No mundo todo, mais de 420 milhões de pessoas vivem com diabetes. Hoje, os tratamentos permitem um estilo de vida normal, mas as injeções periódicas ainda são um transtorno para muitos pacientes. A ciência tem tentado aprimorar essas terapias e, entre as diversas possibilidades, a música é uma das mais interessantes.
A doença é causada pela redução na produção de insulina ou pela falta resposta do corpo a esse hormônio. Por esse motivo, o principal tratamento é a administração periódica dessa substância. A dificuldade é que a insulina é uma proteína que quando ingerida oralmente é destruída no estômago – assim, as injeções são a única alternativa. De acordo com um trabalho publicado no renomado periódico cientifico The Lancet, no entanto, pesquisadores conseguiram utilizar a música para induzir a liberação desse elemento.
Isso foi só foi possível graças a engenharia celular. As células que produzem insulina estão no pâncreas e elas fazem isso quando estimuladas pelo aumento da concentração de açúcar no sangue. O que pesquisadores suíços conseguiram fazer foi inserir receptores mecanossensíveis nessas células, que induzem a atividade celular através do estímulo sonoro.
E funcionou. Para isso eles testaram uma diversidade de músicas, de muitos estilos diferentes. Os sons pop ou de trilhas sonoras, com uma maior quantidade de graves, foram os mais efetivos – a que mais funcionou foi We Wil Rock You, da banda Queen.
Mas isso ainda está longe de se tornar realidade para seres humanos. Primeiro eles testaram as células isoladas, em laboratório, depois implantaram em camundongos. O que eles viram foi que, ao tocar a música próximo ao abdome do animal por 15 minutos, os níveis de insulina se normalizaram – e o mais importante, as células não produziram o hormônio a partir de sons aleatórios, como o barulho de um avião.
Agora as células precisam ser testadas em humanos para investigar a eficácia, a possibilidade de rejeição e a segurança.
Essa é só uma das aplicações possíveis da musicoterapia. Há anos, ela tem sido utilizada como terapia complementar para doenças psiquiátricas, como a depressão e a dor crônica, mas também tem efeitos comprovados na memória, em condições neurológicas, como as demências, além de influenciar a pressão arterial e a tensão muscular.
Na diabetes, encontrar mais possibilidades de tratamento é essencial. Apesar das terapias atuais serem efetivas, os danos da alta concentração de açúcar no sangue são muitos e a doença ainda vitima cerca de 1,5 milhões de pessoas anualmente em todo o mundo. Maneiras mais fáceis de se cuidar soam como música para os pacientes.
Fonte: VEJA