Mais um dos mistérios envolvendo a construção das pirâmides pode ter sido solucionado graças a uma descoberta geográfica em Gizé — cientistas descobriram um antigo braço do Rio Nilo, hoje seco, que fluía próximo das grandes pirâmides e era largo o suficiente para o transporte de materiais e trabalhadores usados em sua construção. Com centenas de metros de largura, essas vias fluviais só puderam ser vistas com monitoramento via satélite.
Pesquisadores apontam que a concentração de pirâmides ao longo da margem oeste das planícies que se alagam com o Nilo indicam que a região já foi uma grande via fluvial capaz de dar suporte a grandes projetos de construção. A questão seria encontrar o local que abrigava o rio. A mudança de curso é natural para esses corpos d’água, mas como as pirâmides foram feitas há milhares de anos, relatos da época não bastavam para localizar o antigo fluxo do Nilo.
O rio Nilo e as pirâmides
Para fazer a descoberta, a equipe teve de ir alto, muito alto: ao espaço. Radares montados em satélites analisaram o vale do Nilo com ondas capazes de penetrar o solo, trazendo imagens indetectáveis aos olhos humanos e aparelhos instalados no chão. Abaixo da superfície, foi possível notar o leito de um rio que serpenteia pelo deserto e pelas terras cultivadas por cerca de 100 quilômetros.
Em algumas regiões, a largura do rio também era surpreendente, com até 0,5 km (500 metros), equivalente à medida do curso atual do rio. Não era um braço qualquer do Nilo — era seu braço principal. O extinto fluxo ia da cidade de Fayum até Gizé, passando por 36 sítios de pirâmides diferentes, ganhando o nome de Braço de Ahramat (que significa, em árabe, língua oficial atual do Egito, “Braço das Pirâmides”) dos pesquisadores.
O plano, em seguida, é analisar amostras de solo retiradas do leito seco para descobrir se a via era ativa durante o Império Médio e o Império Antigo (3.700 a 4.700 anos atrás), período em que as pirâmides foram construídas.
Até lá, os cientistas não podem tirar conclusões definitivas sobre o rio, mas já há muitas evidências de seu uso no projeto. A maioria das pirâmides, por exemplo, tinha uma estrada que acabava no que se chama hoje de Vale do Templo, uma espécie de cais ou porto antigo. A maioria desses vales fica exatamente no banco do braço seco encontrado na pesquisa, como contou a autora do estudo, Eman Ghoneim, ao site IFLScience.
O achado também poderá ajudar outros arqueólogos a encontrar locais perdidos do Egito Antigo, já que, à medida que o fluxo do Nilo mudava, as cidades e assentamentos também acabavam abandonados. Desaparecendo em ruínas e sob as dunas, não há como saber onde ficam localizados, mas o conhecimento sobre o antigo leito do principal rio da região pode ajudar nessa descoberta.
Fonte:: CanalTech.