Foto: Leonardo Tavares, no bairro Mathias Velho/Gideon Mendel

Em meio ao cenário trágico da enchente de maio deste ano, Gideon Mendel, fotógrafo sul-africano radicado em Londres, chegou a Porto Alegre com sua câmera fotográfica em mãos. O artista viajou para cá com um objetivo claro: registrar a maior tragédia climática do Rio Grande do Sul.

Nos dias 14 e 15 de agosto, a Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ) e o Centro Cultural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre, abrem a exposição “Reflexos da Emergência”, que mostra ao público o trabalho fotográfico realizado pelo artista no Estado e em outros países do mundo, como Tailândia, Nigéria, Estados Unidos, França, Inglaterra e Paquistão. Reconhecido internacionalmente, Gideon já foi premiado seis vezes pelo World Press Awards, um dos mais relevantes na categoria.

Na CCMQ (Rua dos Andradas, 736), instituição da Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), o lançamento da exposição acontece no dia 14 de agosto, às 18h30min, junto ao evento oficial de reabertura da Casa. O público poderá ver a vida dos gaúchos afetados pela enchente através das lentes de Mendel em fotografias de grande formato, penduradas na fachada da CCMQ. Na sua passagem por aqui, ele fotografou bairros como Centro Histórico, região das Ilhas e Vila dos Papeleiros, em Porto Alegre, e Mathias Velho, em Canoas. A entrada é franca.

No Centro Cultural da UFRGS (Rua Eng. Luiz Englert, 333), a inauguração da mostra será no dia 15 de agosto, às 19h. Exibidas na Sala Nogueira, o público poderá visualizar imagens de prédios históricos da capital que ficaram submersos pela água. Lado a lado a fotografias de outros continentes, atingidos por tragédias semelhantes, os espectadores terão uma dimensão do projeto Drowning World (Mundo afogado), já realizado por Gideon em mais de 10 países. A entrada também é gratuita.

O projeto conta, ainda, com a realização de uma chamada aberta para fotógrafos e artistas locais que registraram a inundação. Os profissionais selecionados participarão de uma experiência de edição de fotos coletiva, guiada por Gideon Mendel, a ser realizada em outubro, de forma remota. A intenção é que fotógrafos gaúchos tenham a oportunidade de olhar novamente para as próprias imagens produzidas, com mais tempo e a partir das trocas coletivas.

Para o artista, mostrar as fotografias na cidade é uma parte importante de seu trabalho. “É muito emocionante ver as minhas fotografias expostas na reabertura da Casa de Cultura ao público, assim como exibí-las no Centro Cultural de uma universidade. É como se fechasse um ciclo quando o trabalho retorna para o lugar em que ele foi feito. Desejo que esse encontro com as fotografias possa também significar uma reconstrução, porque sabemos que o impacto foi tanto para as estruturas físicas dos lugares quanto para as estruturas pessoais e emocionais”, explica Gideon Mendel.

A curadoria da exposição é de Anna Ortega, jornalista, artista e produtora local do trabalho de Gideon, e Luísa Kiefer, jornalista, pesquisadora e curadora independente. “Desejamos que a exposição seja uma oportunidade para o público olhar novamente e questionar o nosso senso de estabilidade e segurança, provocando o pensamento sobre o que vem acontecendo diante de nós”, pontuam.

Bio do artista:
Gideon Mendel (África do Sul, 1961) é um fotógrafo, artista e ativista reconhecido internacionalmente. Seus quarenta anos de prática fotográfica socialmente engajada equivalem a um profundo ato de testemunho. Seus projetos são feitos com a intenção de serem úteis, tanto para registrar o mundo em que vivemos, quanto para mudá-lo. Começou a sua carreira como fotógrafo documental tradicional, mas impulsionado pelos imperativos das questões que enfrenta, o seu trabalho tem evoluído consistentemente. Ele nunca se contentou em permanecer preso a um gênero fotográfico.

Ao longo de sua carreira,tem-se levado aos limites da prática fotográfica, desafiando a si mesmo e ao seu público a romper expectativas. Com compaixão e engenhosidade visual, ele capturou a experiência humana por trás de algumas das questões mais significativas que a sua geração enfrenta: desde a luta contra o apartheid na África do Sul até à tragédia e esperança do HIV/AIDS, passando pela nossa emergência climática global.

Nos últimos 17 anos, capturar a experiência humana e os impactos físicos da emergência climática tem sido seu foco, com seus projetos Drowning World e Burning World tecendo fios narrativos complexos para retratá-la. Entre muitos prêmios, Mendel recebeu o primeiro Prêmio Jackson Pollock de Criatividade, o Prêmio Eugene Smith de Fotografia Humanística, o Prêmio Greenpeace Photo, o Prêmio de Mídia da Anistia Internacional e seis World Press Awards. Ele também foi selecionado para o Prix Pictet em 2015 e 2019.

Serviço:
Reflexos da Emergência
Exposição de Gideon Mendel, curadoria Anna Ortega e Luísa Kiefer

Casa de Cultura Mario Quintana
Abertura quarta-feira, 14/08, às 18h30min
Fachada da CCMQ
Rua dos Andradas, 736 – Centro Histórico – Porto Alegre
Visitação de terça-feira a domingo, das 10h às 20h

Centro Cultural da UFRGS
Sala Nogueira
Abertura quinta-feira, 15/08, às 19h
Rua Eng. Luiz Englert, 333 – Campus Centro – Porto Alegre
Visitação até 04/10, de segunda a sexta-feira, das 9h às 19h