Foi aberta na Fundação Casa das Artes de Bento Gonçalces a mostra coletiva da Associação dos Artistas Plásticos de Bento Gonçalves que traz quadros e esculturas de seis artistas plásticos. Nesse painel, o espectador é convidado a entrar nos mundos estéticos de Ana Alice Dalcin Zorzi, Luiza Sartori, Zinara Salete Siqueira, Sérgio Dutra, Ana Caroline Becker e Taiana Rossi.
Seja pelas pedrinhas de um mosaico, pelos mundos geométricos infinitos, nas paisagens e rostos, no pontilhismo de releituras de famosas imagens, ou no abstrato, tem-se uma construção de olhares diversos, onde o artista expressa significados, buscando uma matéria-prima que reside entre o imaginário e o real, nessa busca incessante de criar e recriar. Os seis artistas selecionados pela Associação emergem com suas trajetórias e o que os move nas suas criações: um processo dialógico de epifanias.
Para Ana Alice Dalcin o mosaico chegou em sua vida quando se aposentou da rede pública de ensino de Porto Alegre. Quando visitou a mostra do artista plástico Leonardo Posenato, no MARGS, começou a pesquisar sobre o mosaico. São 20 anos de pesquisas e criações e ela fala sobre a fascinação por essa técnica.
“Percebi que juntando pedras existe uma possibilidade de expressão. Eu busco nos meus mosaicos a harmonia da cor, as linhas das pedras, respeitar a sua lógica. É uma busca constante, principalmente tecnicamente: cortar a pedra não é fácil, pois tem o ângulo certo, de encaixe”, enfatiza Ana.
Desde criança, Becker gostou de desenhar e de pintar, sempre incentivada pelo seu pai. Para ela, a arte é inata: é a sua profissão desde sempre, tendo cursado Artes Plásticas e ministrado cursos da área, inclusive para crianças. Teve fases onde trabalhou com a porcelana, com o colorido ou somente com a cor vermelha. Atualmente, ela comenta que está numa fase neutra, minimalista, tendo, nas telas, sempre trabalhado com o abstrato com a técnica acrílico sob tela.
“Fizemos uma exposição coletiva em Carlos Barbosa e teve uma pessoa que me questionou: ‘O que você quis colocar no seu quadro’. O abstrato conversa com o teu espírito e produz significados que, muitas vezes, sobressai depois de algum tempo”, salienta Becker.
Provavelmente o público conhece Sergio por meio de suas esculturas onde trabalha com galhos de videira, revelando suas formas, realçando o seu desenho morfólogico. Para a mostra, além das esculturas, trouxe sua outra exploração artística: os desenhos geométricos. Ele comenta sobre o que lhe atrai na construção dessas obras.
“Eu gosto da perspectiva, da profundidade, de ver a movimentação do cubo ou do retângulo, por exemplo, e colocar em ângulos diferentes. Eu penso numa estrutura e vou complicando ela e vai surgindo um mundo. Vou explorando a ilusão de ótica da formação da obra”, salienta Sergio.
A vice-presidente da Associação dos Artistas Plásticos de Bento Gonçalves, Ivete Todeschini Menegotto, expressa sobre a possibilidade dos olhares dos seis artistas de criar ligações estéticas que se tornem um meio de falar ao espírito e a mente.
“Cada vez mais, o mundo está precisando desse olhar da Arte e cada um é único, pois é curador. Esses seis artistas, a gente percebe a luta e o esforço para gerar uma transcendência. Eu acredito que quem aprende a olhar uma obra de arte, amplia seu repertório cultural e de vida de forma saudável. A nossa cidade é rica nessa manifestação artística, pois promovem o espírito crítico. A Associação tem o compromisso de mostrar o valor estético dos seus entes”.
Serviço
O que: Mostra coletiva da Associação dos Artistas Plásticos de Bento Gonçalves
Período de visitação: até 30 de março
Horário: 8h às 17h
Onde: Fundação Casa das Artes – Rua Herny Hugo Dreher, 127, bairro Planalto