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Personal IA: por que orientações de exercícios via Inteligência Artificial podem ser perigosas?

Foto: Divulgação
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O avanço das inteligências artificiais tem impressionado o mundo com suas múltiplas aplicações — de atendimento psicológico a roteiros personalizados de exercícios físicos, no entanto, o uso de IA para prescrever treinos e dietas sem supervisão profissional tem levantado sérios alertas entre especialistas da área da saúde.

“Apesar da IA otimizar monitoramento, anotações e performance em grande escala, ela deve ser apenas uma referência. Confiar exclusivamente nela para treinos e dietas pode ser arriscado. A tecnologia potencializa resultados, mas sem a supervisão de um profissional capacitado, os dados podem ser inadequados para cada perfil”, alerta o personal trainer Tauan Gomes.

De acordo com ele, os riscos vão desde lesões até a estagnação de resultados e perda de massa muscular.

De acordo com Tauan Gomes, os riscos não se limitam apenas a lesões, estagnação dos resultados e perda de massa muscular. O grande problema é a falta de individualidade. Enquanto um profissional de educação física avalia cada aluno de forma completa – considerando histórico de saúde, limitações físicas, rotina, nível de condicionamento e até aspectos emocionais –, a IA fornece sugestões genéricas. Isso pode levar a riscos menos óbvios, como sobrecarga sem monitoramento adequado, desgaste mental e até a negligência de sinais precoces de fadiga e estresse. Em resumo, sem a avaliação humana, a personalização fica comprometida, podendo resultar em um progresso prejudicado e em possíveis impactos negativos na saúde global do aluno.

“A diferença entre um cronograma indicado por um profissional e um planejamento genérico de IA é a personalização. A IA não consegue entender a fundo aspectos físicos, culturais ou psicológicos de quem está do outro lado”, explica Tauan. “É aí que mora o grande perigo”.

Um cronograma elaborado por um especialista leva em conta a singularidade do indivíduo, promovendo não só a performance física, mas também o equilíbrio emocional e o bem-estar e quando se ignora essa individualidade, o perigo se instala — estamos falando de potenciais prejuízos na saúde e de resultados que, além de genéricos, podem inclusive comprometer a evolução, a recuperação do aluno e principalmente afastá-lo da prática atividade física pela falta de conexão com resultado esperado”.

Lesões, overtraining e baixa eficácia
Entre os principais riscos estão o overtraining, que ocorre quando o corpo é submetido a estímulos excessivas ao seu nível de treinamento sem tempo adequado de recuperação, seja entre as séries ou entre os treinos, tornando ineficazes, que não trazem progresso e podem causar desequilíbrios inesperados, como:

1. Desequilíbrio hormonal com inflamação crônica;
2. Aumento do estresse e queda na motivação;
3. Compensações posturais que comprometem a coordenação.

Treinar vai muito além de levantar peso ou seguir uma planilha de exercícios. Todo movimento é treinável — e quando o objetivo é performance, ele precisa ser adaptado ao estilo de vida, rotina e corpo de cada pessoa. “O que funciona pra um, pode ser arriscado pra outro. Pequenos ajustes fazem toda a diferença, porque cada aluno tem um biotipo, histórico, profissão e momento diferente no processo”, explica o personal. “Até o exercício mais simples pode se tornar perigoso quando mal executado.”

A importância do olhar humano
O olhar atento de um profissional é essencial para identificar quando ajustar o treino, respeitar os limites do corpo e promover evolução segura.

O papel do treinador vai além de prescrever exercícios — é ensinar a gostar de se mover, transformar esforço em conquista e mostrar que cuidar do corpo é também cuidar da mente. O treino certo respeita isso — e quando se encaixa na vida, o resultado é natural: mais saúde, performance e confiança.

“Treinar não é só fazer por fazer. É entender, ajustar, evoluir com consciência e constância”, explica o personal.

“Nós estudamos o ser humano como um todo antes de prescrever qualquer atividade de forma direcionada e pensada para ter um efeito de verdade. Isso nenhuma IA consegue substituir com segurança, a tecnologia é uma grande aliada, mas quando se trata do corpo humano, a orientação profissional ainda é insubstituível”
, finaliza Tauan Gomes.