Você já calculou a quantidade de água que consome em um dia? De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), cada pessoa precisa de 110 litros de água diariamente para atender às necessidades de consumo e higiene. Entretanto, no Brasil, são utilizados em média 154 litros de água por brasileiro, sendo 40% a mais do que o necessário.
Nas residências, esse uso é destinado à lavagem de louças, banho, descargas, limpeza de automóveis, entre outros. Com o objetivo de reaproveitar a água, foi criado o projeto “Sistema de limpeza de água não potável para utilização doméstica utilizando a plataforma Arduino”, pelos estudantes Luan Rafael Pereira Santos e Luciano dos Santos Mendes, do nono ano da Escola Municipal Antonino Martins da Silva, e pela aluna Nauany Oliveira da Costa, do sexto ano da mesma escola.
O trabalho, que está sendo desenvolvido há quatro meses, foi apresentado na Feira Ciência Viva deste ano, que ocorreu na Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Luan Santos é bolsista pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por ter uma pesquisa premiada em primeiro lugar na Feira Ciência Viva de 2017. Além disso, ele é integrante no Laboratório Núcleo de Pesquisa em Tecnologias Cognitivas (Nutec/UFU), desde 2016.
No laboratório, Luan trabalha com eletrônica e programação em Arduino – uma plataforma de prototipagem eletrônica open-source que se baseia em hardware e software flexíveis e fáceis de usar -, e recebe orientação do professor Eduardo Kojy Takahashi e do graduando Rener Martins de Moura, do Instituto de Física (Infis/UFU), e do mestrando Hermes Gustavo Fernandes Neri, do Programa de Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática (PPGECM/UFU).
O processo de reaproveitamento
Após o processo realizado nas Estações de Tratamento de Esgoto (Etes), a água está praticamente pronta para o uso. Porém, para que ela não tenha nenhum odor ou partículas de sujeira, é montado um destilador solar em conjunto com um recipiente para armazenar a água decantada. Dentro do recipiente é colocado um outro de tamanho menor, que ocupa metade do espaço interno.
Funciona assim: a água do recipiente maior evapora para a parte superior e, em seguida, é coberta por um plástico transparente com o intuito de alojar as gotículas que foram evaporadas. Conforme as gotas vão se formando e ficando maiores, elas caem dentro do recipiente interno. O próximo passo é enviar esse líquido para a caixa d’água. Para isso, é implantada uma bomba de água de aquário que funciona por meio do aplicativo “Relay 8 Channel Control”.
Para esse aplicativo se comunicar com o sistema, é utilizado o módulo Bluetooth HC-06 que, após pareado com o Bluetooth do celular, envia e recebe os comandos do Arduino – a plataforma que controla todo o sistema. “Usamos, para ligar e desligar as bombas, 220 VAC pelo Arduino e o módulo Bluetooth, que são cinco VDC, um módulo relé. Esse módulo [relé] possui um sistema de eletroímã, que é ativado ao atingir uma determinada voltagem e desativado quando reduz essa voltagem ao mínimo, fazendo o chaveamento dessa tensão acionar as bombas”, detalha Luan Santos.
Após a água ser tratada, ela pode ser reutilizada na máquina de lavar, no chuveiro, na descarga, na lavagem de louças, carros, motos, entre outros. Todavia, ela não pode ser ingerida, visto que, nesse processo de tratamento, ela não passa por filtros químicos como os de flúor e cloro.
O estudante conta que a ideia para o projeto surgiu por meio da leitura de uma matéria da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) que apresentava dados sobre a escassez da água em algumas regiões do Brasil. “Com a reflexão e discussão deste artigo, chegamos à conclusão que criaríamos um meio de limpeza de água. Aos poucos foram surgindo ideias para ser criada e montada”, afirma.
A premiação em 2017
No ano passado, Luan Santos apresentou outro trabalho na Feira Ciência Viva. O projeto chamado “Análise da absorção de luz em superfícies claras e escuras utilizando a plataforma Arduino” foi criado em conjunto com o laboratório Nutec, com o objetivo de demonstrar a diferença na absorção da luz entre o ambiente branco e o preto, bem como a diferença de temperatura em ambos. “Usamos também o Arduino e um sensor de temperatura LM35 para medir as temperaturas dos ambientes e enviá-las para o computador através do Arduino, mostrando no serial monitor a temperatura dos dois sensores de temperatura”, conta o estudante.
Fonte: dirco.ufu.br / Foto: Reprodução Internet