Você sabia que temos vários tipos de fome? De acordo com o Mindful Eating – em livre tradução “comer conscientemente”, prática que prega maior atenção na hora das refeições -, o ambiente e a situação em que estamos também influenciam nossa forma de comer.
Existem pessoas, por exemplo, que apreciam degustar a comida bem devagarinho, têm prazer em comer, em curtir cada pedaço e cada sabor. Essa é a chamada “fome da boca”, que busca sabores prazerosos para “matar” seu desejo.
O paladar pode variar muito para cada pessoa e é agradável, neutro ou desagradável, dependendo das tradições culturais, familiares, genéticas, hábitos que se formam, momentos que experimentou determinada comida e como estava se sentindo, ou se estava doente, por exemplo. Temos muitas influências para determinar nosso paladar e prazer em comer.
Paladar que muda
Quando viajamos para outras regiões do Brasil podemos perceber como as influências são fortes no preparo dos pratos e nos hábitos da população. Tem locais que as comidas são mais apimentadas, tem uma variedade de frutos do mar, frutas que são mais comuns em algumas regiões, costumes com tipos e cortes de carne, doces típicos etc.
Um exemplo de um fator genético é a aceitação do coentro. Na grande maioria existe a aceitação dessa erva, mas 10% da população detesta, e isso pode ser por um traço hereditário. É interessante pensar que tantas coisas podem influenciar o que gostamos ou não de comer e como vamos criando nossos hábitos pessoais.
O paladar pode variar ao longo de nossa vida e também podemos alterar padrões, incluindo novos sabores, tipos de comidas, nos permitindo experimentar coisas novas. Quando crescemos, podemos recordar hábitos que tínhamos na infância e foram alterados.
De alguma forma existia uma memória sobre um alimento e, provando de uma nova forma, pode-se descobrir que gosta daquela comida. Pare um momento e relembre se tem alguma comida que não gostava e mudou. O que lhe fez mudar?
Como praticar o Mindful Eating?
Note as sensações, como o tipo de textura: algo macio como um purê, ou mais duro como a cenoura crua; tomar uma sopa ou comer algo para mastigar; alimentos mais quentes ou frios; apimentados ou suaves; salgado ou adocicado.
Investigue com curiosidade o que sua boca está buscando, percebendo os sinais que ela te mostra para escolher certo alimento. Parar um tempo e levar a atenção para notar o que seu corpo lhe pede é muito importante, assim não saímos comendo sem prestar atenção e no final estamos insatisfeitos.
Ao comer, note os sabores e sensações daquela mordida. Descanse os talheres enquanto está mastigando e engolindo. Só depois de engolir, escolha o que quer na próxima garfada.
Pode pausar algumas vezes para notar como está a fome da boca. Mudou algo ao longo da refeição? Ela quer mais ou já está satisfeita?
-Deixe as distrações de lado como TV, celular, livro, jornal. Se possível, busque fazer a prática em silêncio, assim pode perceber mais as sensações na boca e nos demais sentidos.
-Algo interessante para notar é se a boca está com sede. Muitas vezes podemos confundir a sensação de fome ou querer algo na boca, com sentir sede. Experimente tomar água, um chá ou suco e esperar um pouco. Veja como ficam as sensações.
-Sinta também como está seu estômago e o quanto vai enchendo ao longo da refeição. Como é este diálogo com a fome da boca para resolver comer mais ou parar.
-A cada refeição você poderá praticar e ir notando como sua fome da boca está lhe dando sinais. Estar ciente das sensações enquanto comemos nos traz um grande prazer.
-Experimente!
Fonte: Metro Jornal/ Foto: Divulgação