Foto: Divulgação/Crédito eduardops93/Pixabay

Bandeirinhas coloridas, fogueiras, comidas e ritmos típicos caracterizam as festas juninas, uma das celebrações mais tradicionais do Brasil. As comemorações atuais são marcadas por uma enorme mistura cultural, que agrega contribuições católicas europeias, negras e indígenas, assim como muitas expressões culturais brasileiras. Entretanto, a origem das festas pode ser traçada desde muito antes do Brasil sequer ser um país.

Historiadores apontam que a origem europeia de tais festas está relacionada a festividades pagãs de mudança de estação: da primavera para o verão, com a intenção de afastar maus espíritos durante a época da colheita.

Após a consolidação do catolicismo como principal religião europeia, esta festa foi incorporada ao calendário católico, o que explica a relação de nossas festas com os santos: Santo Antônio (13 de junho), São João (24 de junho) e São Pedro (29 de junho).

Foto: Festa de São João de Campina GrandePB/Divulgação

Chegada da Festa Junina ao Brasil
Acredita-se que as festas juninas tenham sido trazidas ao Brasil pelos colonizadores portugueses durante o período colonial. Os portugueses celebram o mês de junho em honra a esses três santos e estas festas são marcadas por procissões, missas, danças e comemorações populares.

Ao longo do tempo, porém, as festas juninas no Brasil foram também influenciadas pelas tradições indígenas e afro-brasileiras, incorporando elementos culturais locais e se tornando uma mistura única de diferentes influências.

A cultura indígena contribuiu com elementos como o uso de fogueiras e rituais relacionados à agricultura e à fertilidade. Já a influência africana trouxe as danças, músicas e instrumentos típicos, como o tambor e a zabumba, que se tornaram parte essencial das festas juninas brasileiras.

De um modo geral, as festas juninas no Brasil são caracterizadas por danças tradicionais, como a quadrilha, em que as pessoas se vestem com trajes caipiras, dançam em pares e seguem uma coreografia. Além disso, há uma variedade de comidas típicas, como: milho cozido, pamonha, curau, pipoca, canjica, quentão, vinho quente, maçã do amor, arroz doce, paçoca, pé-de-moleque e bolo de milho.

A celebração é marcada hoje também pelo uso de vestimentas características, que podem incluir camisa xadrez, chapéu de palha e vestido de chita (tecido de algodão com estampas coloridas e vivas). Entre os estilos de música mais comuns e que compõem a tradicional quadrilha estão o sertanejo e o forró.

As festas juninas, no entanto, variam em diferentes regiões do país, com tradições e práticas específicas de cada localidade. As maiores festas juninas, também conhecidas como Festa de São João, acontecem nos estados da região Nordeste. É no Nordeste em que se encontram os dois maiores arraiás do Brasil: Campina Grande/PB e Caruaru/PE, em que as festas reúnem milhões de pessoas e duram quase um mês.

A quadrilha e a vestimenta da Festa Junina

Foto: Apresentação da Quadrilha Junina/Crédito Marcello Casal Jr/Agência Brasil

A origem dos vestidos de quadrilha da Festa Junina está ligada ao fato de que as festas onde a quadrilha era dançada eram promovidas pelas cortes. Entre os itens juninos, estão dois que são vistos como principais: a dança, mais conhecida pelo nome de quadrilha, e a vestimenta típica. Antigamente, por serem festas promovidas pelas cortes, as mulheres tinham que usar vestidos voluptuosos e rodados. Daí a origem dos vestidos de quadrilha, que, em nosso país, acabaram sendo confeccionados com tecidos mais coloridos e chamativos, principalmente com chita.

As quadrilhas possuem bastante valorização na região Nordeste do país, como em Campina Grande, na Paraíba, onde é realizado um dos maiores concursos dessa modalidade. Ainda sobre a dança, é possível notar que alguns dos nomes de seus famosos passos possuem origem francesa, como “anarriê”, “ampassã” e “tour”. Estes são utilizados em virtude da origem da dança, já que ela é herdada das festas da aristocracia francesa. Para saber mais detalhes sobre a quadrilha, clique aqui.

A fogueira da Festa Junina

Foto: Reprodução Internet

A origem da fogueira da Festa Junina está ligada às culturas greco-romanas e dos celtas.
As tradicionais fogueiras das Festas Juninas são herdadas das culturas greco-romanas e dos celtas. Esses povos cultuavam as fogueiras como forma de agradecimento aos deuses pelas boas colheitas. Essa prática também foi aderida no Brasil, fazendo com que esse item se tornasse mais um símbolo forte da festividade. Em nosso país, muitos acreditam que a fogueira seja uma forma de purificação e proteção contra maus fluidos, além de símbolo da reunião de familiares e amigos durante a festa.

As bandeirolas da Festa Junina

Foto: Bandeirolas de São João/Reprodução Internet

As bandeirolas são uma homenagem aos padroeiros da Festa Junina. Conhecidas como o principal enfeite decorativo das festas juninas, as bandeirolas surgiram como forma de homenagem aos três santos “padroeiros” das Festas Juninas: Santo Antônio, São Pedro e São João. As imagens dos santos eram pregadas nas bandeiras coloridas e imersas em água, rito conhecido como lavagem dos santos. De acordo com a crendice popular, a água purifica todos aqueles que se molham com ela. O tempo foi passando, as bandeirinhas diminuindo de tamanho, mas continuam até hoje com a mesma simbologia: de purificar o ambiente da festa.

