Cientistas conectam determinados odores liberados pelo corpo humano com o risco aumentado para algumas doenças, como o diabetes ou a doença de Parkinson
Cada pessoa tem um cheiro próprio e, segundo especialistas, é possível encontrar algumas pistas sobre a saúde de um indivíduo a partir dos odores liberados pelo organismo. Por exemplo, um odor excessivamente doce na urina ou mudanças no hálito podem indicar a necessidade de um exame para diabetes.
O conhecimento de que o cheiro de uma pessoa está conectado com o risco aumentado para determinadas doenças é bastante antigo — existem registros desde a Grécia Antiga deste tipo de análise.
Essas associações entre um tipo de odor e uma doença estão diretamente relacionadas com os produtos químicos, conhecidos como compostos orgânicos voláteis (VOCs), que o corpo libera constantemente. Estes podem ser emitidos pela pele, pelo suor, pela respiração, pela urina ou ainda pelas fezes.
Doenças detectadas pelo cheiro
Se hoje a maioria dos diagnósticos médicos ocorre a partir da análise dos sintomas e de exames de sangue (hemogramas), no passado, a situação era outra.
Os gregos recorriam bastante ao olfato e, ao identificar mau hálito, poderiam associá-lo com doenças do fígado, como a insuficiência hepática. Em outros casos, os indicativos estavam associados ao cheiro do corpo, como é o caso do diabetes.
Cheiro do corpo humano pode ser indictaivo para algumas doenças (Imagem: YuriArcursPeopleimages/Envato)
Foto: Canaltech
Para a ciência moderna, diabetes, doença periodontal (como gengivite ou periodontite), problemas gastrointestinais, refluxo, doenças hepáticas, malária, câncer e até a doença de Parkinson podem ser rastreadas a partir dos odores corporais, do cheiro do suor ao hálito.
Descoberta da doença de Parkinson
Um dos casos mais emblemáticos da análise dos cheiros feita por humanos é o de um homem escocês que foi diagnosticado com a doença de Parkinson, após a esposa detectar mudanças no seu cheiro. Em paralelo, pesquisadores chineses desenvolvem um “nariz eletrônico” para a detecção desta condição neurodegenerativa, que não chegou ao mercado ainda.
Olfato canino
Embora os achados a partir do olfato humano impressionem, é quase impossível superar a capacidade de análise de alguns animais, como o olfato dos cães. Estudos demonstraram que o melhor amigo do homem pode detectar pelo menos 10 doenças ou condições debilitantes diferentes através dos cheiros, como o estresse.
Com base nesses achados, Aoife Morrin, professor associado de química na Dublin City University, aposta que, no futuro, inúmeras doenças serão diagnosticadas através dos cheiros liberados pelo corpo. Hoje, servem apenas como um indicativo da condição.
Pesquisa dos cheiros humanos
Os avanços na capacidade de análise dos compostos liberados pelo corpo têm como marco o ano de 1971, quando o químico estadunidense e ganhador do Prêmio Nobel Linus Pauling listou 250 VOCs presentes na respiração humana.
Hoje, esta lista já conta com centenas de VOCs e, a partir dessa biblioteca, é possível identificar o que foge à regra e pode ser indicativo de alguma doença. Entretanto, isso ainda não ocorre nos consultórios médicos, porque a compreensão dessas alterações não são 100% seguras e precisariam ser feitas por máquinas altamente precisas.
Avanços na área dos odores
Para tornar isso viável, o professor Morrin é um dos cientistas que se dedica a melhorar essa compreensão. Em seu laboratório, o especialista já demonstrou ser possível diferenciar homens e mulheres a partir da acidez média dos VOCs liberados pela pele, usando uma técnica conhecida como espectrometria de massa .
A próxima meta é determinar a idade de um indivíduo através de seus odores, com base nas variações dos níveis de estresse oxidativo. Isso abrirá as portas, para um dia, o cheiro servir como diagnóstico para inúmeras doenças.
Fonte: The Conversation
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