Imagem: Divulgação
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A vida é de amadurecimentos. Para os alunos do 9º ano da Escola Municipal de Turno Integral Universitário, de Bento Gonçalves, é mais que uma transição, e, sim, o encerramento do Ensino Fundamental é rito de passagem. Em 2025, por meio do projeto norteador “Acolher o outro dentro do coração”, a professora de Língua Portuguesa Rosane Ferronatto desenvolveu um trabalho pleno de significados, de registros que falam diretamente da vida em formação.

Para celebrar o feito de completar a etapa mais longa da Educação Básica, foi proposto a criação de crônicas que evocassem a experiência escolar dos alunos; muitos, cursando desde os Anos Iniciais, outros, ingressaram nos Anos Finais. Aliando o conteúdo trabalhado em sala de aula, os olhares pousaram nas inspirações oriundas do material humano e do pertencimento, das vivências e das aprendizagens, das paisagens do campus e de fotografias feitas no novo componente que integrou o currículo neste ano.

As produções textuais valorizam a linguagem formal, por meio de exemplos de escritores consagrados como Rubem Braga, Martha Medeiros, Fernando Sabino e até Machado de Assis, formatando panorama de como a crônica foi base para os diversos tipos de reflexões. Mas uma crônica em especial foi objeto de estudo que fala de estudante de Bento Gonçalves que venceu as Olimpíadas de Língua Portuguesa com narrativa que evocou a antiga fábrica de gaitas Todeschini.

O empreendimento resultou na publicação, de exemplar único, de “Entre paisagens e memórias – Um olhar poético sobre o tempo vivido”, coletânea organizada pela professora Rosane, com acontecimentos dos últimos quatro anos, de momentos que marcaram o percurso e que fossem guardados. Dessa fornada de narrativas, 36 alunos, com suas singularidades, expressaram seus sentimentos como de nostalgia, de esperanças, de gratidão, entre tantos outros, que revela a realidade desta geração.

“Pegar qualquer coisa e ser matéria para a crônica. A reflexão sobre algo é desenvolver sobre o real, sobre o fato, sobre a situação. Pode ser sobre um só detalhe, mas consegue desprender um significado, que pode associada do particular para o universal, que busca a identificação com os outros. Procurei mostrar a força das palavras, a intensidade da linguagem. Isto é uma árvore, mas no campo poético gera outras semânticas: as folhas que caem, as novas que virão, acerca de algo pode passar despercebido”, comenta a professora Rosane.

Os títulos das crônicas já trazem teor, a matéria dos sentimentos, das relações com o espaço/tempo, com o cenário circundante, ou suma, da convivência, da conjugação entre o subjetivo e o coletivo. “Ecos de esperança”, “Resiliência da flor”, “Um graveto, mil memórias”, “Onde o fim planta começos”, emergem da profunda, muitas vezes leve, reflexão da criação eterna do ser humano com a literatura. Modos de ver, onde o novo se renova, se incorpora nas palavras e sentidos numa obra que expressa o por vir, ou seja, o presente como passado e como futuro.

Exercícios de pura poesia que se torna um documento, um patrimônio escolar, sob o olhar do corpo discente, protagonista de sua identidade. A EMTI tem pouco mais de 10 anos e o livro simboliza um precioso relato da vida em progresso e da cidadania.