
Entre os dias 20 e 23 de novembro, Nova Prata recebe a quinta edição do Festival de Música de Nova Prata (FEMUNP), que neste ano propõe uma reflexão sobre o papel humano na criação musical, com o tema “E se os humanos deixassem de fazer música?”.
A programação gratuita ocupa o Grêmio Pratense, a Casa de Cultura, a Câmara de Vereadores e a Praça da Bandeira, reunindo artistas, estudantes, pesquisadores e o público em torno de uma celebração à música feita por pessoas e o poder da música ao vivo.
Com financiamento da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura, conta com Patrocínio Master da Prefeitura Municipal de Nova Prata, Financiamento Pró-Cultura RS – Secretaria de Estado da Cultura e Realização do Ministério da Cultura, o 5 FEMUNP se consolida no calendário dos eventos do Estado. “Estamos muito felizes de realizar essa edição que conta com uma programação tão potente, trazendo pela primeira vez para o festival nomes de artistas nacionais ao lado do melhor que produzimos no RS”, afirma Lucas Volpatto, diretor do projeto.
Uma programação que une formação, experimentação e celebração
A programação do 5 FEMUNP combina concertos, mostras, oficinas, recitais e bate papos, valorizando o intercâmbio entre gerações, estilos e regiões. O evento também apresenta o Concurso de Violão Erudito e o Concurso de Violão Popular, que estimulam o surgimento de novos talentos no cenário instrumental.
O eixo formativo segue sendo um dos pilares do festival, com masterclasses de violino, violão, piano, acordeon e contrabaixo, além de workshops de gravação, percussão e performance com nomes consagrados como Marco Pereira, Thiago Colombo, Ney Conceição, Pierângelo Camodeca, Nelson Faria e Kiko Freitas.
O Drum Fest, criado em Nova Prata, retorna ampliado em sua segunda edição, reunindo bateristas de destaque como Ernesto Fagundes, Júlio Falavigna, Rodrigo Zorzi, Vaney Bertotto, Fabio Schneider e Thiago Caurio, em apresentações e encontros ao longo dos quatro dias de festival.
Mesas FEMUNP: conversas sobre o presente e o futuro da música
As Mesas FEMUNP propõem três encontros para discutir temas que atravessam o mercado e a criação musical, sempre às 13h, no Clube, com mediação da jornalista, curadora e pesquisadora musical Bruna Paulin. O conteúdo será disponibilizado no canal do YouTube do festival.
Na sexta-feira (21/11), o debate “Música no prato: do selo ao conteúdo” reúne Gabriela Luz e Fernando Soares (Selo Maleta Discos) e o jornalista Lucio Brancato (Altos Plays), discutindo o papel do vinil e das gravadoras independentes na conexão entre artistas e público.
No sábado (22/11), o tema é “Representatividade: onde estão as mulheres no mercado da música?”, com Marília Feix (curadora da mostra A Voz e a Vez Delas) e a pianista e compositora Bianca Gismonti.
Encerrando o ciclo, no domingo (23/11), a mesa “Mercado editorial e música: os bastidores da produção e comercialização das biografias musicais” traz Arthur de Faria (biógrafo de Elis Regina e Lupicínio Rodrigues) e Gustavo Guertler, CEO da Editora Belas Letras.
Mostras e shows: música viva na Praça da Bandeira
O palco principal da Praça da Bandeira recebe uma intensa programação de shows, misturando novos nomes e artistas consagrados da música instrumental e autoral. Entre as atrações estão Bianca Gismonti Trio, Tum Toin Foin, Os Fagundes, Gabriel Selvage & Michael Pipoquinha, Nosso Trio, Pablo Lanzoni & Thiago Colombo, Maykell Paiva e Mafuá Trio.
A Mostra Paralela, com curadoria de Adriana Sperandir, Bruna Paulin, Diego Berquó e Lucas Volpatto, apresenta quatro atrações selecionadas por convocatória: Adriana Deffenti & Luiz Henrique New, Mathias 7 Cordas Trio, Ângelo Primon Trio e Umbu. A proposta é dar visibilidade à diversidade da produção musical gaúcha contemporânea, promovendo o diálogo entre linguagens, estilos e gerações. A novidade este ano é a inclusão de uma seleção de Música de Câmara, que promoverá no domingo, 23 de novembro, os concertos matinais de Duo Marques & Starosta e Saggiorato Scouto Galli.
