Foto: Alguns dos entrevistados na pesquisa que compartilharam seus conhecimentos culturais, vivências e experiências de vida/Crédito Anthony Beux Tessari

O Instituto Memória Histórica e Cultural da Universidade de Caxias do Sul (IMHC) lançou o livro Nova Prata 100 Anos – Patrimônio Cultural Imaterial das Comunidades Rurais. A obra editada pela Editora da Universidade de Caxias do Sul (EDUCS) celebra o centenário do município da Serra Gaúcha.

A iniciativa é da Prefeitura de Nova Prata, que recorreu à expertise do IMHC para fazer o levantamento das informações e a produção. Durante 2023, os professores pesquisadores da UCS Anthony Beux Tessari e Eliana Gasparini Xerri percorreram todas as 28 comunidades rurais do município.

A escolha pelas localidades do interior ocorreu em decorrência da transformação destes locais por diversos motivos, entre eles o falecimento das pessoas idosas e a perda de lembranças não registradas, a realização de festas de comunidade e a preservação de manifestações mais comuns em relação à cidade.

Foram entrevistadas 76 pessoas, a maioria idosas – com idade média de 80 anos. Também foram feitas 300 fotografias de entrevistados, capelas, salões comunitários e atividades de trabalho, como ferraria, selaria, alfaiataria, cuidado dos animais, colheita da uva e moagem de milho.

O livro categorizou expressões e manifestações significativas do patrimônio cultural imaterial das comunidades: saberes – conhecimentos e modos de fazer enraizados no cotidiano das comunidades; celebrações – rituais e festas que marcam a vivência coletiva do trabalho, da religiosidade, do entretenimento e de outras práticas da vida social; formas de expressão – manifestações como a linguagem, o canto, as atividades lúdicas e o lazer; e lugares – espaços onde se concentram e se reproduzem práticas culturais coletivas.

Na avaliação do professor Tessari, diretor do IMHC, um levantamento como esse se torna importante pois consiste na entrega de subsídios sobre a cultura e a identidade local. Desta forma, o município possui elementos para estruturar políticas públicas voltadas à preservação do patrimônio histórico. “Pode ser considerado um fator para o desenvolvimento local, seja no turismo, na economia, mas também na saúde, bem-estar, na preservação do meio ambiente e no respeito à diversidade”, reflete.

Curiosidades

Entre os destaques durante o trabalho de campo, o professor recorda de um senhor que atua como sineiro na comunidade de Nossa Senhora da Saúde. “É o último no interior de Nova Prata a executar a função. Ele nos contou sobre as formas de tocar o sino do campanário para informar sobre eventos importantes na comunidade, como o prenúncio de temporal, a chegada do padre e o falecimento de um morador”, recorda. Outro relato curioso vem da comunidade de Rio Branco, onde residem os três Joãos: João do Couro, João do Ferro e o João do Pano, respectivamente seleiro, ferreiro e alfaiate. Os negócios permanecem em atividade.

Além do IMHC, colaboraram na produção do livro a diretora do campus da UCS em Nova Prata, professora Rosecler Maschio Gilioli, e funcionários do campus.