Foto: Cena do filme Manas/Divulgação

A extensa ovação do público ao término da primeira sessão mundial de “Manas”, no Festival de Veneza, foi apenas um prenúncio do que viria a acontecer poucos dias depois, no encerramento da competição. Na sexta-feira (6), o filme que marca a estreia de Marianna Brennand em longas de ficção levou o GDA Director’s Award, principal prêmio da Giornate Degli Autori, cujo objetivo é destacar obras autorais e cineastas emergentes com visão cinematográfica inovadora. Com a conquista, a cineasta se tornou o primeiro nome brasilieiro a atingir tal feito.

“Estou transbordando de felicidade e emoção. Esse prêmio é importante para mim como diretora, para toda a equipe brilhante que fez esse filme, para todas as “manas” do Pará, do Brasil e do Mundo. E é um prêmio que eu recebo em nome do nosso cinema brasileiro, ele representa nossa força, nossa verdade, nossa ousadia e coragem em resistir assim como nossa protagonista resiste e reage bravamente”, comemora Marianna.

O júri, presidido pela diretora Joanna Hogg, coordenado por Karel Och, diretor do Festival de Karlovy Vary, com o apoio da Europa Cinemas e Cineuropa, e composto por David Bakum (Alemanha), Victor Courgeon (França), Maarja Hindoalla (Estônia), Dimosthenis Kontes (Grécia), Amalia Mititelu (Romênia), Saulė Savanevičiūtė (Lituânia), Esmée van Loon (Países Baixos), Gregor Valentovic (Eslováquia), Isabella Weber (Itália) e Chris Zahariev (Bulgária), todos ex-participantes do projeto 27 Times Cinema, decretou o vencedor.

Concedido ao realizador do melhor longa da mostra, o Director’s Award foi anunciado durante a tradicional reunião plenária transmitida ao vivo na página do Facebook e no canal do YouTube da Giornate degli Autori. Além do troféu, o filme vencedor ganha uma premiação em dinheiro de € 20.000, a ser dividido igualmente entre o cineasta e o distribuidor internacional do filme, para promover a sua circulação.

A produção traz no elenco a estreante Jamilli Correa, no papel principal, Dira Paes, Fátima Macedo e Rômulo Braga, além de atores e atrizes locais da região amazônica, onde foi filmado. O roteiro vencedor do Sam Spiegel International Film Lab é assinado por Felipe Sholl, Marcelo Grabowsky, Marianna Brennand, Antonia Pellegrino, Camila Agustini e Carolina Benevides.

“Manas” narra a história de Marcielle/Tielle (Jamilli Correa), uma jovem de 13 anos que vive na Ilha do Marajó (PA) junto ao pai, Marcílio (Rômulo Braga), à mãe, Danielle (Fátima Macedo), e a três irmãos. Ela cultua a imagem de Claudinha, sua irmã mais velha, que teria partido para bem longe após “arrumar um homem bom” nas balsas que passam pela região. Conforme amadurece, Tielle vê ruírem muitas das suas idealizações e se percebe presa entre dois ambientes abusivos. Preocupada com a irmã mais nova e ciente de que o futuro não lhe reserva muitas opções, ela decide confrontar a engrenagem violenta que rege a sua família e as mulheres da sua comunidade.

“Manas” é uma produção da Inquietude, em coprodução com Globo Filmes, Canal Brasil, Pródigo e Fado Filmes (Portugal), com produção associada da VideoFilmes e Maria Carlota Bruno (Brasil), da Les Films du Fleuve, Delphine Tomson e Jean-Pierre e Luc Dardenne (Bélgica) e de Dominique Welinski (França). Foi premiado com o Emerging Filmmaker Award (Sam Spiegel International Film Lab) e teve o apoio do Programa Ibermedia. No Brasil, o filme será distribuído pela Bretz Filmes.

Sinopse
Marcielle, uma jovem de 13 anos que vive na Ilha do Marajó (PA), começa a entender que o futuro não lhe reserva muitas opções. Encurralada pela resignação da mãe e movida pela idealização da figura da irmã que partiu, ela decide confrontar a engrenagem violenta que rege a sua família e as mulheres da sua comunidade.