Ao final do filme ‘A Lenda do Tesouro Perdido’ (2004), após encontrar um dos maiores tesouros da humanidade, o personagem de Nicolas Cage fica rico, muito rico, riquíssimo após ficar com 1% de todos seus achados, o que lhe garante uma fortuna inestimável.
Já na Colômbia, a divisão de uma riqueza que pode chegar a US$ 20 bilhões (cerca de R$ 98 bilhões) ainda não tem dono, apesar do governo do país não ter medido esforços para resgatá-la do fundo do mar.
Considerado o “Santo Graal dos naufrágios”, o galeão espanhol San José está na mira do governo colombiano, que planeja trazer o inestimável tesouro de ouro, prata e esmeraldas contido na embarcação, que repousa há mais de três séculos no mar do Caribe.
O presidente colombiano Gustavo Petro ordenou que seu governo resgate a carga do galeão o mais rápido possível, disse o ministro da Cultura colombiano Juan David Correa à Bloomberg. “Esta é uma das prioridades da administração Petro”, disse ele.
“O presidente nos disse para acelerarmos o ritmo”, completou, indicando que o trabalho precisa terminar até 2026.
O prazo final coincide com o final do mandato de Petro, mas até lá o esforço para trazer à tona nos 62 canhões e três mastros à superfície terá de ser extremamente intenso. Para isso, foi solicitada a formação de uma parceria público-privada para levá-lo adiante.
Contudo, uma vez na superfície, o tesouro muito provavelmente ainda não terá um dono, já que ele está em meio a uma guerra judicial. Afundado a cerca de 610 metros de profundidade, o San José – que levava 600 tripulantes a bordo – jaz no fundo do oceano desde 8 de junho de 1708. Ele era considerado uma lenda, até que a empresa norte-americana Glocca Morra descobrir seu paradeiro em 1981.
Nesse ano, a empresa entregou a localização do galeão ao governo colombiano com a promessa de receber metade de todas as riquezas encontradas. Anos mais tarde, em 2015, o então presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, disse que a marinha do país encontrou os destroços do San José num local diferente no fundo do mar.
Agora, a Glocca Morra – que hoje atende pelo nome de Sea Search Armada – alega que a marinha colombiana encontrou os destroços na mesma área onde fez a descoberta 34 anos antes e processa o país em US$ 10 bilhões, com base no Acordo de Promoção Comercial EUA-Colômbia. O processo, por sua vez, traz a afirmação do governo de que nada foi encontrado nas coordenadas compartilhadas pela empresa.
Será que se os americanos aceitarem o 1% que o personagem de Nicolas Cage aceitou na aventura de 2004, o imbróglio judicial chega ao fim. Afinal, são “apenas” US$ 200 milhões!
Fonte: Revista Monet