A cada ano a Comissão da Feira do Livro de Bento Gonçalves busca evidenciar nomes de projeção do cenário nacional, estadual e local para serem patronos. A literatura é um organismo vivo, diálogo aberto com a imaginação e com a realidade realizada por escritores, e é preciso ter uma personalidade para homenagear, independente do seu âmbito de gênero literário. Para além de celebrar a Literatura, é preciso celebrar suas vozes, onde uma é indissociável da outra, e a patronagem expressa essa profunda ligação e comprometimento com a escrita.
Em 39ª edição, a Feira do Livro faz uma justa homenagem a uma das mais importantes vozes da Literatura Infanto-Juvenil. Eliandro Rocha traz em sua bagagem uma realidade pessoal transformadora. Sétimo filho de pais analfabetos, seu primeiro contato com a literatura aconteceu na escola, a qual considera um local sagrado. Assim, Eliandro comenta que “o incentivo veio da escola, antes eu vivia no escuro”.
Nessa jornada, Eliandro tinha como aliada a imaginação, sempre dando asas a ela, na então cidade de Sapucaia do Sul: “o Eliandro criança imaginava tudo, um lugar melhor, uma casa confortável e muitos amigos”.
Na idade adulta, ampliou suas intenções literárias, tendo trabalhado em biblioteca escolar e tendo sido consultor literário, além de ter se formado em Marketing e se especializado em criação literária pela PUC. Sua veia de escritor surgiu em 2013, com a publicação de “A ponte”, e não parou mais. São onze anos dedicado à Literatura Infanto-Juvenil, onde se destaca com títulos como “Roupa de brincar”, “Natalino”, “Passa passará”, entre outros, que consolidaram como uma importante voz ao trazer para o debate temas como tolerância e convivência. “Roupa de brincar”, lançado em 2015, recebeu o Prêmio Sylvia Orthof da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro e foi finalista em duas categorias do Prêmio Jabuti.
Uma das vozes mais importantes da Literatura Infanto-Juvenil, Rocha destaca sobre o que o move na construção de narrativas: “Gosto de escrever sobre as mazelas da sociedade e sobre tudo aquilo que deve ser discutido para tornar nosso país um lugar mais respeitoso e melhor de viver”, ressalta.
De lá para cá, Eliandro Rocha lançou 12 títulos no Brasil e 4 traduções fora (China, Coreia, Malta e Argentina), sendo o último livro lançado chama-se “Prendedores”, ilustrado por Ana Thomas Terra pela editora Abacate. Tem como próximos trabalhos “O muro” que “finaliza a trilogia precedida por ‘A Ponte’ e o ‘O poço’ e também um livro sobre a catástrofe das enchentes que ocorreu no Rio Grande do Sul em maio de 2024. “Minha trajetória apenas começou, mas já estou satisfeito com o início dela”, pontua o escritor.
Patrono da 39ª Feira do Livro de Bento Gonçalves, ele reflete sobre a felicidade desse reconhecimento e de possibilidades para um futuro mais pautado pelos livros e pelas leituras: “Ser o patrono de uma feira significa ser o protetor e Bento Gonçalves é uma cidade que gosto muito e que já trabalhei diversas vezes na formação de leitores. Ser o Patrono desta Feira tão importante me enche de amor e esperança”.