Música

Lady Gaga leva multidão a Copacabana

Foto: Lady Gaga durante show em Copacabana - PABLO PORCIUNCULA/AFP
Foto: Lady Gaga durante show em Copacabana - PABLO PORCIUNCULA/AFP

Não foi sem atraso que Lady Gaga subiu ao maior palco de toda sua carreira, o da praia de Copacabana, na noite deste sábado. A expectativa da Prefeitura do Rio de Janeiro era que 1,6 milhão de pessoas comparecessem à apresentação, gratuita. A artista disse que eram 2,5 milhões de fãs espalhadas pelas areia, mas os responsáveis pelo show afirmaram que o público final foi de 2,1 milhões, maior que o de Madonna, no ano passado, estimado em 1,6 milhão.

Os fãs aguardaram impacientes por cerca de meia hora a mais do que o combinado. Mas, quando a cantora subiu ao palco, qualquer perrengue que tenha sido estar ali parece ter ficado para trás. E não era pouca dificuldade: a multidão não foi fácil de enfrentar, nem no metrô, nem na areia, nem na área VIP, destinada aos convidados dos patrocinadores.

A cantora, no entanto, conhece bem seu público, que espera há mais de uma década por esse show, desde sua primeira vinda ao país, em 2012. Ela então, pouco depois de iniciar a apresentação, com “Abracadabra” e “Alejandro”, usou um vestido todo azul, mas com detalhes em amarelo e verde, as cores da bandeira do Brasil. Foi o suficiente para que os fãs entrassem em polvorosa. E assim transcorreu a apresentação, na qual ela desfilou hits como “Vanish Into You”, de seu novo disco, “Mayhem”, cumprimentando os fãs na grade, e os já clássicos “Poker Face”, “Born this Way” e “Shallow”, este de seu filme “Nasce uma Estrela”, com o qual concorreu a um Oscar.

O show no Brasil, intitulado “Mayhem on the Beach”, é uma espécie de prelúdio da turnê do disco “Mayhem”, assim como foram os shows do festival Coachella, nos Estados Unidos, e o do México. Oficialmente, a turnê começa em Las Vegas, em julho.

Foto: how de Lady Gaga em Copacabana — Foto: Bruna Prado/AP

Dividida em atos, a apresentação incorpora uma estética de ópera gótica. Na interpretação, repleta de luzes estroboscópicas com destaque para os tons de vermelho, preto e branco, a artista encena a sua própria morte, o enterro e a ressurreição. Gaga “mata” sua própria persona ao fim de “Poker Face”, música que a lançou ao estrelato, e ressurge ao som de “Perfect Celebrity”, que ironiza as dores de ser uma estrela mundial do seu calibre.

Um dos momentos mais marcantes do show aconteceram quando Gaga, do alto da estrutura de seu palco, pendurou uma bandeira do Brasil para ler uma carta aos fãs —com a ajuda de um intérprete brasileiro— e, em seguida, cantou “Alejandro”, outro de seus principais hits, com a bandeira do Brasil à frente.

A carta foi uma espécie de mea-culpa pelo cancelamento de seu show no Rock in Rio, em 2017. “De todas as coisas pelas quais poderia agradecer, tenho esta: vocês esperaram por mim por mais de dez anos. Podem estar se perguntando porque eu demorei tanto para voltar. A verdade é que eu estava me curando, estava ficando mais forte, mas enquanto eu me curava, algo poderoso acontecia: vocês continuavam torcendo por mim e pedindo para eu voltar quando estivesse pronta. Brasil, eu estou pronta. Eu amo vocês”, disse a artista, por meio do intérprete.

Foto: Lady Gaga se apresenta na Praia de Copacabana em 3 de maio de 2025, no Rio de Janeiro, Brasil/Kevin Mazur/WireImage para Live Nation

Além das homenagens aos fãs brasileiros, Gaga fez um aceno especial às pessoas queer logo antes da canção “Born this Way”, que se tornou um hino para a comunidade LGBTQIA+. “Só quero falar do meu amor pela comunidade LGBTQIA+ aqui no Brasil. Obrigada”, disse.

Pela emoção com o show e o fascínio, pareceu que os perrengues passados pelo público para chegar até a praia e conseguir uma boa visão do palco valeram a pena. Cerca de três horas antes da apresentação, a estação de metrô Cardeal Arcoverde, a mais próxima ao palco, ficou lotada. O fluxo de fãs era tão intenso que os corredores ficaram congestionados, dificultando a circulação. Enquanto tentavam sair, os passageiros faziam uma sinfonia de leques.

Já na praia, muitos construíram barricadas improvisadas com sacos de gelo cheios de areia. Os sacos prontos eram vendidos por R$ 25, enquanto os vazios, para que cada um enchesse por conta própria custavam R$ 10. Outras pessoas buscaram abrigos no alto de árvores para poder ter a melhor visão de sua mãe monstro, como a cantora ficou conhecida por seus fãs, os eternos monstrinhos.

Fonte: Folha de São Paulo