Em 2025, a Fundação Dr. Carlos Barbosa Gonçalves chega a marca de cinco décadas de atuação na preservação da memória e do legado de Carlos Barbosa Gonçalves e de sua família. A entidade foi fundada em 1975, por desejo testamentário de uma das filhas do líder político, e mantém em Jaguarão, no Sul do Estado, uma Casa Museu onde Carlos Barbosa Gonçalves viveu a maior parte da vida.
Nela, é possível encontrar um acervo de mais de 4 mil itens catalogados, entre vestimentas, mobília e objetos da residência do final do século XIX, e diversos documentos que são parte da história do Rio Grande do Sul. Os 50 anos são comemorados com uma agenda de diversas atrações, que segue ao longo dos próximos meses.
“Preservar e celebrar a história desta família e desse homem que tanto fez pelo desenvolvimento do Estado na política, na saúde, na infraestrutura e em tantas outras frentes, é o que nos move”, comenta o presidente da Fundação, Clovis Teixeira Goncalves da Silva, que é descendente de Carlos Barbosa Gonçalves. A entidade tem 11 conselheiros que fazem a gestão do patrimônio de forma voluntária. “Para comemorar as cinco décadas dessa missão, projetamos diversas iniciativas para qualificar ainda mais o trabalho da Casa Museu e os seus elos com pesquisadores, professores de escolas e comunidade em geral”, resume o presidente.
Para isso, a entidade já colocou em prática uma agenda cultural, com ações especiais que complementam as visitações. Nas segundas-feiras, é possível agendar visitas guiadas para instituições de ensino com atividades interativas adaptadas às diferentes faixas etárias dos participantes. A atração contempla uma visitação guiada com personagens alusivos à época, com um momento reservado para a interação e encantamento através da música.
Como parte das celebrações, a Casa Museu prepara na residência uma sala audiovisual, que contará com a exibição de um documentário que apresentará relatos de pessoas que guardam memórias de momentos compartilhados com os membros da família Barbosa Gonçalves. Também é projetado um espaço de pesquisas, que vai oportunizar que a comunidade, estudantes e pesquisadores conheçam a história através dos diversos aspectos que a constituem, como a arquitetura, costumes, registros e fatos que marcaram uma época.
Além disso, acontecerá o lançamento de um almanaque, coordenado pela historiadora Marize Malta, com a história da Fundação Dr. Carlos Barbosa Gonçalves desde sua formação até os dias atuais. A historiadora, através de seu trabalho, enfatiza a leitura do acervo histórico encontrado na Casa Museu, construindo, assim, uma linha temporal entre o passado e o presente, capaz de nos revelar fatos marcantes. Por fim, também será produzido o livro pedagógico “O Conto da Boneca Encantada”, que conta uma história sobre Glorinha, uma das bonecas da filha de Carlos Barbosa Gonçalves, que é parte do acervo. A obra terá ilustrações de crianças da rede de ensino de Jaguarão e o objetivo é desmistificar as lendas e mitos que cercam a história da boneca. Uma agenda de shows musicais e uma festa de comemoração também estão sendo organizadas e as datas serão divulgadas em breve, através das redes sociais.
A experiência de como era a vida no final do século XIX
A Casa Museu Dr Carlos Barbosa Gonçalves fica na rua Quinze de Novembro, 642, no Centro de Jaguarão, e abre de segunda-feira a sábado, das 9h às 11h e das 14h às 17h. Aos domingos, o espaço cultural funciona apenas com agendamento prévio, até sexta-feira pela manhã, para grupos com, no mínimo, dez pessoas. Em uma área total de 656 metros quadrados, o acervo é um dos mais completos museus biográficos do País e tem a proposta de transportar o visitante para a rotina da família, preservando milhares de itens, com a casa completamente mobiliada.
Possui, por exemplo, lâmpadas de 1900, em pleno funcionamento, que lembram que a residência foi a primeira de Jaguarão a ter energia elétrica instalada; a chamada “xícara bigodeira”, objeto esse que os homens utilizavam para manter a integridade de seus bigodes ao consumirem líquidos quentes; e a “Estátua de Veneza”, de uma figura negra usando vestes nobres trazida pelo político da Europa para reforçar sua oposição contra a escravidão.
Além disso, conta com diversas fotografias, documentos e relatórios, muitos da época em que o líder político foi presidente do Rio Grande do Sul – o equivalente a governador, na época – de 1908 a 1913. “Diversos itens curiosos de como era a vida do século XIX se entrelaçam com importantes registros históricos do Estado. E esse é um dos fatores mais especiais desse espaço”, comenta Juliana Porto Machado, produtora cultural de eventos do espaço.
Mais informações podem ser acessados através da página do Instagram, em www.instagram.com/museudrcarlosbarbosa.
Sobre Carlos Barbosa Gonçalves
Sobrinho-neto de Bento Gonçalves, Carlos Barbosa Gonçalves nasceu em Pelotas no ano de 1851, e foi criado em Jaguarão, onde passou a maior parte da vida. Foi médico, tendo realizado diversas contribuições para a área da saúde na região Sul, e importante liderança política, responsável por presidir o Congresso Constituinte enquanto deputado da Assembleia Provincial em 1891. Foi presidente do Estado do Rio Grande do Sul – o equivalente a governador, atualmente – de 1908 a 1913, liderando iniciativas como a reestruturação da então Faculdade Livre de Medicina de Porto Alegre, o projeto de construção do Palácio Piratini, as obras do Cais da Capital Gaúcha, do “Porto Novo” de Rio Grande e da ferrovia ligando o Vale do Caí à Serra, entre diversas outras. A ferrovia é uma das razões pela qual ele é homenageado pela cidade da Serra Gaúcha que leva seu nome. Carlos Barbosa Gonçalves faleceu em 1933, aos 82 anos de idade.
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