Pesquisadores desenvolveram um concreto vivo que produz musgo, líquenes e fungos que podem transformar edifícios da cidade em purificadores de ar gigantes. Pesquisadores espanhóis desenvolveram um concreto poroso e ácido que age quase como solo para musgos, líquenes, fungos e outras vegetações tolerantes à seca.
Eles estão usando o material para construir protótipos de prédios de escritórios capazes de sugar mais CO2 e poluição do ar do que milhares de árvores , enquanto emitem oxigênio fresco para respirarmos. De acordo com os pesquisadores, a incorporação dos microrganismos no próprio concreto oferece vantagens ornamentais, térmicas e ambientais em relação a outras técnicas de arquitetura verde.
“A inovação deste novo concreto é que ele se comporta como um suporte para o crescimento biológico natural e o desenvolvimento de certos organismos biológicos, particularmente certas famílias de algas, fungos, líquens e musgos”, afirmam Antonio Aguado e seus colegas da Universidade de Granada.
“A ideia é que as fachadas construídas com o novo material também mostrem uma evolução temporal por descoloração, dependendo da estação do ano, bem como da família de organismos predominantes. Com esta técnica podemos evitar o uso de outras vegetações, para evitar que as raízes estraguem a construção”, concluem.
Isso é uma boa notícia para cidades populosas que, infelizmente, não têm espaço para grandes arvoredos. A ideia de jardins verticais ou “ paredes verdes ” está na moda há algumas décadas, mas elas existem apenas em cerca de 60 edifícios ao redor do mundo até agora porque uma engenharia estrutural complicada é necessária para conectar as plantas e o solo ao edifício.
É composto por três camadas. A camada mais interna é uma impermeabilizante do edifício por baixo dela, protegendo contra danos por umidade. O meio é a camada biológica absorvente de água, que suporta a colonização de organismos como musgo, líquen e fungos. E a camada externa é um revestimento com impermeabilização reversa que permite que a água entre, mas não saia.
A vegetação também isola o prédio, ajudando a regular as temperaturas internas e reduzindo ainda mais as emissões de ar-condicionado e aquecedores.
Cimento com semente
Para viabilizar o projeto, a equipe desenvolveu uma técnica para o crescimento acelerado dos microrganismos a partir de materiais à base de cimento. O primeiro protótipo usa um derivado carbonatado do cimento Portland tradicional, de forma a obter um pH em torno de 8. O segundo protótipo usa um cimento de fosfato de magnésio, um aglomerante que é ligeiramente ácido, dispensando tratamento para redução do pH.
Para garantir a colonização do material pelos microrganismos, os pesquisadores também ajustaram a porosidade e a rugosidade do concreto. O processo foi patenteado, mas os pesquisadores trabalham no sentido de acelerar ainda mais o crescimento dos líquens, pois o objetivo é que a fachada verde fique realmente atraente em no máximo um ano depois do término da construção.