O Rio Grande do Sul enfrenta um surto de doença diarreica aguda (DDA). Um alerta foi emitido pela Secretaria Estadual da Saúde (SES) na última sexta-feira (8). Duas mil pessoas em 25 cidades já foram contaminadas.

1. O que é
O Ministério da Saúde explica que a doença diarreica aguda é uma síndrome que pode ser causada por bactérias, vírus e parasitas. O contágio ocorre, geralmente, via oral por meio do consumo de alimentos ou água contaminados. A doença pode ser infecciosa ou não infecciosa. Para a saúde pública, a que exige maior atenção é a infecciosa, pois pode ser transmitida. Foi o que aconteceu no estado. O agente causador é um norovírus.

“A contaminação, geralmente, é pela água e, em alguns casos, pela comida. É uma doença grave e que exige cuidado médico imediato. Há a estimativa de que cerca de 2 milhões de pessoas no mundo morram por causa dela”, explica o médico epidemiologista e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Paulo Petry.

2. Quem é mais vulnerável e como a doença se manifesta
De acordo com médicos epidemiologistas, a doença, típica de países subdesenvolvidos, atinge mais crianças com até 5 anos. Ambientes de creches e escolas são os locais mais comuns para esses tipos de surtos.

Entre os sintomas da doença, diarreia que pode ou não ser acompanhada de dor abdominal, náusea, vômito e febre. Ela pode provocar desnutrição e desidratação intensas e, se não for tratada, leva à morte, razão pela qual atendimento médico deve ser procurado logo que os primeiros sintomas se manifestarem.

“A gente tem que prestar muita atenção com crianças e idosos, pois esses correm maior risco de se desidratar. Então, se crianças ou idosos estão com quadro diarréico, a gente presta a atenção na hora que começarem a se sentir mais fracos, debilitados, febre persistente, além da dor abdominal mais marcada”, conta o médico infectologista Cezar Riche.

3. Como se prevenir
No alerta epidemiológico do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), consta que a suspeita é de que a contaminação esteja associada à ingestão da água. O Cevs orienta a população a consumir água somente de fontes seguras, que tenham processo de desinfecção por cloro ou outra tecnologia. Também sinaliza que é importante fazer a limpeza de caixas d’água com regularidade.

“É importante que as pessoas cuidem a fonte da alimentação, se os alimentos estão sendo corretamente higienizados, em especial a água usada para beber, a água pura ou a água para fazer suco, pois, de forma geral, a água fervida acaba com a capacidade infectiva do vírus”, explica Cynthia Molina Bastos, diretora do Cevs.

Recomendações à população:
– Consumir água de fontes seguras (potável) tratadas que tenham processo de desinfecção por cloro ou outra tecnologia. Caso seja desconhecida a fonte, em situações de emergência, recomenda-se fervê-la antes do consumo e antes do preparo de alimentos por, no mínimo, cinco minutos;
– A higienização das superfícies, equipamentos e utensílios utilizados no preparo e consumo de alimentos deve ser realizada com água tratada e/ou fervida;
– O gelo para consumo ou conservação de alimentos deve ser feito de água potável e/ou fervida;
– Higienizar as mãos de forma adequada, lavando-as com água e sabão, principalmente após a utilização de banheiro, troca de fraldas, antes de preparar e manipular alimentos e antes das refeições;
– Afastar as pessoas doentes das atividades de manipulação de alimentos e reforçar a higiene pessoal mesmo após o desaparecimento dos sintomas;
– Realizar a limpeza da caixa d’água uma vez ao ano ou sempre que necessário.

4. O que o poder público está fazendo
O alerta emitido pelo estado buscava evitar pânico entre as pessoas. Como o vírus ainda está circulando, o aviso serve para que a população aumente os cuidados e a transmissão diminua. Além disso, dessa forma, os profissionais da área da saúde terão condições de lidar casos de forma apropriada.

A SES divulgou que exames de sangue em pacientes são feitos para se descobrir como o vírus se espalhou. As amostras foram encaminhadas para o Laboratório Central do Estado (Lacen). Além disso, houve coleta de água em alguns municípios. A análise é feita pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro. Não há prazo certo para o resultado.

Fonte: G1 / Foto: Reprodução Internet