuais (Bacharelado). A IA foi usada inicialmente como desafio para criar a capa de um álbum musical em torno de um conjurante que, ao realizar um ritual e desejar além do possível, é tragado para uma realidade de fogo e loucura. Assim surgiu a tela Eu desejo a sabedoria sem que o autor deixasse de buscar o processo criativo como essência humana da arte.
DAIANE ROSA FIGUEIRÓ – Artes Visuais (Licenciatura). Silêncio em flor e Frutos de inverno integram a pesquisa visual da autora sobre o silêncio das formas naturais e a relação entre luz, cor e contemplação. As composições unem leveza, contraste e profundidade atmosférica, criando um diálogo entre o controle e o acaso. Cada flor e fruto nasce do gesto e da observação meditativa num exercício que transforma o simples em poético e o efêmero em permanência.
DANIEL Bernardes de ALMEIDA – Artes Visuais (Licenciatura). Mural de Falhas – Galeria de Tentativas foi desenvolvida ao longo de dois anos de processo criativo a partir de um desenho em tela não finalizado. A desistência se torna um acontecimento recorrente na vida do artista que acumulou obras inacabadas e seus fragmentos, e foi compondo a partir destes atravessamentos. Diversos questionamentos serpenteavam sua confusa cabeça, que à procura de respostas, encontrava mais perguntas. O colar cobra coral faz desses questionamentos o seu ninho. Cobra sem cauda, nem cabeça. Sem começo, nem fim.
EDUARDA YNÊS dos Santos – Artes Visuais (Bacharelado). Sentir propõe uma reflexão sobre como os sentimentos, quando intensos, podem ferir e, ao mesmo tempo, revelar nossa humanidade. A obra é, portanto, uma metáfora visual do que acontece dentro de nós quando as emoções se tornam densas e quase insuportáveis, mostrando a fragilidade e a profundidade do ser.
Emanuelli de Lima Honorato (MANU ARTS) – Artes Visuais (Bacharelado). Entralaçar do coração remete à emoção, à fragilidade dos sentimentos, à essência do que somos de forma mais pura, entrelaçada pelo que nos cerca. A obra faz parte de uma série de três pinturas, buscando explorar a complexidade das conexões humanas, as situações que nos manipulam, as relações que nos cercam. É o sentimento da dúvida entre estar sendo genuinamente quem se é, ou se tornando o que o sistema e as relações sociais te forçam a ser.
Fernanda de Oliveira Roveda Silveira (FE ROVEDA) – Artes Visuais (Bacharelado). A série utiliza-se da metáfora da paralisia do sono como representação dos medos que nos imobilizam, construindo uma narrativa simbólica de passagem, em que o indivíduo transita do limbo ao esclarecimento, e da paralisia à consciência.
GABRIELI MILANO Tomaz – Moda. Da Série Mosaico Cultural, a fotografia trata sobre misturar o tradicional de outras culturas com inovações da contemporaneidade, seja no modo de vestir-se, seja no movimento e ângulos divergentes do comum de uma câmera.
Isadora Galimberti Perim (PANE) – Artes Visuais (Licenciatura). Os temas retratados em minhas obras sempre seguem a mesma linha: abordar sobre a comunidade periférica, a cultura e a vivência enquanto pessoa LGBT. Nascida e criada na periferia de Caxias do Sul, comecei a focar meus processos criativos em pintura em telas, como na obra Carcaça. Em 2021, passei a ser ativa na cultura Hip Hop o que fez com que meu trabalho também começasse a ser visto pela cidade através da arte urbana.
JOELLE DO PRADO – Artes Visuais (Bacharelado). Lembranças que não me pertencem é resultado de uma reflexão tardia, provocada pelo luto e pela descoberta de objetos desconhecidos em um ambiente familiar. O quanto nós realmente sabemos sobre as pessoas que amamos? Durante os anos de convivência sempre pensei que soubesse muito sobre a minha avó. Porém ao revisitar seus pertences após a sua partida percebi o quão pouco ela falava sobre si mesma. No fim das contas, talvez ela fosse quase uma desconhecida.
MARIA EMÍLIA Seibel Jerke – Moda. Tríptico meu é testemunho da fenda entre corpo e percepção. Um espelho que não reflete, mas deforma, toda vez que é consultado. São fragmentos desconexos que se negam à unidade. É a tentativa desesperada de costurar identidades que não se reconhecem. Olhar e não se ver, ser e não se habitar. A figura se dissolve em lacunas, como se a própria carne fosse estrangeira, como se cada traço fosse ruído e cada versão, impostora. O resultado é um retrato multifacetado de uma identidade que jamais se consolida, sendo eternamente fragmentada.
Mariana MILESKI – Artes Visuais (Bacharelado). Espiral de pensamentos é uma xilogravura que tem como referência o livro – também adaptado no longa metragem – Tartarugas Até Lá Embaixo. Na história, a personagem convive com o Transtorno Obsessivo Compulsivo e apresenta momentos em que tenta lidar com sintomas e consequências causadas pelo TOC. Assim como a personagem eu convivo com o TOC desde a infância, passando por sintomas que afetaram negativamente minha vida. A gravura é inspirada na cena em que a personagem em surto, em frente ao espelho, é tomada por pensamentos negativos e descontrolados, chegando ao ápice de um colapso.
NADIME (Saraiva Rissi) KOFF – Artes Visuais (Licenciatura). Aceita um sopro? nasce como gesto de inversão e reparação simbólica. Ao longo da história, povos originários foram esmagados pela violência colonial europeia, suas culturas silenciadas e suas espiritualidades demonizadas. Mas e se tivesse sido o contrário? E se a lógica da colonização fosse revertida e o Cristo ocidental recebesse não a imposição, mas o sopro de cura de um pajé indígena?
Yuri de Lima Czerwinski (TCHERVINSQUI) – Artes Visuais (Bacharelado). A série composta pelas pinturas Identidade Primeira, Descanso Intracorpóreo e Tudo o que Você podia aborda os sentimentos pessoais que buscamos ignorar como agonia, solidão, nostalgia e saudade. Sentimentos esses que trazem a necessidade de buscar conforto naquilo que ficou para trás. Cada trabalho busca explorar a sensação visceral da vida adulta esmagadora, e como nos tornamos reféns de nossa própria identidade e imagem moldada com o tempo.
Confira os trabalhos selecionados e premiados de estudantes do ensino médio do Cetec:
1° LUGAR (CETEC)
Henrique Baratieri Zampieri (ZAMPI) – Turma Kappa 2
O que pode definir alguém melhor do que as suas experiências? O livro de artista imagen venera consiste em um objeto que funciona como memórias perdidas e isoladas em uma estação espacial. Sem contato algum com o Externo, o que sobra na auto-procura são imagens mentais de uma nostalgia distante de experiências e memórias.
imagen venera serve como uma espécie de autorretrato. O que somos nós se não a nostalgia de experiências passadas? A narrativa visual da obra combina elementos de presença na infância e na adolescência trazendo um significado e uma estética únicos dentro de uma realidade visual introspectiva e pessoal.