O casamento da Festa Junina

Foto: Casamento caipira/Divulgação

O “casamento caipira” é uma das partes mais divertidas da Festa Junina e foge dos “padrões tradicionais” de casamento. Ainda sobre os santos, Santo Antônio ficou conhecido como o santo casamenteiro. Essa “fama”, segundo alguns religiosos, veio de pedidos feitos por moças ao santo em busca de noivo e marido. Umas das formas de conseguir isso é colocar a imagem de Santo Antônio de castigo de alguma forma. Uma das maneiras mais conhecidas é mergulhá-lo de cabeça para baixo em uma bacia com água.

Ainda sobre tradições de cunho matrimonial, o famoso casamento caipira surgiu como forma de chacota aos casamentos clássicos, já que foge dos “padrões tradicionais”. A noiva aparece grávida e o pai obriga o noivo a se casar com uma espingarda apontada para a sua cabeça, tendo o apoio do delegado da cidade, que é amigo da família da noiva. O teatro do casamento é ainda maior, já que o noivo, que está embriagado, tenta fugir sem sucesso. O casamento caipira é finalizado com os noivos, então casados, puxando o início da quadrilha.

Comidas e bebidas típicas das Festas Juninas

Foto: Comidas típicas de São João/Divulgação

Apesar das tradições culturais de cada região brasileira (que possuem seus próprios pratos típicos), algumas comidas e bebidas se tornaram comuns nessas festas em praticamente todo o país, ganhando o paladar do povo e se tornando quase sinônimo gastronômico das Festas Juninas.

São comidas que representam boa parte da formação cultural do Brasil e da nossa culinária, como afirma a Agência Brasil no artigo intitulado “Festa Junina é aula de gastronomia e história”. Isso porque a diversidade de pratos, os ingredientes principais usados e suas maneiras de preparo carregam consigo um pouco da história do país.

Entre as comidas mais típicas das Festas Juninas se destacam aquelas feitas à base de milho, amendoim, arroz e mandioca. Do milho, por exemplo, são feitos muitos pratos doces e salgados, sendo este um ingrediente essencial da temporada junina no Brasil.

Esses ingredientes não foram escolhidos à toa como matéria-prima das receitas juninas. Segundo historiadores, a origem europeia das festas juninas (que vieram para o Brasil com os portugueses durante o período colonial) tem no Nordeste sua base e o milho como ingrediente principal porque esta era a região do Brasil centro da nova colônia na época. E era lá que ocorria a colheita do milho justamente em junho.

As comidas que se tornaram tradicionais por aqui, no entanto, ganharam outras influências além das européias graças à presença da cultura indígena e africana na culinária brasileira, que foi criando pratos famosos nas comemorações juninas.

Comidas juninas típicas feitas com milho
Ingrediente mais usado nas festas juninas, ele está presente em pratos salgados, como o milho-verde cozido servido com sal (e manteiga a gosto), e também na pamonha (iguaria feita a partir do milho-verde cozido ralado misturado com leite de vaca ou leite de coco, adicionado sal e manteiga, formando uma massa). Em São Paulo, por sua vez, também é comum usar a farinha de milho para fazer o “cuscuz paulista”, prato salgado tradicional nas Festas Juninas do estado. Em outros estados do Nordeste e do Norte é mais fácil encontrar o “cuscuz nordestino”, que também leva farinha de milho.

O milho também é essencial em doces juninos famosos como a canjica (que é feita com milho branco) e o curau (creme feito à base de milho verde). Além do bolo de milho e o bolo de fubá (que é uma farinha fina feita de milho). Além de claro, a pipoca (tanto doce quanto salgada).

Outras comidas tradicionais juninas
Com o amendoim é feito o “pé de moleque”, um doce seco e firme que é feito com amendoim torrado e leite condensado. Já com o arroz, o mais famoso prato é o arroz doce, em que o grão é cozido no leite com açúcar até ficar macio e depois é adicionado especiarias como canela e cravo. No Norte e no Centro-Oeste essa é também a época de se comer um prato salgado feito com o ingrediente: trata-se do “arroz Maria-Isabel”, que leva carne de sol na receita.

Há ainda regiões em que é comum encontrar maçã do amor, paçoca de amendoim, broa de fubá, pão de queijo, sanduíche de pernil, tapioca salgada e doce, bolo de amendoim, entre outros quitutes.

Bebidas tradicionais juninas

Foto: Quentão é uma das bebidas típicas das Festas Juninas/Freepik

Além das comidas, as bebidas típicas ganham destaque nas Festas Juninas brasileiras. Duas delas são as mais famosas: o vinho quente, que é a base de vinho suave fervido com canela, cravo, maçã e açúcar – e tem origem europeia; e o quentão, feito com cachaça, água, açúcar, gengibre ralado, limão, canela e cravo. Ambas são bebidas quentes cujo intuito é “esquentar” o corpo. Afinal, no Brasil as Festas Juninas acontecem no inverno – apesar de não fazer muito frio em boa parte do país.

Com informações de: Brasil Escola; Universidade de São Paulo/Faculdade de Saúde Pública/Nutrição;Redação National Geographic Brasil; Agência Brasil; Forró Online; Criativerso.