Foto: Rodrigo Santoro e Denise Weinberg em cena de 'O Último Azul', de Gabriel Mascaro - Divulgação

O filme “O Último Azul”, do cineasta Gabriel Mascaro, ganhou o Urso de Prata do Grande Prêmio do Júri no Festival de Berlim, na tarde deste sábado (22), considerado o segundo maior prêmio do evento, atrás apenas do Urso de Ouro, que foi para o norueguês “Drommer”, de Dag Johan Haugerud.

É a primeira vez que um filme nacional leva o Grande Prêmio do Júri desde 1978, quando “A Queda”, de Ruy Guerra e Nelson Xavier, foi laureado. O Brasil já levou o Urso de Ouro em duas ocasiões —com “Central do Brasil”, em 1998, de Walter Salles, e com “Tropa de Elite”, em 2008, de José Padilha.

A premiação impulsiona a atenção internacional aos filmes brasileiros há uma semana da cerimônia do Oscar, no próximo domingo (2), quando “Ainda Estou Aqui” compete pelas estatuetas de melhor filme, melhor atriz e melhor filme internacional.

Mascaro, diretor dos célebres “Boi Neon” e “Ventos de Agosto”, subiu ao palco do Berlinale Palast com seus atores principais, Denise Weinberg e Rodrigo Santoro, e agradeceu ao júri, presidido pelo diretor americano Todd Haynes.

Foto: O diretor Gabriel Mascaro, ao centro, com os atores Rodrigo Santoro e Denise Weinberg, de ‘O Último Azul’, filme que ganhou o Grande Prêmio do Júri no Festival de Berlim – Ronny Hartmann/Pool via Reuters

O filme de Mascaro imagina um país que despacha idosos a partir dos 75 anos para colônias, que soa como eufemismo de um governo de slogans e publicidade. A protagonista, Tereza, vivida por Weinberg, prestes a ser exilada, resolve fazer uma coisa que nunca fez na vida e, para tanto, parte em uma jornada pelo único caminho clandestino que lhe restou, os rios amazônicos.

Com uma participação pontual, Santoro dá lastro internacional ao filme no papel de Cadu, um barqueiro que aparece no caminho de Tereza. A obra, exibida nos primeiros dias do evento, era uma das favoritas da competição, liderando em avaliações positivas nas tabelas de críticas de revistas como a Screen International.

“Quando o cinema brasileiro independente recebe um reconhecimento dessa relevância, a maior vencedora é a nossa cultura. É emocionante representar o Brasil num filme que nos convida a reeducar o olhar para um tema tão urgente”, declarou o ator.

A produção brasileira foi reconhecida ainda com os prêmios do Júri Ecumênico, que reconhece obras com mensagens espirituais, e o do júri de leitores do Berliner Morgenpost, um dos jornais mais tradicionais da capital alemã.

Na competição principal da Berlinale, o Brasil também já foi destaque com três brasileiras que levaram o prêmio de melhor atriz —Fernanda Montenegro, por “Central do Brasil”, Marcélia Cartaxo, por “A Hora da Estrela”, em 1986, e Ana Beatriz Nogueira, por “Vera”. Já os curtas nacionais “Ilha das Flores”, de 1990, e “Manhã de Domingo”, em 2022, venceram a principal competição do evento.

Veja as premiações principais:

URSO DE OURO
“Drommer”, de Dag Johan Haugerud

GRANDE PRÊMIO DO JÚRI
“O Último Azul”, de Gabriel Mascaro

PRÊMIO DO JÚRI
“El mensaje”, de Iván Fund

MELHOR DIREÇÃO
Huo Meng, por “Living the Land”

MELHOR ATUAÇÃO PRINCIPAL
Rose Byrne, por “If I Had Legs I’d Kick You”

MELHOR ATUAÇÃO COADJUVANTE
Andrew Scott, por “Blue Moon”

MELHOR ROTEIRO
Radu Jude, por “Kontinental ’25”

MELHOR CONTRIBUIÇÃO ARTÍSTICA
Lucile Hadzihalilovic pelo conjunto do filme “La Tour de Glace”

Fonte: Folha de São Paulo