Já pensou ter uma jaqueta que carrega seu celular?

Novo campo da engenharia, a eletrônica têxtil, vai além da ‘jaqueta carregador’ e pode ter benefícios até na saúde.

Já imaginou usar uma sacola de praia que toca música? Ou uma jaqueta que carrega seu celular? Essas possibilidades até parecem impossíveis, mas podem ser tendência da indústria têxtil graças a área da engenharia chamada eletrônica vestível.

Roupas eletrônicas

  • Apesar de ainda não serem extremamente populares, as roupas eletrônicas já são reais;
  • A Levi’s e o Google, por exemplo, se uniram em 2019 para criar jaqueta que usa conexão Bluetooth e bateria embutida para tocar músicas. Ela já saiu de linha;
  • Já a AG Têxtil, empresa de Americana (SP) trabalha em bolsa de praia que vem com bateria e antena Bluetooth. Juntas, elas permitem conectar o acessório ao celular e tocar músicas em alto-falante embutido;
  • A empresa também pretende criar almofada capaz de funcionar como controle remoto, com botões sensíveis ao toque que poderiam controlar até uma Smart TV. É o que conta o engenheiro têxtil André Correa Marcilio ao site Pesquisa FAPESP.

Jaqueta da Levi’s que carrega celulares (Imagem: Reprodução/Levi’s)

Outros exemplos

Aos poucos, o setor vai ganhando notoriedade: outro exemplo é do Centro de Componentes Semicondutores e Nanotecnologias da Universidade Estadual de Campinas (SP), que vai criar palmilha de bota que aquece os pés.

O modelo usa tecnologia de nanografite e silicone com propriedades condutoras e é feito especialmente para quem trabalha em baixas temperaturas, como em frigoríficos.

Além disso, de acordo com o físico Stanislav Moshkalev, coordenador da pesquisa, a intenção é usar somente componentes nacionais para reduzir o custo do produto em relação a importados semelhantes. A palmilha está em fase de licenciamento para empresa que quer fabricá-la em escala comercial.

Já na Universidade Federal do Vale do São Francisco, o engenheiro eletrônico Helinando Pequeno de Oliveira trabalha para criar tecidos e películas que gerem energia por si próprios, sem depender de pilhas ou baterias, o que evitaria alguns dos desafios do setor.

Uma das soluções encontradas por ele e sua equipe, ainda em fase de protótipo, é um tecido que capta energia mecânica, como a gerada pelo movimento do corpo.

Bolsa de praia com caixa de som da AG Têxtil (Imagem: Reprodução/AG Têxtil)

Dificuldades do setor

Segundo Marcílio, uma das principais dificuldades da eletrônica vestível é a falta de investimentos. Isso porque muitas empresas têm interesse em comercializar os produtos, mas apenas quando eles estão prontos, o que não é o caso ainda. O segredo do setor está na massificação da produção para atender essas demandas de comercialização.

Para Oliveira, outro desafio é como armazenar a energia gerada ao longo do dia. Ele trabalha em protótipo de fios de algodão que armazenam essa energia, e vislumbra que poderiam até integrar marca-passos alimentados pelo movimento do corpo.

Só roupas eletrônicas?

Pesquisas indicam que os focos da eletrônica vestível são a área da saúde, vestimentas e acessórios. No primeiro, os sensores desenvolvidos por esse campo de estudo poderiam monitorar diversas propriedades do corpo e servir para apoiar tratamentos de saúde.

Já no setor de vestimentas, acessórios e até sapatos, a eletricidade gerada pelas roupas pode servir a propósitos práticos, como regular a temperatura do corpo sem usar baterias, ou estéticos, como inserir luzes e outros atributos visuais.

Fonte: Olhar Digital