Foto: Volume nesta safra chegou a 71,6 milhões de quilos e recupera perdas registradas em 2024/Crédito Zéto Telöken

A Cooperativa Vinícola Aurora acaba de receber a segunda maior safra das últimas duas décadas. Entre o final de dezembro e a primeira quinzena deste mês, foram colhidos 71,6 milhões de quilos de uva, um volume 42,35% superior ao da vindima de 2024, quando foram colhidos 50,3 milhões de quilos. Somente em 2021 a quantidade de uvas cultivadas pelas 1,1 mil famílias cooperadas foi maior do que em 2025, quando atingiu 90 milhões de quilos, um recorde histórico.

Além de recuperar as perdas do último ano, quando houve uma quebra de 28,6%, a colheita de 2025 também foi marcada pela qualidade da matéria-prima. Desde o cultivo no campo até a chegada aos três pontos de recebimento da cooperativa, as uvas apresentaram excelente nível de açúcar (grau babo), sanidade e outros parâmetros técnicos que garantem a elaboração de produtos de excelência.

O gerente Agrícola da Aurora, Maurício Bonafé, destaca variedades americanas e híbridas, como a BRS Magna, Bordô e Isabel, que resultarão em sucos de uva integrais com o padrão já reconhecido pelo consumidor e que conferem à empresa a liderança de mercado, com 38% de share. Segundo o gerente, tanto em cor, como em grau brix, que é a concentração de açúcar natural da fruta, a matéria-prima colhida está nas condições perfeitas para a elaboração da bebida que é responsável por 60% das vendas da cooperativa.

“Neste ciclo tivemos uma boa combinação entre as condições climáticas em todas as etapas do cultivo. Tivemos a antecipação da maturação de algumas variedades, mas todas elas apresentaram um grau de açúcar muito bom e uma cor excelente, que são duas características fundamentais para o suco de uva integral, elaborado apenas com a fruta”, informa Bonafé.

As uvas vitis vinífera, que dão origem aos vinhos finos e espumantes, também se apresentaram com ótima qualidade. O enólogo-chefe da Cooperativa Vinícola Aurora, Nauro Morbini, que neste ano completa meio século de atuação na empresa, destaca as variedades tintas Merlot, Tannat e Cabernet Franc e também uvas brancas, como Chardonnay, Riesling e Trebbiano.

“Foi uma safra muito boa tanto para a produção de vinhos mais jovens, que chegarão ao mercado ainda neste ano, como para rótulos com potencial de guarda. Temos uvas que chegaram na cantina entre 19 até 23 de grau brix, o que permite elaborar vinhos de excelente qualidade e com a tipicidade da Serra Gaúcha”, endossa.

Colheita para ser celebrada         
E se depender das uvas viníferas colhidas pelo cooperado Mauri Giordani (52 anos), a safra 2025 tem tudo para ser especial. O viticultor, que mora e produz na localidade de 40 da Leopoldina, no Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves, conta que tanto ele como os demais associados têm motivos para comemorar a vindima deste ano. Na propriedade de sete hectares de vinhedos, a família Giordani colheu 200 mil quilos de uvas, 38 mil a mais na comparação com a safra 2024.

“É o resultado de um trabalho do ano todo que culmina com a safra e neste ano ela foi excelente para nós. Em algumas variedades como a Merlot e a Riesling conseguimos um grau de açúcar muito bom, o que nos deixa felizes porque estamos fazendo a nossa parte para que a cooperativa elabore vinhos com uma qualidade muito boa. Todos saem ganhando”, vibra Giordani.

O viticultor conta que para poder colher um volume maior fez um planejamento que incluiu a poda escalonada, a diversificação de variedades e o auxílio da própria família no período inicial da vindima. “Esse cuidado começa bem antes da safra, lá nos meses de julho e agosto, quando fizemos a poda já pensando em intervalos para conseguirmos colher as uvas com a melhor qualidade possível. Para isso é muito importante o trabalho da equipe agrícola da cooperativa, que acompanha os associados durante todo o ano”, garante.

Investimentos rumo à safra dos 95 anos          
O presidente do Conselho de Administração da Cooperativa Vinícola Aurora, Renê Tonello, lembra que ainda antes do término de uma safra é preciso planejar a próxima. O presidente, que assim como Giordani é viticultor cooperado e produz uvas para suco, antecipa que estão previstos investimentos em equipamentos para o recebimento da matéria-prima e também para o envase de produtos.

“Devemos ter um aporte de R$ 25 milhões em equipamentos e melhorias em processos. Entre as maiores aquisições estão 25 tanques de estabilização e refrigeração automáticos, o que diminuirá em 95% os espaços confinados na unidade industrial Vinhedos. São investimentos importantes que faremos, sempre ouvindo os associados e com um planejamento que inclui, entre outras novidades, a ampliação da unidade do Vale dos Vinhedos”, valoriza Tonello.

A colheita da Aurora nos últimos anos*                
2015 – 65,5 milhões
2016 – 33,6 milhões
2017 – 71,5 milhões
2018 – 61,8 milhões
2019 – 68,2 milhões
2020 – 61,9 milhões
2021 – 90 milhões
2022 – 66 milhões
2023 – 70,5 milhões
2024 – 50,3 milhões
2025 – 71,6 milhões
* (quilos de uva)