A tarde do dia 11 de dezembro de 2020 foi o início de um novo capítulo para a vitivinicultura brasileira, especialmente para as vinícolas associadas à Associação dos Produtores de Vinho de Pinto Bandeira (Asprovinho).
Foi durante uma reunião virtual que a equipe técnica responsável pelo Projeto de Pesquisa “Estruturação, qualificação e consolidação de Indicações Geográficas brasileiras de vinhos” fez a apresentação e a entrega formal de toda a documentação técnica para que a Associação possa entrar, em nome dos produtores da região, com o pedido de registro da Denominação de Origem de Espumante Natural Altos de Pinto Bandeira, no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).
“ É mais uma etapa vencida. Não apenas para a Asprovinho, mas para a consolidação do setor vitivinícola brasileiro. E o sucesso de vocês, é o nosso sucesso”, registrou o chefe-geral da Embrapa Uva e Vinho, José Fernando da Silva Protas durante o encontro. Além da diretoria da Associação e da Embrapa Uva e Vinho, que liderou o projeto, também estiveram presentes pesquisadores de outras instituições que colaboraram com as pesquisas e na elaboração da documentação, dentre eles a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a Embrapa Clima Temperado e a Universidade de Caxias do Sul (UCS).
Para o presidente da Asprovinho, Rodrigo Valério, que é representante da Cooperativa Aurora, todo este trabalho elaborado no âmbito do projeto apresenta um diferencial muito grande para o reconhecimento da Denominação de Origem de Espumante Natural Altos de Pinto Bandeira. “Vamos tratar com muita seriedade o trabalho já realizado e esperamos, assim que possível, poder compartilhar com o público esses conteúdos técnicos, pois os consumidores são ávidos por este tipo de informação”, valorizou Rodrigo.
A apresentação e a entrega virtual foi realizada pelo pesquisador Jorge Tonietto, da Embrapa Uva e Vinho, que desde 2016 coordena o projeto de pesquisa para estruturar a primeira Denominação de Origem brasileira exclusiva para Espumante Natural. Tonietto reforça que todo o trabalho prévio realizado na Indicação de Procedência da região foi importante e evoluiu para a qualificação de produtos, como os da Denominação de Origem (DO).”Os produtos da DO expressam tipicidade associada à região de produção, incluindo clima e solo, técnicas de produção vitícola, favorecida pela alta especialização da região na elaboração dos espumantes”, complementou o pesquisador.
Sabendo um pouquinho mais sobre a futura DO:
– Segundo as avaliações sensoriais que integraram o projeto, os espumantes da futura Denominação de Origem apresentam aromas finos e elegantes, de frutas com a presença de levedura. Segundo os especialistas, eles podem ser divididos em dois estilos: os mais frescos e os maturados.
– Os espumantes são elaborados exclusivamente pelo método tradicional, no qual a segunda fermentação ocorre na garrafa, permanecendo pelo menos 12 meses em contato com as leveduras, o que resulta em produtos com fineza e complexidade.
– São quatro as vinícolas da Asprovinho à frente da campanha pela DO: Don Giovanni, Cooperativa Vinícola Aurora, Valmarino e Cave Geisse, sendo que novos produtores poderão também elaborar espumantes característicos da DO.
– Irão receber o selo da DO apenas os espumantes cujas uvas sejam produzidas na região delimitada, com as variedades Chardonnay, Pinot Noir e Riesling Itálico sendo que as técnicas de elaboração são refinadas para um produto diferenciado;
– Assim que for concedido pelo INPI, os consumidores poderão identificar no rótulo os produtos que são da DO, sendo que as garrafas terão no contra rótulo o símbolo e o número de controle da DO.
– Espera-se que, com a DO, a região atraia novos investidores e que beneficie também os viticultores da região, ampliando o renome desta região para um produto que já é ícone na Serra Gaúcha.
Hoje, o Brasil possui seis regiões vinícolas de vinhos finos com indicação geográfica (IG) reconhecida pelo INPI, sendo cinco Indicações de Procedência (IP) – Altos Montes, Monte Belo, Pinto Bandeira, Farroupilha e Campanha Gaúcha, e uma com Denominação de Origem (DO) – Vale dos Vinhedos. Todas elas foram apoiadas tecnicamente sob a coordenação da Embrapa Uva e Vinho, reunindo profissionais da Embrapa (Clima Temperado e Uva e Vinho), Universidade de Caxias do Sul (UCS) e Universidade do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Fonte: Embrapa / Foto: Reprodução internet