Foto: Anastácia Vaz/ UFRN

A estudante caxiense Júlia Giordano Bianchi, de 15 anos, além de conhecer um pouco mais sobre o planeta, participou de uma experiência única de pensar como um astronauta em uma missão que simula a vida em Marte. A caxiense, aluna do primeiro ano do ensino médio no CETEC UCS, foi uma entre os 24 brasileiros selecionados para fazer parte de pesquisas da Agência Espacial Brasileira (AEB), que simula experiências vividas em uma estação em solo marciano.

A estação espacial analógica Habitat Marte é um dos projetos mais inovadores no estímulo ao desenvolvimento de competências na área aeroespacial no hemisfério sul. Júlia conta que a inscrição se deu pela paixão por assuntos relacionados ao universo: “Desde o 8° ano eu tenho interesse em astronomia e eu estou sempre atrás de aulas, cursos e coisas do tipo para agregar meu currículo”, aponta a estudante.

O projeto Habitat Marte faz parte do Núcleo de Pesquisas em Engenharia, Ciência e Sustentabilidade da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e funciona desde 2017 no município de Caiçara do Rio do Vento (RN). A sede está em uma área impactada pela mudança climática, pela seca e escassez hídrica, localizada a 100 km de Natal, capital do Rio Grande do Norte.

Neste ano, a Estação Espacial Habitat Marte firmou parceria com a Agência Espacial Brasileira para uma missão virtual conjunta entre os dias 7 e 21 de junho. Chamada de Missão Espacial Análoga AEB/Habitat Marte, a iniciativa teve o objetivo de proporcionar a vivência de uma estação espacial em Marte sob a modalidade virtual.

Durante os 14 dias da missão, os participantes tiveram que buscar a autossustentabilidade pela geração da própria energia, reciclagem de resíduos e produção do próprio alimento. O desafio principal era desenvolver tecnologias que fossem aplicadas tanto no espaço quanto em regiões áridas e semiáridas, ou outras regiões ameaçadas pela escassez hídrica e seca.

Nas missões do Habitat Marte, todos os participantes são considerados membros da tripulação e são responsáveis por um módulo no habitat. Com base nessas considerações, cada astronauta deve preencher e enviar relatórios diários sobre as condições climáticas, atividades realizadas e algumas informações psicológicas, além de suas atribuições em cada módulo. Para Júlia, que trabalhou na tripulação responsável pela construção do Centro de Saúde em Marte, a experiência foi engrandecedora: “Foi uma experiência muito diferente, pois pude trabalhar com pessoas que já estão formadas na área e entendem muito sobre o assunto, além disso, tive a oportunidade de aprender mais sobre Marte, e sobre muitas outras áreas que foram trabalhadas na missão”, conta a estudante, que pretende seguir a carreira profissional na área da engenharia aeroespacial ou astrofísica.

Para Ana Cristina Possapp Cesa, diretora do CETEC, é muito importante o engajamento dos alunos em projetos inovadores: “Sempre fomentamos a pesquisa e a inovação por meio dos mais diversos projetos interdisciplinares da escola, como a Mostra Científica e Tecnológica, por exemplo. A participação da Júlia em uma experiência científica e, de certa forma, interplanetária, com certeza é motivo de alegria e inspiração para a escola e os demais colegas”, pontua a docente.

De acordo com o idealizador do projeto, professor Júlio Rezende, a missão espacial análoga pretende colaborar para o desenvolvimento de competências em variadas áreas do conhecimento (engenharia, biologia, sustentabilidade, gestão, psicologia, saneamento e energias). Rezende reforça que este tipo de desenvolvimento é importante para a exploração espacial e simula possíveis aplicações nas futuras estações espaciais em Marte e na Lua.