De voz nova e com retorno do tecladista fundador, o Barão Vermelho lança seu primeiro álbum de inéditas desde 2004 – Viva. Com nove composições inéditas, o disco da banda composta por Fernando Magalhães, Guto Goffi, Maurício Barros e Rodrigo Suricato já está disponível nas plataformas digitais.

Retornando oficialmente agora, o tecladista Maurício Barros é um dos fundadores do grupo, ainda em 1981, ao lado do baterista Guto Goffi. O Barão Vermelho surgiu após os músicos assistirem a um show do Queen – Barros permaneceu no grupo até 1988. Ausente por quase três anos, retornou em 1991 para a turnê comemorativa de 10 anos.

Barros nunca deixou de colaborar com novas músicas para o Barão Vermelho. Com seu retorno, ele participa mais das decisões do grupo. “Eu já me metia neste assunto antes, mas não ficava à vontade. Agora, tenho de fazer parte disso”, brinca Barros.

As mudanças não se limitam ao retorno do tecladista, mas ainda incluem a chegada de Rodrigo Suricato aos vocais. Também guitarrista, Suricato já havia colaborado com Barros em outros trabalhos. “Compusemos juntos anteriormente e trabalhei por seis meses com ele. Sugeri o nome de Suricato para os demais e sabia que daria certo. É um grande músico e intérprete, que soma muito para nós”, descreve.

Mudanças nos vocais do Barão Vermelho não são novidade. Cazuza e Frejat já passaram pelos microfones, como bem devem lembrar todos os fãs. “O Cazuza era um porra-louca, imprevisível, muito carismático, que fazia coisas que não esperávamos e trazia algo inusitado. O Frejat é organizado, as coisas saíam como planejávamos previamente, e extremamente talentoso”, diz Barros sobre eles, destacando que Suricato, agora, traz um frescor para a banda.

Barros destaca que a intenção com o álbum Viva não é abandonar o passado do Barão, mas saber olhar para o futuro.

Como comenta, parte desta nova etapa inclui a parceria com músicos do cenário atual e que trazem gêneros diferentes do rock, como o hip-hop de BK. “É uma forma de nos comunicarmos com diferentes públicos, mas, ainda assim, nos mantermos conectados com o nosso já consolidado. O BK é um artista que tem muito a falar, compusemos Eu nunca estou só junto com ele”, afirma o tecladista. Outra colaboração de destaque aconteceu com Letrux em Pra não te perder, e Barros salienta a capacidade da artista e seu olhar feminino para a música.

Considerando tais aspectos, Viva se tornou um álbum com o qual o Barão buscou deixar um gostinho de quero mais no público. “As canções escolhidas são o crème de la crème. É um trabalho ligeiro, que atende ao mercado atual.”

O tecladista admite que trata-se de uma adaptação para um cenário que mudou radicalmente desde 2004, ano do último disco de inéditas da banda. “Temos novas dinâmicas de consumo. Desde então, passamos por iPod, e, agora, o streaming é uma das principais ferramentas. Com isso, vivemos a era dos singles, o público não espera mais por um álbum inteiro. O que ainda precisamos melhor entender é a forma de comercializar as músicas e como remunerar os artistas corretamente, afinal é o nosso trabalho”, reforça o músico.

As temáticas de Viva também buscam ser contemporâneas. Segundo Barros, a polarização política no Brasil e no mundo se tornou algo bélico, que não auxilia em nada. “O discurso de ódio é divisivo, o governo se posiciona de forma ‘curiosa’ em certos casos.”

Dessa forma, o Barão Vermelho defende a diversidade, algo que acontece desde sua criação, com letras que enfatizam a amizade, a solidão e, claro, o amor. “Principalmente agora, o amor pelo próximo é revolucionário”, completa o tecladista.

Fonte: JornaldoComércio / Foto: Reprodução Internet