2° LUGAR (CETEC)
Pedro Biz Calcagnotto (BIZ) – Turma Kappa 2
A partir do momento em que arte deixa o técnico e o glamouroso para entrar no campo do trivial, como mencionou Oldenburg (1961), as figuras mais caricatas, as cores mais vibrantes e os objetos mais simples se tornam receptáculos para as mais sutis críticas. Foi baseado nesse pensamento que criei a Série Isso não é um cigarro, composta por duas obras. Utilizando-me dos elementos já citados, com referência à pop-art, meu objetivo foi representar meus próprios temores, tanto quanto ao mundo, ambientes e situações que cercam minha vida diária, quanto a meu próprio ser.

3° LUGAR (CETEC)
Isabelle Guerra Porto (B3LLEXS) – Turma Gama 2
Na videoarte A Linha, a palavra tempo relaciona-se a um fluxo contínuo, invisível e inevitável. Ele atravessa o cotidiano em pequenos gestos, na chama que se extingue, no calor que se dissipa, na infância que se desfaz. É nesse espaço de delicadeza e transitoriedade que a videoarte se constrói, buscando dar forma sensível a algo que escorre sem se deixar capturar. O curta traz uma reflexão sobre a passagem do tempo e o instante em que finalmente nos damos conta de sua presença, não apenas como um marcado externo, mas algo sentido internamente em memórias, perdas, transformações e contemplações.
MENÇÃO HONROSA (CETEC)
ISABELLA ARGUEDAS-RIBEIRO – Turma Ômicron 1
Por trás de muita cola, biscuit, farinha, óleo e ademais tintas, as obras “gosto, textura, nojento” e “com o escuro, a culpa“, da Série Prende-se a mim, saia de mim, abordam sentimentos como se fossem pegajosos, a retratação de uma pessoa diante deles e como a sensação e experiência de vivenciá-los podem se parecer. Durante a puberdade, junto com a preocupação com a aparência surge a sensação de impotência, nojo e ódio diante de obstáculos para alcançar a ensinada perfeição.

Serviço:
Exposição: XVIII Salão de Artes e 11º Prêmio Koralle
Período: de 12 de dezembro a 25 de janeiro de 2026
Local: Sala de Exposições do Centro de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho
Endereço: rua Luís Antunes, 312, bairro Panazzolo, Caxias do Sul – RS, CEP 95080-000
Entrada franca
Realização: UCS / Área de Artes e Arquitetura / cursos de Artes Visuais / Koralle
Apoio: Arte na Escola Polo/UCS
Parceria: Prefeitura de Caxias do Sul / Secretaria da Cultura / Unidade de Artes Visuais