Mais um ano está acabando, mas 2023 não foi um ano comum. Os cientistas de diversas áreas realizaram descobertas impressionantes que serão recordadas nos livros de história em um futuro distante. A partir de novos dados coletados, os pesquisadores descobriram mais informações sobre os ancestrais da humanidade, sobre o nosso planeta e, principalmente, sobre o que está lá fora no espaço.
No dia 25 de dezembro, o Telescópio Espacial James Webb (JWST) completa dois anos do seu lançamento no Centro Espacial de Kourou, na Guiana Francesa. Desde que foi lançado nos confins do espaço, o observatório já foi utilizado para dezenas de descobertas científicas. Por exemplo, o Webb detectou água no sistema estelar PDS 70, um dos elementos essenciais para a formação da vida como conhecemos — a região está localizada a aproximadamente 370 anos-luz da Terra.
As descobertas do ano vão desde novos exoplanetas, passando por grandes aglomerados de estrelas, até a revelação de uma nova compreensão sobre alguns dos planetas do nosso Sistema Solar. Assim como 2023 foi considerado um período de diversas descobertas sobre o Sistema Solar, a Via Láctea e no universo como um todo, o próximo ano deve ser ainda mais movimentado.
“A missão da NASA é explorar o desconhecido no ar e no espaço, inovar para o benefício da humanidade e inspirar o mundo através da descoberta. A NASA mostrou ao mundo que tudo é possível em 2023”, a NASA descreve.
Para explicar um pouco melhor sobre algumas das grandes descobertas científicas no espaço em 2023, o TecMundo reuniu uma lista com informações de agências espaciais, astrônomos e outros especialistas da área. Confira.
Sistema com seis planetas
Há pouco menos de um mês para acabar o ano, uma equipe de cientistas da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, revelou a descoberta de um sistema com seis planetas, semelhante ao Sistema Solar.
A partir de dados dos satélites Transiting Exoplanet Survey Satellite (TESS), da NASA, e do CHaracterizing ExOPlanet Satellite (Cheops), da ESA, os pesquisadores conseguiram detectar os objetos cósmicos definidos como planetas ‘sub-netunos’ — esse tipo de planeta é caracterizado por ser maior que a Terra, mas menor do que Netuno.
O sistema dos seis planetas está a aproximadamente 100 anos-luz de distância da Terra, na constelação norte de Coma Berenices, e orbitam a estrela nomeada de HD110067.
“É ideal para estudar como os planetas são criados, porque esse sistema solar não teve o início caótico que o nosso teve e não foi afetado desde a sua formação. Esta descoberta vai se tornar um sistema de referência para estudar como os sub-Netunos, o tipo mais comum de planetas fora do sistema solar, se formam, evoluem, de que são feitos e se possuem as condições certas para sustentar a existência de água líquida em suas superfícies”, disse o líder do estudo, Rafael Luque.
17 exoplanetas com oceanos e gêiseres de água
Um estudo publicado na revista científica The Astrophysical Journal sugere que uma equipe de astrônomos detectou 17 exoplanetas que podem oferecer um dos ingredientes indispensáveis para a vida: a água líquida. Mais do que isso: os cientistas afirmam que os objetos cósmicos podem incluir camadas de gelo, oceanos de água líquida e gêiseres.
Apesar de estarem em uma região distante e fria, o estudo explica que a temperatura interna dos exoplanetas pode manter o aquecimento necessário para criar um oceano que poderia propiciar a vida.
Apesar de ser um oceano interno, possivelmente, a água poderia romper a camada de gelo e ser lançada por gêiseres na superfície. Apesar de ser um oceano interno, possivelmente, a água poderia romper a camada de gelo e ser lançada por gêiseres na superfície.
“Nossas análises preveem que esses 17 mundos podem ter superfícies cobertas de gelo, mas recebem calor interno suficiente da decomposição de elementos radioativos e forças de maré de suas estrelas hospedeiras para manter oceanos internos. Graças à quantidade de calor interno que experimentam, todos os planetas em nosso estudo também podem apresentar erupções criovulcânicas na forma de plumas semelhantes a gêiseres”, disse uma das autoras do estudo, Dra. Lynnae Quick, do Centro de Voo Espacial Goddard da NASA.
