Foto: Itelvino Jahn tem 30 peças em exposição no local até 23 de dezembro/Divulgação
Foto: Itelvino Jahn tem 30 peças em exposição no local até 23 de dezembro/Divulgação

Espaço tradicional das artes plásticas em Porto Alegre, a Galeria Tina Zappoli (rua Paulino Teixeira nº 35, bairro Rio Branco) recebe às 19h30min desta terça-feira, dia 25 de novembro, o escultor Itelvino Jahn para um encontro com o público, em nova edição do projeto “Conversa com o Arista”. A atividade é gratuita, aberta ao público e com mediação do jornalista e professor de Filosofia André Peres.

O convidado se dedica desde 2023 ao uso de um material repleto de significados: a madeira de árvores caídas, trabalho que tem 30 peças em destaque no local até 23 de dezembro (14h19h), com a exposição “Permanências”. Na curadoria estão os sócios do espaço, Tina Zappoli e Marinho Neto.

Itelvino molda troncos e galhos de espécies nativas do Rio Grande do Sul, bem como frutíferas e exóticas, matéria-prima obtida por meio de “garimpo” em áreas de mata, bem como de doações de gente que conhece sua arte ou mesmo de órgãos ligados à defesa do Meio Ambiente e que avisam sobre a queda ou retirada de árvores condenadas em locais públicos. A lista abrange troncos ocos, semi-queimados, machucados por arames ou pragas.

Nascido e criado em um sítio na localidade de Campo do Meio, em Montenegro (Vale do Caí), o escultor iniciou sua experimentação com o material aos 10 anos, de modo autodidata:

“Minha trajetória realmente começou aqui no Interior, onde vivo até hoje, com a observação da matéria-prima, nas várias lidas da agricultura, avaliando madeiras já caídas, velhas, mortas, secas. Ao armazená-las, comecei a perceber formas e a guardá-las para evitar que virassem lenha”.

Sobre o título da mostra, o artista contextualiza: “A conexão com as árvores mortas sempre foi marcante para mim. Sinto uma relação com essa matéria como se quisesse fazer uma espécie de agradecimento, buscando perpetuá-la. Assim, as ‘permanências’ se traduzem na continuidade do que as árvores nos ofereceram em vida, por meio da escultura, que lhes concede uma nova existência ou sobrevida, permanecendo entre nós. É essa a essência”.

Sobre o espaço

Fundada em 1981, a galeria Tina Zappoli tem como proprietários o artista Marinho Neto e a galerista Tina Zappoli. Inicialmente, o espaço dedicou-se mais a artistas modernistas estabelecidos no século 20, adquirindo um caráter contemporâneo. Ao longo de sua trajetória, teve o privilégio de circular nacionalmente com a obra de Iberê Camargo, artista que representou até sua morte, em 1994.

Depois a Galeria foi introduzindo aos poucos em seu acervo “Arte Popular Brasileira”, uma das paixões de Marinho e Tina, sócia-fundadora do local. Com ineditismo na Região Sul do País, a galeria mescla harmoniosamente Arte Popular e Arte Étnica com Arte Moderna e Contemporânea e, desde então, é referência em Porto Alegre da convivência singular da arte popular brasileira com obras contemporâneas e exemplares dos grandes artistas da nossa terra.

Fonte: O Sul/Marcello Campos