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A endometriose é uma doença inflamatória crônica que afeta mulheres em idade reprodutiva e pode impactar significativamente a qualidade de vida e a fertilidade. Durante o mês de março, a campanha do Março Amarelo busca conscientizar a população sobre os sintomas, diagnóstico e tratamento dessa condição.

Estima-se que a endometriose afete cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva no Brasil, o que representa aproximadamente 7 milhões de brasileiras. Em 2021, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou mais de 26,4 mil atendimentos relacionados à doença e cerca de 8 mil internações.

Os principais sintomas da endometriose incluem cólicas menstruais intensas, dor crônica na região pélvica, desconforto durante a relação sexual, alterações intestinais e urinárias no período menstrual e dificuldades para engravidar. A doença ocorre quando um tecido semelhante ao endometrial cresce fora do útero, podendo afetar órgãos como ovários, bexiga e intestino.

A docente da Estácio Porto Alegre, Lucélia Cardoso, da área de Enfermagem, destaca a importância da atenção aos sinais da doença: “O check-up de rotina é fundamental para a detecção precoce de anormalidades no sistema reprodutivo feminino, prevenindo consequências que podem afetar a qualidade de vida e a fertilidade”.

O diagnóstico da endometriose envolve consulta clínica, exame físico e exames complementares, como ultrassonografia, ressonância magnética e, em alguns casos, laparoscopia para confirmação.

Classificação, tratamento e prevenção 

A endometriose pode ser classificada em diferentes tipos, dependendo do local afetado. Pode ser superficial (peritoneal) quando atinge o peritôneo; ovariana se forma cistos nos ovários; profunda, que compromete órgãos como bexiga e intestino e adenomiose, quando invade a camada muscular do útero.

O tratamento varia de acordo com a gravidade dos sintomas e os objetivos reprodutivos da paciente. Entre as opções estão o uso de analgésicos, terapia hormonal e procedimentos cirúrgicos para remoção dos tecidos comprometidos. Em casos mais graves, pode ser necessária a histerectomia (retirada do útero).

Lucélia Cardoso enfatiza a necessidade de um atendimento multidisciplinar: “O suporte de profissionais da área médica, enfermagem, fisioterapia pélvica, nutrição e psicologia é essencial para um melhor manejo da condição”.

Para mulheres que desejam engravidar, a fertilização in vitro (FIV) pode ser uma alternativa viável, dependendo do quadro clínico.

Mas vale destacar que hábitos saudáveis podem contribuir para o controle da endometriose. A adoção de uma alimentação equilibrada, rica em ômega-3, frutas, verduras e fibras, associada à prática de atividades físicas regulares, pode auxiliar na redução da inflamação e dos sintomas da doença.

O Março Amarelo reforça a necessidade de abrir espaço para o debate sobre a endometriose e incentivar o diagnóstico precoce. Muitas mulheres ainda enfrentam barreiras para falar sobre os sintomas por receio ou desconhecimento, o que pode retardar o início do tratamento.

“Discutir o tema ajuda na disseminação do conhecimento e incentiva a busca por atendimento adequado. O diagnóstico precoce é fundamental para reduzir os impactos da doença na vida da mulher”, conclui Lucélia Cardoso.