Oxigênio em Venus
De acordo com dados coletados pelo Observatório Estratosférico de Astronomia Infravermelha da NASA, foi detectada uma fina cama de oxigênio molecular na atmosfera de Vênus. É importante destacar que não se trata de um sinal de vida no planeta, apenas de uma reação química que ocorre quando a radiação solar promove a decomposição de dióxido e monóxido de carbono na atmosfera.
Em outras palavras, são átomos de oxigênio que não são adequados para os humanos e outros seres vivos respirarem.
Não é a primeira vez que astrônomos detectam oxigênio em Vênus, mas a segunda; isso confirma que a atmosfera do planeta produz realmente o elemento químico.
“O oxigênio atômico é concentrado em altitudes em torno de 100 km, com uma densidade de coluna máxima no lado diurno, onde é gerado pela fotólise do dióxido de carbono e monóxido de carbono. Este método permite investigações detalhadas da atmosfera venusiana na região entre os dois padrões de circulação atmosférica, em apoio a futuras missões espaciais para Vênus”, descreve o estudo publicado na revista científica Nature Communications.
Mercúrio está encolhendo
Em outubro, um novo artigo descreveu que as ‘rugosidades’ na superfície de Mercúrio são evidências de que o planeta está continuamente encolhendo ao longo do tempo. Os dados sugerem que, desde sua formação, Mercúrio encolheu significativamente — essas rugosidades são como ‘declives’ que surgiram com a contração e redução que o planeta sofreu ao longo dos anos.
Alguns desses ‘declives’ mais recentes têm até 300 milhões de anos, um período recente em comparação com a data de formação do objeto cósmico.
Os cientistas ainda não sabem até quando Mercúrio pode continuar encolhendo, por isso, eles pretendem continuar coletando dados; a imagem apresenta os ‘declives’ no planeta.
Os cientistas ainda não sabem até quando Mercúrio pode continuar encolhendo, por isso, eles pretendem continuar coletando dados; a imagem apresenta os ‘declives’ no planeta.
“Devido ao encolhimento do interior de Mercúrio, sua superfície (crosta) tem progressivamente menos área para cobrir. Em resposta a isso, desenvolve “falhas de empuxo” — onde uma faixa de terreno é empurrada sobre o terreno adjacente. Isso é semelhante às rugas que se formam em uma maçã à medida que envelhece, exceto que uma maçã encolhe porque está secando, enquanto Mercúrio encolhe devido à contração térmica de seu interior”, disse o geólogo e coautor de um estudo sobre o tema, David Rothery, em um artigo escrito para o site The Conversation.
Buraco negro mais distante e antigo
Há alguns anos, os cientistas conseguiram fotografar um buraco negro pela primeira vez; isso mostra que ainda estamos engatinhando no estudo sobre o tema. No início de 2023, astrônomos conseguiram detectar o mais distante e mais antigo buraco negro já detectado, nomeado de CEERS 1019.
Com auxílio do Telescópio James Webb, foi descoberto que o objeto cósmico surgiu aproximadamente 570 milhões de anos após a explosão do Big Bang. Embora, ainda há muitas dúvidas sobre como um buraco negro surgiu tão rapidamente após o início do universo.
O buraco negro CEERS 1019 está localizado na galáxia EGSY8p7 e, por enquanto, é considerado o objeto mais antigo da categoria.
“Encontramos o núcleo galáctico ativo (NGA) mais distante e o buraco negro mais distante e antigo que já encontramos. No momento, eu estava meio que pensando, olhe para tudo o que podemos ver com o JWST, vimos toda essa parte do espectro desta galáxia — e de qualquer galáxia no início do Universo — que nunca vimos antes. Fiquei simplesmente impressionado com a quantidade de informação”, disse a astrofísica e autora do estudo, Rebecca Larson, da Universidade do Texas em Austin, em mensagem ao site Science Alert.
Fonte: TecMundo