A Mostra Local destaca artistas e projetos da cidade, como AMP – Associação dos Músicos Pratenses, Lili Tess, Naldo Frizon, Oficina de Violões da Casa de Cultura, Bel-Air 55, Banda Marcial de Nova Prata e o grupo Kids for Nothing, reforçando a conexão do festival com a cena musical pratense e regional.
Homenagem a Fernando do Ó
Nesta edição, o 5 FEMUNP presta homenagem ao percussionista e educador Fernando do Ó, reconhecido como um dos nomes mais criativos e expressivos da percussão brasileira.
Percussionista com trajetória iniciada em julho de 1980, Fernando do Ó estreou profissionalmente no espetáculo A Voz do Brasil, a convite do pianista Geraldo Flach, tornando-se desde então uma referência na percussão do Rio Grande do Sul. Em 1982, participou de seu primeiro evento internacional ao lado do percussionista mineiro Djalma Corrêa, no Jazz Fest Berlin, realizado no teatro da Filarmônica de Berlim.
Ao longo de uma carreira marcada por colaborações e realizações de destaque, atuou e gravou com artistas como Ivan Lins, Adriana Calcanhoto, Nana Caymmi, Al Di Meola, Egberto e Bianca Gismonti, Guinga, Lula Galvão, Marcos Suzano, Roberto Carlos, Renato Borghetti, Frank Solari, Raiz de Pedra, Alegre Corrêa Sextet, Nei Lisboa, Bebeto Alves, Ultramen, Nei Van Soria, Tom Block, Os Serranos, Os Fagundes, Os Monarcas, Pedro Ortaça, Marcelo Caminha, 3ª Dimensão, Os Atuais, Milionário & José Rico, Luis Carlos Borges, OSPA, Orquestra da ULBRA e Câmara do Teatro São Pedro, entre muitos outros.
Com apresentações em Argentina, Uruguai, Venezuela, República Dominicana, Alemanha, Áustria, Portugal, Suíça, Holanda, Dinamarca, Nova Zelândia e França, Fernando consolidou uma trajetória de relevância internacional no cenário da música instrumental.
Educador e pesquisador, foi pioneiro em oficinas de percussão no Santander Cultural, ministrou aulas na UFRGS, Unisinos, UFSM e UPF, e atuou em diversas cidades do estado, incluindo Viamão, Montenegro, Nova Prata e Jaguarão. Trabalhou por 19 anos na Universidade do Vale do Rio dos Sinos, lecionando percussão para crianças e adolescentes no Programa Esporte Integral.
Criador de trilhas para cinema e eventos especiais, foi citado por Amyr Klink no livro Parati II – Entre Dois Pólos. Recebeu homenagens da Coordenação de Música de Porto Alegre (2013), do POA Instrumental e do 2º Encontro Nacional Bateras do Sul, em Canela.
Nos últimos anos, integrou o POA Jazz Festival com o grupo Raiz de Pedra (2020) e o grupo de Carlos Badia (2023). Participou também dos 25 anos da ALA Cultural de Florianópolis, na Sociedade Cultural e Artística de Jaraguá do Sul, e do Festival de Música de Nova Prata, ao lado do baterista Zé Montenegro.
Foi contemplado nos projetos Trajetória, Marco Polo e Funarte, conquistando o 3º lugar nacional com nota 91,8 em um vídeo sobre percussão brasileira. Desde 1998, dirige o grupo musical do Bailado Gaúcho de Nova Prata, responsável pelo Festival Internacional de Folclore, o único da América Latina autorizado pela Federação de Festivais Internacionais de Dança (FIDAF) a promover concurso mundial.
Reconhecido por críticos e estudiosos, Juarez Fonseca descreve Fernando como “um maestro e sua orquestra”, destacando seu domínio de instrumentos que vão do tamborim ao vibrafone. Já Arthur de Faria, em Um Século de Música, o define como “um dos maiores e mais criativos percussionistas brasileiros”.
Um festival que valoriza a música como encontro
Criado em 2015, o Festival de Música de Nova Prata nasceu com o objetivo de promover e difundir a produção de música instrumental e autoral do Rio Grande do Sul em diálogo com a cena nacional. Em suas quatro edições anteriores, consolidou-se como um espaço de formação, difusão e valorização de artistas e projetos musicais independentes.
A cada edição, o FEMUNP reafirma o compromisso de aproximar o público da música feita ao vivo, estimulando o acesso, a escuta e o reconhecimento da diversidade cultural brasileira.