Um casal de Bento Gonçalves completou 310 dias longe de casa, após ingressar em uma viagem para conhecer os estados do Brasil e países da América do Sul.
A jornada iniciou no dia 18 de fevereiro de 2019, mas o sonho começou quatro anos antes. Sem planejar muito, João Paulo Mileski e Carina Furlanetto, jornalistas por profissão, decidiram que era agora ou nunca e resolveram viajar com seu Renault Sandero 1.0 e contar suas histórias através de um perfil no Instagram (Crônicas na Bagagem).
“A ideia de fazer essa viagem surgiu no final de 2015, enquanto planejávamos uma viagem de férias, com esse mesmo carro, até o Uruguai. Começamos a pesquisar ideias de roteiro e tomamos conhecimento de outras pessoas que faziam viagens mais longas quase como um estilo de vida. E a gente decidiu que gostaria de fazer isso algum dia, escrevendo sobre as nossas experiências também. Seguimos a nossa vida, trabalhando e no ano passado a gente decidiu que não precisava esperar muito mais e que era o momento de fazer. Ai começamos a correr atras para tirar esse sonho do papel”, conta Carina.
João conta que chegaram a cogitar a compra de um veículo maior, mas preferiram não desperdiçar a oportunidade e o desejo de começar logo a jornada.
“O Sandero era o carro que tínhamos para trabalho e lazer, até pensamos em comprar uma Combi, um Motor home, uma Doblò, algo para adaptar e transformar em uma mini-casa, mas ai a gente pensou, para comprar um veículo maior, precisaríamos de muito mais dinheiro, teríamos que trabalhar muito mais tempo e talvez trabalhando até conseguisse o dinheiro para comprar um veículo maior, mas ai a nossa vontade de viajar quando tivermos esse veículo maior nossa vontade não seja mais a mesma. Por isso a gente optou pelo carro que já tínhamos e até agora tem dado tudo certo, não tivemos nenhum problema grave”.
A falta de conhecimento sobre mecânica não foi um empecilho para o casal, acrescenta João Paulo.
“Como não entendemos nada de mecânica, saímos de casa sem aprender a trocar pneu, fomos aprendendo isso na estrada, mas enfim, temos optado por fazer revisões preventivas e até agora tem dado tudo certo, graças a Deus, mais de 38 mil km rodados, passamos por mais de nove países, andamos com o Sandero em altitudes superiores a cinco mil metros e tem dado conta do recado.”
Eles já passaram por países como, Uruguai, Argentina, Chile, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia e Venezuela. E ainda querem conhecer Guiana, Suriname e Paraguai. Agora por Roraima irão explorar cada um dos estados do Brasil. O objetivo é concluir a viagem em um prazo de dois anos.
Após dez meses rodando pela América do Sul, alguns aspectos são mais desafiadores que outros, como conta Carina.
“O maior desafio está sendo se adaptar a situações novas. Nem sempre a gente consegue um lugar para tomar banho, por exemplo, chegamos a ficar, quando estávamos passando pela Carretera Austral, quatro dias sem tomar banho, em um frio. Nosso desafio é tentar não pagar por hospedagem. Nisso a gente conseguiu muitas vezes hospedagem em casas de pessoas, ou que nos conheciam e nos convidavam ou por Couchsurfing, aplicativo para buscar hospedagens, mas muitas vezes não conseguimos onde ficar e dormimos no carro mesmo. E já chegamos a pegar temperaturas, -5 dormindo no carro. As vezes conseguimos banho para tomar, mas a água é gelada mesmo que os termômetros estejam perto de 0 graus”.
Este será o primeiro Natal e Ano Novo que eles passarão longe da família. O casal que está em Boa Vista em Roraima, faz planos de passar a virada do ano em Monte Roraima.
“A gente nunca passou tanto tempo longe da família. Já estamos a mais de dez meses sem ver os familiares, claro, hoje em dia com a internet e tudo mais, conseguimos nos comunicar, se olhar com frequência, mas não é a mesma coisa. De qualquer forma, estamos aqui em Roraima e o brasileiro do Sul ao Norte é muito parecido, ele acolhe muito bem. Mesmo que sejam pessoas que não conhecem, sempre tem lugar para mais um e temos certeza que mesmo longe da família vamos ser bem acolhidos”, conta João.
O casal chega a um consenso quando se trata das experiências que viveram durante estes 310 dias e mais de 38 mil km rodados. Não é necessário muito para ser feliz, é como finaliza Carina.
“A saudade da família também complica um pouco, mas vamos aprendendo a conviver com isso e dando valor para coisas que antes pareciam normais. A gente vê como as pequenas coisas fazem a diferença e como não precisamos de tanto para ser feliz, já temos tudo que precisamos para ser feliz, é só parar para olhar para o lado, aprender a agradecer o que se tem” diz.
Fonte: Leouve / Foto: Reprodução Internet