Parte do projeto de circulação “À Memória de Odila”, o espetáculo “Odila” encerra suas apresentações com a última encenação no sábado, dia 14 de setembro, às 19h30, de forma gratuita, no Centro Cultural Euzébio Beltrão de Queiróz (Rua Bento Gonçalves, 3333), no Bairro Euzébio Beltrão de Queiróz, em Caxias do Sul (RS). A peça conta a vida da jovem cidadã caxiense Odila Gubert, sobrevivente da tragédia na Metalúrgica Gazola, em 1943.
O monólogo, encenado e dirigido pela atriz Tina Andrighetti, contou com 10 apresentações entre 2023 e 2024, passando pelos distritos caxienses de Criúva, Santa Lúcia do Piaí, Vila Cristina, Vila Oliva e Vila Seca, como também pelos bairros Desvio Rizzo, Panazzolo, Petrópolis e Santa Fé. “Em todos locais que realizamos a peça, encontramos na plateia alguém que teve uma experiência com o fato, fosse por meio de relatos distantes ou de algum parente que o vivenciou. As reações sempre foram emocionadas, de admiração e até de surpresa por, pela primeira vez, terem a dimensão da tragédia e suas consequências, particularmente aquelas na vida de Odila”, aponta a atriz.
Após o período que passou imersa na história de Odila, Tina se identificou com a vivência retratada. “Entendo que carregamos, em algum espaço do nosso corpo e memória, fragmentos daquela explosão que abalou a cidade. A tragédia não apenas matou sete mulheres e amputou a perna da jovem Odila, mas vitimou suas famílias, desencadeou traumas e marcou profundamente a memória de muitos”, afirma.
O espetáculo foi inicialmente montado em 2016 como parte do Projeto Identidades, com o propósito de levar histórias reais à cena. Em 2023, completou-se 80 anos da explosão e 20 anos da morte de Odila Gubert, o que provocou a retomada das atividades da peça com uma agenda privilegiando o caráter popular da obra. “Ficamos na torcida por mais projetos como esse, trazendo oportunidades de circular e espalhar histórias que surpreendem, que resistem a apagamentos, que devolvem memórias e que modifiquem a todos e todas nós. O que fica desse projeto é um agradecimento profundo à nossa equipe, a quem colaborou com a criação do espetáculo, ao público, às empresas apoiadoras e, principalmente, aos familiares de Odila Gubert”, ressalta Tina.
Sobre a tragédia:
Em 22 de julho de 1943, sucessivas explosões ocorreram no principal pavimento da fábrica de munições Gazola, Travi & Cia e vitimaram sete funcionárias, as quais perderam sua vida ao cumprirem o dever “pelo esforço de guerra”: Graciema Formolo, Júlia Gomes, Olívia Gomes, Irma Zago, Maria Bohn, Tereza Morais e Anoema da Costa Lima, reconhecida como vítima somente em 2018. A tragédia deixou ainda 15 feridos, sendo que uma delas foi Odila Gubert, 20 anos, porém sua vida tomou outro rumo, contrário aos sonhos alimentados até então. Ela teve a perna direita amputada e permaneceu três meses e meio internada devido aos ferimentos. A empresa, encampada pelo Exército, fabricava artefatos bélicos para os combatentes brasileiros e, naquele dia, cerca de vinte operárias – com idades entre 14 e 20 anos, fabricavam munições no pavilhão. Recém consolidados, os direitos trabalhistas ainda careciam de igualdade entre homens e mulheres e também de cumprimento efetivo.
Ficha Técnica:
Direção e atuação: Tina Andrighetti
Supervisão de Dramaturgia/Cena: Tefa Polidoro
Pesquisa: Paula Cervelin Grassi e Tina Andrighetti
Preparação cênica e musical: Gutto Basso
Cenário: Roberta Tiburri
Figurino: Letícia Milani
Sonoplastia: Marielle da Rosa Costa
Iluminação: Juarez Barazetti
Produção: Gabriel Zeni
Captação de Imagens: Marcelo Costa
Duração: 60 minutos
Classificação etária: + 12 anos
Financiamento: LIC Municipal