As obras de autoajuda dominam as prateleiras entre as mais vendidas, mas elas fazem mesmo algum sentido?
O mercado de autoajuda, incluído no Painel do Varejo de Livros no Brasil como parte da Não Ficção Trade, alcançou 27,04% de faturamento em 2022, segundo o monitoramento da Nielsen BookScan e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL).
A pesquisa apontou um aumento de 7,33% no preço médio do gênero (representado em Não Ficção Trade) entre os anos de 2021 (R$38,47) e 2022 (R$41,28). O segundo lugar ficou para a Ficção, com 6,34%.
Mas o que muita gente se pergunta é: será que os livros vendem tanto porque eles funcionam de verdade ou somente por modismo?
Autoajuda realmente funciona? O poder das autodeclarações
Um artigo realizado pelos pesquisadores Joanne Wood, John Lee e Elaine Brunswick, publicado em 2009, avaliou a influência da frase “eu sou uma pessoa amável” (I am a lovable person”, no original) em participantes com baixa e alta autoestima.
O resultado foi publicado em “Autodeclarações positivas: Poder para alguns, Perigo para Outros” (“Positive Self-Statements: Power for Some, Peril for Others”, em inglês).
Os indivíduos com baixa autoestima não responderam positivamente à autodeclaração, mas as pessoas com a alta “que repetiram a afirmação ou se concentraram em como ela era verdadeira” se sentiram melhor, “mas em um grau limitado”
Autoajuda realmente funciona? Uma psicóloga opina
A psicóloga Roberta Maria Ferreira argumenta que os livros de autoajuda podem ser usados como “uma ferramenta para auxiliar o paciente a ter mais tempo de qualidade com ele mesmo”, mas não substituem o auxílio profissional.
Para Roberta, o sucesso de publicações que oferecem “receitas prontas” pode estar conectado com a relação entre a Geração Z e o mundo digital, quando a necessidade de “informações a um clique” cria respostas massificadas como fast-food.
A profissional destaca que determinadas questões emocionais dos seres humanos são “muito mais profundas do que algumas páginas lidas e problema resolvido”.
Autoajuda realmente funciona? Uma leitora opina
A estudante de jornalismo Fernanda Mendes justifica a posição das publicações de autoajuda com a diversidade de temas ofertados. “Você pode encontrar um para atuar como guia para quase qualquer objetivo desejado”, afirma.
O contato inicial de Fernanda com o gênero aconteceu por meio das redes sociais. A leitura fácil, “muitas vezes com preços acessíveis”, acabou chamando a sua atenção, além dos “profissionais que entendem do assunto abordado”.
“Muitas pessoas acham que esses livros são perda de tempo e não agregam conhecimentos úteis”, confessa.
As vendas unitárias de livros de autoajuda atingiram 18,6 milhões de dólares em 2019 apenas nos Estados Unidos, segundo a empresa NPD. A analista da indústria de livros da NPD, Kristen McLean, apontou que o número de títulos publicados também aumentou, dificultando o destaque de novas obras.
Fonte: O Povo